CAPÍTULO 14 - NÃO VÁ

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Os dias passaram, e minha relação com Beth ficou mais forte, como se cada momento ao seu lado fosse uma peça que completava o quebra-cabeça da minha vida. Ela me fazia sentir como eu nunca tinha me sentido: calma, segura e verdadeiramente compreendida. Nos momentos simples, um toque de mão, um abraço caloroso, ou até mesmo seu riso ecoando pelo apartamento, eu encontrava uma felicidade genuína.

Sentada no sofá com uma xícara de chá quente, ouvia Beth mexendo no rádio ao meu lado. De repente, uma música suave começou a tocar, e ela se aproximou, deixando um beijo na minha mão.

- Achei essa estação de rádio que toca só clássicos dos anos 80. Achei que talvez gostasse, sabe? Eles também falam de alguns filmes e coisas do tipo. - ela sorria, e pude sentir seu entusiasmo ao apertar minha mão. - Vem, dança comigo. - ela me puxa pra dançar enquanto canta a música que tocava na rádio.

( Querida, eu te amo tanto )
Babe, I love you so

( Eu quero que você saiba )
I want you to know

( Que vou sentir falta do seu amor )
That I'm gonna miss your love

( No minuto em que você sai por aquela porta )
The minute you walk out that door

( Então por favor não vá )
So please don't go

( Não vá )
Don't go

Nos últimos dias, sempre ouvia notícias sobre o novo filme de Jenna. Ela e Winona Ryder estavam no topo das bilheterias, e era impossível escapar das menções a ela. Eu sabia que a mídia comentava o sucesso do filme, e a voz de Jenna surgia nas entrevistas esporadicamente, trazendo uma pequena pontada ao meu coração. Beth sabia disso, mas nunca me pressionava a falar sobre o assunto. Ela entendia que, mesmo que Jenna fizesse parte do meu passado, as memórias não sumiriam de uma hora para outra.

Num desses dias, estávamos no mercado, eu mencionando alguns ingredientes enquanto Beth empurrava o carrinho, nos rindo como duas adolescentes bobas. Beth estava me ajudando a escolher os ingredientes para uma sopa que eu queria tentar fazer.

- E se a gente tentasse fazer uma torta depois da sopa? - perguntei, com um sorriso no rosto. Eu adorava o som da risada dela ao meu lado, e a ideia de cozinharmos juntas parecia incrível.

- Você me acompanha na cozinha? Porque eu aviso: sou um desastre com tortas. - disse ela, rindo.

- Confia em mim, com as instruções certas, não tem erro. - sorri, apertando o braço dela de leve, sentindo o calor que irradiava através de sua blusa.

Mais tarde, enquanto preparávamos a sopa, ela falou algo sobre Jenna. Era inevitável, e eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela surgiria em nossas conversas.

- Ouvi no rádio que o filme de Jenna e Winona está quebrando recordes. Parece que todo mundo está indo assistir. - comentou Beth, mexendo os legumes na panela.

Respirei fundo, sentindo uma mistura de emoções. Jenna ainda era uma parte de mim, mas, com o tempo, aquela presença já não me sufocava como antes. Beth estava ao meu lado, aceitando e compreendendo meus sentimentos.

- Fico feliz por ela, de verdade. - disse, num tom sincero. - Jenna é incrível no que faz... e talvez tenha encontrado o que realmente queria.

Beth parou um segundo, olhando para mim como se avaliasse minhas palavras, mas sorriu logo depois.

- Você é incrível também, Julia. Não se esqueça disso. - Ela colocou sua mão sobre a minha, um gesto pequeno, mas cheio de carinho e significado. - Mas eu acho que a Jenna não está muito bem.

- Como assim?

- Nas entrevistas de divulgação de Beeatlejuice, ela aparece meio abatida... Não sei ao certo.

AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!Onde histórias criam vida. Descubra agora