Minha mente congelou ao ouvir aquelas palavras. Era como se o mundo ao meu redor tivesse se transformado em um borrão indistinto, um espaço vazio onde apenas a voz de Jenna ecoava com a frieza dura da realidade. Claire... morta? Como isso poderia ter acontecido? Por mais que minha intuição tivesse gritado que algo não estava certo com ela, jamais desejei algo assim. Jamais quis que Jenna voltasse para casa coberta pelo sangue de uma amiga.
Lutei para processar as palavras enquanto o cheiro de sangue se intensificava no ar, revirando meu estômago. Cada detalhe, o som sutil de sua respiração trêmula, o modo como sua voz falhou, tudo me contava mais do que eu conseguia ver. Eu queria desesperadamente poder ver seu rosto, encontrar alguma pista, mas apenas o vazio visual me recebia. Tudo que me restava era o que meus outros sentidos podiam captar.
Ergui a mão lentamente, buscando o rosto dela no escuro. Meus dedos tocaram sua pele fria, e senti como se estivesse à beira de um precipício, onde qualquer palavra errada poderia nos derrubar ainda mais.
- Jenna... o que aconteceu? - perguntei, tentando manter a voz firme, mas falhando.
Ela se encolheu sob o meu toque, e ouvi o som contido de um soluço, algo tão raro vindo dela que quase me fez recuar. Minha mente se enchia de possibilidades e perguntas, todas girando sem rumo, mas o principal era saber o que ela estava sentindo. Sabia que aquele peso não era apenas choque. Algo mais estava perturbando Jenna.
- Eu... não sei como explicar - ela finalmente disse, a voz um fio de desespero. - Eu cheguei lá e... E tinha vários polícias na frente da casa dela... Eu estranhei... Eu perguntei pra uma policial...
Ao ouvir as palavras de Jenna, senti uma corrente de adrenalina percorrer meu corpo, junto com uma sensação de impotência sufocante. Cada detalhe do que ela dizia era como uma peça de quebra-cabeça que eu não podia ver, mas que precisava desesperadamente entender.
Eu queria segurar sua mão, dar a ela algum tipo de conforto, mas algo me impedia. Era o medo da verdade que vinha junto com o sangue em sua roupa, a dor em sua voz. Enchi os pulmões de ar e murmurei, tentando manter a calma:
- Jenna... o que aconteceu exatamente? Quem te contou o que houve?
Ela respirou fundo, e a hesitação em seu silêncio era ensurdecedora. Era como se estivesse a ponto de se abrir, mas ao mesmo tempo se segurando, talvez para me proteger, talvez para evitar algo que nem ela conseguia processar. Depois de alguns segundos, sua voz voltou, mais frágil do que eu já a tinha ouvido.
- Eu perguntei para uma das policiais, mas ela só disse que... foi uma cena horrível. - sua voz tremeu, e percebi que estava revivendo o que tinha presenciado, como se as imagens estivessem marcadas na sua mente. - Eu me ajoelhei ao lado do corpo da Claire, ela estava fria e pálida... Mas me afastaram, e ela só disse que Claire... Claire foi... brutalmente assassinada.
Essas últimas palavras pesaram no ar, transformando o espaço ao nosso redor em um vazio opressivo. Não consegui segurar o aperto que surgiu no meu peito, a mistura de choque e pesar se acumulando dentro de mim. A raiva por Claire ter nos afastado, a desconfiança que eu sentia, tudo se misturava ao pesar de saber que, agora, era tarde demais para qualquer chance de redenção ou entendimento entre nós.
Jenna deu um passo para trás, e o som de sua respiração descompassada preenchia o silêncio da sala. Sentia que ela estava tentando se afastar não só de mim, mas de toda a situação, tentando processar uma realidade que parecia surreal demais.
- Primeiro o Arthur some sem nenhuma explicação, e agora... E agora a minha melhor amiga está morta.
- Jenna... - tento toca-lá, mas ela se afasta.
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AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!
Fiksi PenggemarJulia HolloWay perdeu a visão em um acidente que mudou sua vida para sempre. Antes, as cores e formas eram sua paixão; agora, a pintura se tornou um refúgio, uma maneira de expressar tudo o que sente, mesmo sem enxergar. Ela aprendeu a criar mundos...