CAPÍTULO 6 - REVELAÇÕES

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A noite que seguiu a nossa troca íntima no estúdio foi cheia de uma nova sensação, algo suave, mas poderoso, que vibrava entre mim e Jenna. Eu não sabia dizer exatamente o que era, apenas sabia que algo tinha mudado. Pela primeira vez, me senti verdadeiramente vista por alguém não apenas pelas minhas pinturas, mas pelo que eu era além delas. E mais do que isso, Jenna parecia ter gostado do que viu.

Na manhã seguinte, acordei com a luz do sol filtrando pelas frestas das cortinas, mas não era o brilho do dia que me fez sorrir. Era o calor do corpo de Jenna ao meu lado, sua respiração tranquila, quase como uma melodia silenciosa. Nós havíamos passado a noite juntas, não de forma física, mas emocional. Deitada ao meu lado, Jenna segurou minha mão enquanto conversávamos sobre coisas simples, deixando o silêncio ocasionalmente preencher as lacunas. Estar com ela dessa forma era mais íntimo do que qualquer toque poderia ser.

Enquanto me movia lentamente para não acordá-la, senti uma leve pontada no peito. Não era dor, era a consciência de que o momento em que eu teria que me abrir completamente com ela estava chegando. Eu sabia que Jenna não me forçaria, mas também sabia que o tempo não esperaria por mim. Precisava encontrar as palavras certas para contar a ela o que ainda estava escondido dentro de mim o segredo que me pesava, mas que eu sabia que precisaria revelar se quisesse que ela visse tudo.

Caminhei até a cozinha, me orientando pelos sons e cheiros familiares. A cafeteira já estava pronta, um hábito que desenvolvi para começar meus dias, e o cheiro de café fresco preencheu o ar. Enquanto esperava o café terminar de passar, senti a presença de Jenna ao meu lado antes mesmo de ouvi-la se aproximar.

- Bom dia. - ela murmurou suavemente, sua voz ainda embalada pelo sono.

- Bom dia. - respondi, oferecendo um sorriso que sabia que ela não veria, mas esperava que sentisse.

Ela se aproximou e, para minha surpresa, me abraçou por trás, envolvendo seus braços ao redor da minha cintura. Sua cabeça repousou no meu ombro, e fiquei ali, apreciando a sensação de sua proximidade, de seu carinho silencioso.

-Você dormiu bem? - perguntei, tentando manter a voz casual, mas sentindo o calor em minhas bochechas.

- Muito. E você?

- Sim. - menti um pouco, sabendo que a verdade era mais complexa. Meu sono tinha sido agitado, interrompido por pensamentos sobre tudo o que eu precisava dizer a ela. Mas naquele momento, não queria falar disso. Ainda não.

Nós ficamos assim por alguns minutos, envolvidas no conforto de uma manhã tranquila, até que o café estava pronto. Jenna se afastou para pegar duas canecas enquanto eu servia a bebida. Cada movimento parecia ser parte de uma coreografia silenciosa, onde nós duas sabíamos exatamente onde estar, o que fazer.

Quando finalmente nos sentamos na pequena mesa da cozinha, o silêncio foi quebrado por uma pergunta suave, mas carregada de significado.

- Julia... você estava tão nervosa ontem. - ela começou, hesitante. - Tem algo que você ainda não me contou, não é?

Meu corpo enrijeceu automaticamente, e o café na minha caneca de repente pareceu uma distração insuficiente para fugir daquela conversa inevitável. Respirei fundo, sentindo o peso das palavras que ainda estavam por vir.

- Jenna, eu... - comecei, mas minha voz falhou. Era como se uma parede invisível se erguesse entre o que eu queria dizer e o que eu conseguia expressar.

Ela estendeu a mão sobre a mesa, encontrando a minha com facilidade. Seu toque era firme, mas gentil, me incentivando sem pressionar.

- Você não precisa me dizer nada se não estiver pronta. - ela sussurrou. - Mas eu quero que saiba que estou aqui, ok? Para o que for.

AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!Onde histórias criam vida. Descubra agora