O apartamento estava quieto quando entrei, e o silêncio parecia mais profundo do que o habitual depois da conversa com Jenna. Fechei a porta e senti o familiar clique da fechadura, um som que ecoava no espaço vazio. Deixei a bengala encostada ao lado da porta, respirei fundo e caminhei lentamente até o centro da sala, onde meu "caos" vivia. O cheiro de tinta seca e telas inacabadas me envolveu como um velho amigo. A presença reconfortante de meu espaço, onde as emoções tomavam forma em texturas e camadas, acalmou meu coração que ainda batia um pouco acelerado.
Eu ainda estava tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Esbarrar em Jenna Ortega, alguém cuja voz e energia haviam trazido uma sensação inesperada de familiaridade, parecia surreal. O mundo que havia construído para mim, desde o acidente, era recluso e controlado, até aquela noite. E agora, de repente, o destino parecia ter outras ideias.
Fui até a mesa onde deixava minhas ferramentas, sentindo a madeira fria sob meus dedos, e toquei uma das telas que comecei dias atrás. A textura rugosa me dizia que estava inacabada, esperando por algo que eu ainda não tinha encontrado.
"Talvez seja essa a cor que falta", pensei. A presença de alguém novo, alguém como Jenna. Ela trouxe uma leveza que eu não sentia há tempos.
Suspirei, puxei uma cadeira e me sentei. Passei a mão pela superfície da mesa, localizando meus pincéis com facilidade, e então comecei a trabalhar. A música suave de fundo que tocava no apartamento se misturava com os sons familiares do movimento do pincel contra a tela. Era minha rotina de sempre, mas algo dentro de mim havia mudado. Algo mais vivo, pulsante.
Enquanto pintava, os pensamentos sobre Jenna não desapareciam. Seu riso, as palavras gentis, e a oferta de voltar... De repente, o isolamento que eu havia me imposto não parecia mais tão confortável. Será que eu estava pronta para isso? Para deixar alguém se aproximar? Deixar alguém ver além da cegueira e das barreiras que levantei para me proteger?
Algumas horas se passaram antes de eu me dar conta, e o cansaço finalmente começou a pesar sobre mim. O relógio fazia seu tique-taque suave, marcando o fim de mais uma noite. Terminei de limpar os pincéis e fui em direção ao quarto. A cama me recebia com um conforto familiar, mas, pela primeira vez em muito tempo, meus pensamentos estavam longe, em outra pessoa.
Jenna Ortega. O nome continuava ecoando, como se estivesse prestes a mudar algo em mim.
[...]
Na manhã seguinte, acordei com a luz suave entrando pela janela, não que fizesse muita diferença para mim, mas o calor que sentia no rosto indicava que o dia já havia começado. Levantei-me e fiz minha rotina matinal em silêncio, como sempre. Tomei um café rápido e voltei para a sala de estar, onde as telas secavam, esperando para serem terminadas. Toquei a pintura da noite anterior, percebendo a suavidade de algumas camadas e a aspereza de outras. Mesmo sem poder ver o que tinha criado, sabia que estava diferente. Jenna de alguma forma influenciara meu trabalho.
Enquanto pensava nisso, ouvi um som vindo do meu celular. Uma notificação. Uma mensagem? Estranhei, já que raramente recebia algo fora das atualizações de aplicativos ou alertas de notícias. Com cautela, peguei o telefone e ativei o leitor de tela.
Era uma mensagem de um número desconhecido.
"Bom dia, Julia! Espero que tenha dormido bem. Fiquei pensando em como nossas vidas se esbarraram ontem e... bem, seria muito estranho te chamar para um café hoje? Se você tiver tempo, claro. - Jenna."
Fiquei imóvel por um momento, surpresa. Ela realmente havia me mandado uma mensagem. Não era apenas uma conversa casual que desapareceria na noite anterior. Era real. E agora, ela estava propondo algo mais.
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AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!
ФанфикJulia HolloWay perdeu a visão em um acidente que mudou sua vida para sempre. Antes, as cores e formas eram sua paixão; agora, a pintura se tornou um refúgio, uma maneira de expressar tudo o que sente, mesmo sem enxergar. Ela aprendeu a criar mundos...