CAPÍTULO 10 - ARTHUR

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A ausência de Jenna se instalou ao meu redor como uma névoa densa. A música que antes soava suave agora parecia distante, e o ambiente se tornava mais escuro a cada segundo que passava. Eu estava sozinha, com a cabeça cheia de pensamentos e o coração em frangalhos. Aquele momento, que deveria ser um marco de felicidade por sua nova vida, agora se tornara um eco da dor que eu carregava.

Permaneci sentada por um tempo, tentando processar o que havia acabado de acontecer. O toque suave de sua mão ainda queimava em minha pele, e mesmo que o ar ao meu redor estivesse gelado, eu sentia um calor residual que não queria desaparecer. A sensação de perda era sufocante, e a ideia de que as coisas nunca seriam como antes me deixava paralisada.

Cada canto do meu apartamento parecia vazio, e a ideia de ser feliz sem Jenna era quase impossível de conceber. Lembrei-me da promessa que fiz a mim mesma de que faria a cirurgia, de que um dia veria o mundo novamente, mas agora a urgência desse desejo se esvaía. Para que ver, se o que eu realmente queria não estava mais ao meu alcance?

Nos dias seguintes, mergulhei em minha arte. Pintar sempre foi meu refúgio, e talvez, agora, eu pudesse usar essa dor como combustível criativo. Mas cada pincelada era como uma tentativa falha de capturar a essência de Jenna, de guardar em cores tudo o que eu não podia mais tocar. A tela se enchia de sombras e luzes, mas nenhuma combinação de tintas conseguia retratar a complexidade do que sentia. Cada quadro se tornava um lamento silencioso, uma homenagem àquilo que perdia.

[...]

Uma semana se passou. O mundo à minha volta continuava a girar, e eu me sentia presa em um momento atemporal. As redes sociais eram uma constante lembrança do novo relacionamento de Jenna, e cada noticia sua com o novo namorado me feriu um pouco mais, a dor se tornava mais familiar. Eu me questionava se um dia conseguiria seguir em frente ou se ficaria presa àquelas memórias.

Foi em uma noite especialmente solitária que meu telefone vibrou. Um alerta de mensagem. Era uma notificação de Jenna. Meu coração disparou. Hesitei por um instante, o medo do que ela pudesse ter a dizer me paralisou. Mas a curiosidade e a saudade me impulsionaram a abrir a mensagem.

"Oi! Espero que você esteja bem. Eu só queria te avisar que eu estou indo a um show esta semana. Seria incrível se você pudesse ir. Estarei lá com algumas amigas, e adoraria te ver. Não precisa se sentir pressionada, mas... me faz falta ter você por perto."

As palavras dela, mesmo tão simples, foram um bálsamo e um veneno ao mesmo tempo. Um convite, uma possibilidade de reconexão, mas também um lembrete da distância que agora existia entre nós. Por um lado, eu queria desesperadamente ir e vê-la novamente, ouvir sua risada, sentir sua presença. Mas por outro, o medo de me machucar mais era avassalador.

Decidi que precisava de tempo para pensar. No entanto, o desejo de vê-la, de ver como ela estava, de saber se ainda existia alguma faísca entre nós, crescia a cada dia. No fundo, eu sabia que não poderia simplesmente deixar essa oportunidade passar. A vida era feita de riscos, e talvez fosse hora de eu arriscar um pouco.

No dia do show, preparei-me com cuidado. Escolhi um vestido que sempre amei, um que me lembrava momentos felizes e que me fazia sentir bem. A confiança ainda não estava lá, mas a expectativa era maior que o medo.

Quando cheguei ao local do show, o ambiente pulsava com a energia das pessoas. A música vibrava no ar, e cada passo em direção à entrada parecia carregar um peso emocional. Entrei e imediatamente fui envolvida pela atmosfera vibrante. O cheiro de pipoca e a excitação no ar eram quase contagiosos.

Com a bengala me guiando, tentava não esbarrar em ninguém.

- Julia! Aqui! - me virei na direção em que a voz vinha e fui em passos lentos. Eu não precisava enxergar pra ver o sorriso genuíno que estava estampado em seu rosto. - Você veio... Eu não acreditei que você realmente viria.

AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!Onde histórias criam vida. Descubra agora