CAPÍTULO 9 - O MUNDO QUE CONHECÍAMOS

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A luz da tarde filtrava-se suavemente pelas cortinas da minha sala, criando um jogo de sombras que dançava nas paredes. Estava em casa, em meu pequeno santuário, cercada pelas cores vibrantes de tintas e pincéis. O som de " The World We Knew " do Frank Sinatra preenchia o ambiente, a voz rica e melódica do cantor reverberando em cada canto, enquanto eu me perdia na criação de uma nova obra.

Estava trabalhando em um quadro que tentava capturar a essência da primavera, com suas flores exuberantes e a promessa de novos começos. Minhas mãos dançavam sobre a tela, cada pincelada trazendo à vida um mundo de cores e sentimentos. As tintas, misturadas, eram como as emoções que borbulhavam dentro de mim uma combinação de alegria, tristeza e esperança.

A música se misturava à minha concentração, e eu deixei que as notas me guiassem. Cada acorde me lembrava que, apesar das dificuldades e das decepções, a vida era um conjunto de altos e baixos, uma verdadeira sinfonia de experiências. O ritmo suave da canção me fez sentir um pouco mais leve, mesmo enquanto a ausência de Jenna ainda pesava em meu coração.

Quando terminei de adicionar os toques finais ao quadro, um sentimento de satisfação me envolveu. Para mim, a arte sempre foi uma forma de libertação, e hoje não foi diferente. O quadro refletia não apenas a beleza da estação, mas também a minha luta interna. Decidi que iria mostrar a Jenna, não importa o que acontecesse. A conexão que tínhamos, apesar de seus desafios, era algo que eu não queria perder.

Enquanto admirava minha criação, a campainha do meu apartamento interrompeu meu momento de contemplação. Um misto de excitação e nervosismo tomou conta de mim. Poderia ser dona Luci ou alguém do prédio, mas havia algo em meu íntimo que me dizia que, talvez, fosse Jenna. Eu hesitei por um breve momento, respirando fundo antes de caminhar até a porta.

Com a mão no trinco, meu coração acelerou. Eu estava pronta para receber qualquer que fosse a pessoa do outro lado. Abri a porta, e ao ouvir o clique do trinco, a realidade se desenrolou diante de mim.

- Oi. - a voz de Jenna era suave e familiar, uma melodia que eu havia sentido falta. O calor da sua presença imediatamente trouxe uma onda de emoções.

- Oi. - respondi, tentando manter a compostura. - O que você está fazendo aqui?

- Eu estava na vizinhança e pensei em passar. - ela disse, um pouco hesitante. Havia uma energia diferente em sua voz, algo que eu não conseguia identificar. - Posso entrar?

Acenei com a cabeça, abrindo espaço para que ela entrasse. A sensação de tê-la ali, mesmo sem vê-la, era como a luz de um dia ensolarado depois de uma longa tempestade.

- Estava pintando. - comentei, tentando esconder a ansiedade em minha voz. - Venha ver.

Jenna caminhou até a mesa, e eu podia sentir seu olhar fixo na tela. A curiosidade dela me fez sentir um misto de nervosismo e alívio.

- Uau, isso é lindo! - ela exclamou, a admiração evidente em sua voz. - Você realmente capturou a sensação da primavera.

- Obrigada. - eu disse, um sorriso espontâneo surgindo em meu rosto. O fato de ela gostar do que eu tinha feito aquietou um pouco a tempestade dentro de mim. - É... meio pessoal.

- Pessoal como? - ela perguntou, a voz mais suave agora.

Senti um nó se formar na minha garganta. Não sabia como explicar a complexidade dos meus sentimentos por ela. Poderia simplesmente dizer que era uma representação de como me sentia em relação a nós, mas não queria que isso mudasse nossa amizade.

- A primavera sempre foi um símbolo de renascimento pra mim. - comecei, tentando manter a conversa leve. - E essa pintura reflete um pouco da luta entre a luz e a escuridão. Uma forma de lidar com tudo.

AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!Onde histórias criam vida. Descubra agora