ANTONY

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Antony estava em uma fase delicada de sua carreira. A pressão de jogar em um dos maiores clubes do mundo, o Manchester United, começava a pesar. Havia jogos em que ele brilhava, mas também momentos em que a crítica parecia insuportável. Naquela noite, após uma dura derrota, ele decidiu caminhar pelas ruas de Manchester para espairecer, se afastar dos holofotes e do burburinho da imprensa. Foi assim que, em uma rua tranquila, encontrou Giovanna.

Giovanna era brasileira, como ele, mas vivia na Inglaterra há anos. Apaixonada por cultura e artes, trabalhava como curadora em uma pequena galeria de arte local. O encontro dos dois foi quase acidental. Ela estava saindo do trabalho, carregando alguns quadros, e, distraída, tropeçou, quase deixando tudo cair.

— Desculpa! — disse ela, ainda tentando se equilibrar.

— Não, a culpa foi minha, eu que estava distraído. — Antony respondeu rapidamente, ajudando-a a recolher os quadros caídos. Foi nesse momento que os olhares dos dois se cruzaram. Ele viu os olhos castanhos dela, brilhando sob a luz suave dos postes da rua, e sentiu algo diferente.

Giovanna reconheceu Antony imediatamente, mas não o tratou como uma estrela do futebol. Para ela, ele era apenas um jovem que parecia tão perdido quanto ela se sentia às vezes. Após o breve encontro, ambos seguiram seus caminhos, mas algo havia mudado. Nos dias seguintes, Antony não conseguia tirar o rosto de Giovanna da cabeça. Havia uma simplicidade, uma leveza naquela mulher que ele não encontrava no mundo caótico ao seu redor.

Alguns dias depois, o destino os uniu novamente. Desta vez, foi ele que a encontrou na galeria de arte onde ela trabalhava. Decidido a seguir seu instinto, entrou no local, admirando as pinturas nas paredes e, claro, procurando uma desculpa para falar com ela.

— Você tem bom gosto — comentou, enquanto observava uma pintura abstrata que ocupava a parede principal.

Giovanna sorriu, surpresa ao vê-lo ali. — Obrigada. Essa é uma das minhas favoritas.

O clima entre eles era natural, despretensioso. Eles conversaram sobre arte, sobre futebol e sobre a vida longe de casa. Giovanna, com sua visão calma do mundo, ofereceu uma perspectiva diferente que Antony não costumava ouvir. Ela o ajudava a ver que, apesar das cobranças e pressões, havia beleza na simplicidade, no agora.

Com o tempo, encontros casuais se tornaram momentos intencionais. Os dois começaram a sair mais, às vezes para um jantar discreto em algum lugar afastado, às vezes apenas para caminhar pelas ruas de Manchester. As conversas fluíam de forma leve, sem a necessidade de Antony ser o "craque do Manchester United" o tempo todo. Com Giovanna, ele podia ser apenas ele mesmo.

Em uma dessas noites, após assistirem a uma exposição de arte, caminharam até um parque próximo, onde o céu estava limpo e as estrelas brilhavam acima de suas cabeças. O frio da noite os envolvia, mas eles mal notavam, tão imersos na conversa.

Giovanna parou de andar e olhou para ele.

— Você parece mais tranquilo ultimamente — disse ela, com um sorriso suave. — Acho que o Antony que eu conheci naquela rua estava muito mais tenso.

Antony riu, enfiando as mãos nos bolsos do casaco.

— Talvez seja porque você me ajudou a ver as coisas de um jeito diferente. Acho que nunca tive alguém que me entendesse tão rápido.

Giovanna corou levemente com o elogio. O silêncio que seguiu foi confortável, como se eles não precisassem dizer mais nada. A conexão entre eles havia crescido, e ambos sabiam disso. A tensão no ar era palpável, mas não do tipo desconfortável — era a antecipação de algo inevitável.

Antony deu um passo à frente, parando bem próximo dela. Seus olhos se encontraram, e por um momento, tudo ao redor pareceu desaparecer. Sem dizer nada, ele levou a mão ao rosto dela, acariciando sua bochecha com o polegar.

— Posso? — perguntou ele, num sussurro quase inaudível, mas carregado de emoção.

Giovanna sorriu, fechando os olhos levemente, e respondeu com um simples aceno de cabeça. Foi tudo que ele precisou. Lentamente, Antony se inclinou, e seus lábios se encontraram.

O beijo foi suave, mas cheio de sentimentos. Havia ali a doçura de algo novo, algo que ambos desejavam há algum tempo, mas também a intensidade de duas pessoas que encontraram consolo e compreensão uma na outra. Quando se afastaram, ainda de olhos fechados, sorriram. Nada mais precisava ser dito naquele momento.

Naquela noite, sob as estrelas de Manchester, Antony percebeu que o destino havia lhe dado mais do que ele esperava. Giovanna, com sua sensibilidade e tranquilidade, tinha se tornado não apenas uma paixão, mas um refúgio em meio ao caos. E, para ela, ele era mais do que um jogador de futebol — era alguém com quem ela podia compartilhar sua própria paixão pela vida e pelas coisas simples.

Fim.

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