Eu fechei os olhos por um momento, deixando a calmaria que Jenna me oferecia começar a tomar conta de mim. Sua presença era uma âncora firme, um ponto de apoio em um mar revolto de emoções. O peso do medo ainda estava comigo, mas, de alguma forma, era mais fácil suportá-lo quando ela estava ao meu lado, quando sua voz suavemente cortava o silêncio e me lembrava de que eu não estava sozinha.
Senti sua respiração próxima, e o calor de seu corpo à medida que ela se aproximava um pouco mais, como se entendesse que eu precisava desse pequeno gesto de proximidade. Não era como antes, quando eu me sentia invadida ou sufocada. Agora, sua presença era um refúgio seguro, como se ela estivesse disposta a me amparar em meu caos interno.
- Eu... - comecei, minha voz ainda baixa, como se eu temesse quebrar o momento de calma que estava começando a se formar. - Não sei o que está acontecendo, Jenna. Às vezes, a sensação de que há alguém ali, que está bem ali... perto... é tão forte. Eu não consigo explicar isso. Não posso te pedir para entender, mas... eu precisava te contar... Eu sei que tem alguém tentando jogar comigo, e não é coisa da minha cabeça... Eu só não entendo o porquê.
Jenna permaneceu quieta, mas senti sua mão ir em direção ao meu braço, um toque gentil, quase como se fosse um lembrete silencioso de que ela estava ali, cuidando de mim. Um suspiro profundo escapou de mim, e dessa vez não era só o medo que estava presente. Era também a sensação de alívio, de não precisar carregar esse peso sozinha.
- Eu entendo, Julia. - a voz de Jenna estava suave, cheia de compreensão. - E eu vou estar aqui, não importa o que aconteça. Se você precisar falar mais sobre isso, ou se quiser apenas ficar em silêncio, eu... vou ficar com você.
Senti que suas palavras estavam me alcançando de uma maneira diferente agora. Ela não estava tentando me convencer de que tudo isso era uma invenção da minha mente, nem estava me dizendo para simplesmente esquecer. Ela estava aceitando a minha verdade, como ela era, sem pressa de explicar ou justificar nada. E, por mais difícil que fosse para mim aceitar, algo dentro de mim começou a se acalmar com essa aceitação.
Dei um passo à frente, sem realmente saber o que fazer, mas buscando sentir mais de sua presença, um pequeno gesto de confiança. Era como se eu estivesse testando a água, tentando sentir o quanto o medo ainda estava lá, e o quanto eu poderia me permitir confiar no que ela estava oferecendo.
- Você está aqui. - a constatação saiu quase como um sussurro. Eu não sabia mais como agir, mas a presença dela era suficiente, e talvez fosse tudo o que eu realmente precisasse agora.
Jenna ficou em silêncio por um momento, mas o espaço entre nós parecia agora mais confortável, como se a tensão tivesse sido suavizada pela sinceridade das palavras não ditas.
- Eu estou aqui. - ela disse, finalmente, com a voz suave, mas cheia de um tipo de certeza que me fez me sentir mais tranquila. - E vou ficar. Não importa o que você sinta, Julia. Você não está sozinha.
De repente, me senti mais segura, mais ancorada. A ansiedade que havia tomado conta de mim parecia estar diminuindo, e embora eu não soubesse o que estava acontecendo, saber que Jenna estava ali, ao meu lado, me dava uma sensação de que talvez eu pudesse enfrentar isso. A sensação de vazio e de medo não tinha desaparecido completamente, mas agora, com ela ao meu lado, parecia que havia espaço para algo mais talvez um pouco de paz.
Acariciei a bengala em minha mão, quase como um reflexo, buscando um ponto fixo para me segurar. Eu sabia que não tinha todas as respostas, que ainda não compreendia o que estava acontecendo comigo, mas enquanto ela estivesse ali, eu podia tentar respirar um pouco mais fundo, tentar encontrar alguma clareza em meio ao turbilhão.
- Obrigada, Jenna. - minha voz estava mais suave agora, mas a gratidão que senti por ela estava bem ali, no fundo de cada palavra.
- Não precisa agradecer. - ela respondeu, sua voz como um suspiro tranquilo. - Eu estarei sempre aqui, não importa o que aconteça.
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AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!
FanfictionJulia HolloWay perdeu a visão em um acidente que mudou sua vida para sempre. Antes, as cores e formas eram sua paixão; agora, a pintura se tornou um refúgio, uma maneira de expressar tudo o que sente, mesmo sem enxergar. Ela aprendeu a criar mundos...