AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!

CAPÍTULO 7 - PERGUNTAS INCÔMODAS

A noite continuava com uma leveza inesperada. Eu e Jenna estávamos sentadas em uma mesa cercada pelos amigos dela, rindo e bebendo, enquanto o clube ao nosso redor pulsava com energia. Aos poucos, fui me acostumando com o ambiente e até me permiti relaxar, especialmente com a presença reconfortante de Jenna ao meu lado.

Estávamos em uma roda de conversa quando um dos amigos dela, Percy Hynes, chegou. Ele tinha uma energia diferente, algo que me fez levantar o alerta quase imediatamente. Jenna me apresentou a ele com o mesmo entusiasmo de sempre, mas havia algo no jeito casual e despreocupado de Percy que me incomodava. Talvez fosse a forma como ele olhava para mim, como se estivesse tentando me entender ou, pior, como se estivesse me desafiando.

Ele se juntou ao nosso grupo e, por um tempo, a conversa fluiu normalmente. As piadas corriam soltas, e, de vez em quando, Jenna apertava minha mão de forma reconfortante, como se quisesse me lembrar de que estava ao meu lado. No entanto, depois de algumas bebidas, Percy começou a falar mais, fazendo perguntas que logo passaram a ser invasivas.

- Então, Julia, como é ser... você?. - ele perguntou com um tom que me fez franzir o cenho. O que ele queria dizer com isso? Mesmo sem ver, podia sentir que ele estava me encarando, esperando uma resposta.

- Como assim?- perguntei, tentando manter a calma e a compostura, mas sentindo o desconforto crescer.

- Bom, você sabe... não poder ver. Como você lida com isso? - ele continuou, parecendo alheio ao peso das palavras que lançava casualmente. A roda de amigos pareceu se silenciar um pouco, todos provavelmente percebendo que ele estava cruzando uma linha.

- Eu... apenas lido. - respondi de maneira curta, tentando não dar espaço para que ele se aprofundasse mais. Mas, claro, ele não parou por aí.

- Isso deve ser muito difícil. Quero dizer, sair, interagir com as pessoas... Você nunca fica com medo de ser deixada de lado? - Percy perguntou com um tom de falsa curiosidade, como se estivesse tentando parecer interessado, mas soava mais como uma provocação.

Jenna apertou minha mão com mais força, e eu podia sentir a tensão em seu corpo. Ela sabia que aquilo estava indo longe demais, mas antes que ela pudesse falar, decidi responder. Meu coração batia mais rápido, e senti o gosto amargo da raiva começando a se formar na boca.

- Olha, Percy. - comecei, tentando manter a voz firme. - Eu não preciso da sua preocupação, tá? Eu me viro muito bem sozinha.

A roda ficou em silêncio completo por um momento. Jenna apertou meu ombro de leve, como se estivesse me apoiando sem precisar dizer nada. Percy, no entanto, pareceu não entender o recado, ou simplesmente decidiu ignorá-lo.

- Não, não quis te ofender. - ele respondeu, com um riso sem graça. - É só que... Bom, deve ser uma vida bem diferente, né? Você já pensou em como isso afeta as pessoas ao seu redor? Como... Jenna, por exemplo?

Aquilo foi a gota d'água. Não só ele estava sendo invasivo e desrespeitoso, mas agora trazia Jenna para o meio da conversa como se estivesse questionando a relação que estávamos começando a construir. Minha paciência estava no limite, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Jenna interveio.

- Percy, chega. - ela disse, a voz baixa e firme. - O que você tá fazendo não é legal. Se continuar assim, você vai acabar sozinho aqui.

A mesa ficou ainda mais tensa. Percy pareceu surpreso com a reação de Jenna, como se não tivesse imaginado que ela o repreenderia na frente dos outros. Ele tentou disfarçar o desconforto com um riso forçado, mas sabia que a situação estava contra ele.

- Desculpa, Julia. Eu não quis... Eu só tava tentando entender. - ele disse, mas o tom de desculpa não soava sincero.

- Não precisa entender. - respondi de forma seca.