CAPÍTULO 20 - VERDADE OU MENTIRA?

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Enquanto andava pelas ruas, a cidade parecia ser envolvida por uma estranha quietude. Cada som era abafado, e o habitual movimento das pessoas ao meu redor se misturava com a sensação desconfortável de que algo me seguia. O som dos carros passava ao longe, mas minha atenção estava focada em qualquer sinal próximo, passos apressados, vozes sussurradas ou até o bater de asas de um pássaro. Ainda assim, por mais que eu tentasse me convencer de que estava sozinha, aquela presença parecia me cercar, mesmo no meio do caos da cidade.

Eu sentia o suor em minhas mãos, o cabo da bengala escorregando um pouco nos dedos enquanto apertava firme, tentando controlar o nervosismo que dominava cada célula do meu corpo. Meu coração estava acelerado, e os passos rápidos faziam ecoar o som da bengala batendo no chão, uma espécie de metrônomo que guiava meu caminho e tentava me manter no controle.

Apressando o passo, senti a brisa fria da tarde tocar meu rosto, o que me trouxe um breve momento de clareza. "Talvez seja só minha imaginação", pensei, tentando aliviar a tensão. Mas logo essa calma foi interrompida quando senti um leve toque nas costas. Era um toque sutil, como se alguém apenas quisesse me lembrar que estava lá, e um arrepio percorreu minha espinha.

Virei-me imediatamente, mas tudo que meus olhos captavam eram borrões indistintos, sombras que se mesclavam ao fundo. Engoli em seco, com a respiração acelerada.

- Desculpa moça, estou atrasado. - disse um homem passando por mim.

Continuei andando, agora com a sensação de que cada passo me levava mais perto de uma verdade que eu ainda não conseguia enxergar, mas sabia ser perigosa.

Quando finalmente cheguei ao meu prédio, senti um alívio temporário. Atravessei o saguão, tentando ignorar o sentimento de estar sendo observada. Deslizei a mão pela parede ao lado do elevador, tentando manter a calma enquanto apertava o botão. O som das portas se abrindo me trouxe um breve conforto, e entrei rapidamente, pressionando o botão do meu andar. As portas se fecharam, e pela primeira vez, me permiti respirar profundamente.

No entanto, ao chegar ao meu andar e sair do elevador, o silêncio do corredor parecia mais assustador do que qualquer ruído. Cada som, por menor que fosse, era amplificado, e a tensão no ar era palpável. Respirei fundo, tentando acalmar meu coração, e comecei a andar em direção ao meu apartamento.

Quando girei a chave e entrei, o cheiro familiar do lugar trouxe um breve alívio. Fechei a porta atrás de mim e, por precaução, travei todas as trancas, ainda com a sensação de estar sendo vigiada. Tomei um momento para escutar, na esperança de que o silêncio pudesse me dar respostas.

Deixei a bengala próxima à porta e andei até o quarto. Me sentei na beira da cama, tentando acalmar meus pensamentos. Mas a paz durou pouco: um ruído, baixo e constante, soava do corredor. Era como se alguém estivesse arrastando algo pelo chão. Meu corpo congelou, a tensão era tamanha que mal conseguia respirar.

Sem ter muita escolha, levantei-me e segui na direção do som. Meus passos eram calculados, cautelosos, e a respiração estava controlada, mas o coração batia descompassado. Quando cheguei à porta, encostei o ouvido na madeira, tentando captar qualquer detalhe que pudesse esclarecer o que estava acontecendo.

Nada.

Virei a maçaneta, abrindo a porta devagar, e o som cessou. Fiquei parada por um momento, tentando entender. A escuridão do corredor parecia mais densa, como se houvesse algo ou alguém à espreita, invisível aos meus olhos. Engoli em seco e dei um passo à frente, chamando baixinho:

- Tem alguém aí?

Minha voz soou baixa e fraca. O silêncio parecia responder de volta, até que um novo ruído, mais próximo agora, interrompeu o vazio. Dei um passo para trás, segurando a porta com força.

AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!Onde histórias criam vida. Descubra agora