ERICK PULGAR

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Fernanda ajustou os óculos escuros no rosto enquanto caminhava apressada pelas ruas movimentadas de Santiago. O clima de outono era perfeito para um passeio discreto, mas o que mais a preocupava naquele momento era evitar qualquer olhada curiosa. No fundo, ela sabia que sair com Erick Pulgar, um dos jogadores mais conhecidos do Chile, tinha seus riscos. No entanto, os dois já estavam juntos há alguns meses e a química entre eles era inegável.

Erick a esperava dentro de um carro, com o boné baixo, tentando passar despercebido. Quando Fernanda entrou, ele a cumprimentou com um sorriso discreto.

— Pronta para mais uma missão secreta? — ele brincou, encostando-se no banco.

— Pronta. Mas não acha que isso é um pouco arriscado? — Fernanda questionou, olhando pela janela para garantir que ninguém os seguia.

— A gente sabe como lidar com isso — Pulgar respondeu, confiante. — Além do mais, prefiro sair contigo assim do que em algum lugar lotado, onde todos vão nos observar.

Eles seguiram para um restaurante afastado, escondido nas colinas, onde sabiam que a privacidade era garantida. Lá, entre conversas e risadas, Erick se sentia mais à vontade, longe dos holofotes da mídia esportiva.

Os encontros continuaram assim por semanas. Cada vez mais cuidadosos, eles mantinham o relacionamento em segredo, longe das câmeras. Fernanda sabia que, se descobrissem, não seria fácil. Ela gostava de sua vida reservada, mas ao lado de Pulgar, a normalidade parecia impossível.

Certa tarde, enquanto eles se despediam rapidamente no estacionamento de um café, Fernanda notou algo diferente. Um homem, com um celular na mão, parecia observá-los de longe. Seu estômago deu um nó.

— Acho que fomos vistos — ela sussurrou.

Pulgar seguiu o olhar dela e franziu o cenho.

— Relaxe. Talvez seja só paranoia — ele tentou tranquilizá-la, mas algo em seu tom revelava que também estava preocupado.

Os próximos dias foram tensos. Fernanda tentava continuar sua rotina, mas sentia uma inquietação no ar. Até que, uma manhã, seu celular não parou de vibrar. Notificações de mensagens, chamadas e redes sociais. O coração dela acelerou.

Abrindo uma das mensagens, viu o que mais temia: fotos dela e de Erick, claramente juntos, circulando na internet. "Novo casal no mundo do futebol?", diziam as manchetes. Cada site parecia competir para obter mais informações, e as fotos estavam em todos os lugares.

Pulgar ligou para ela pouco depois.

— Fernanda... sinto muito. Não era para ser assim.

Ela suspirou, nervosa.

— Eu sabia que isso podia acontecer, mas agora... agora o que vamos fazer?

— Vamos enfrentar isso juntos — Erick respondeu. — Não vou te deixar passar por isso sozinha.

O barulho constante dos flashes e das perguntas gritadas dos repórteres tornou-se parte da rotina de Fernanda e Erick. A cada aparição pública, uma multidão de fotógrafos os seguia, tentando capturar qualquer momento de vulnerabilidade. A pressão era enorme, e, no começo, Fernanda não sabia se conseguiria aguentar.

Pulgar, no entanto, se mostrava calmo. Ele já estava acostumado com a fama e sabia lidar com a mídia, mas estava preocupado com Fernanda. Toda vez que ele olhava para ela, via o quanto aquilo a afetava. Apesar da fachada de tranquilidade, ele sabia que, no fundo, ela sentia o peso de ser arrastada para aquele turbilhão.

Uma noite, eles decidiram se encontrar na casa de Erick, longe dos olhares curiosos. Enquanto jantavam em silêncio, a tensão no ar era palpável. Fernanda mexia na comida, claramente distraída.

— Eu não sei se consigo continuar com isso — ela finalmente disse, sem olhar para ele. — A exposição, os comentários, as suposições... É como se minha vida inteira estivesse sendo decidida por pessoas que nem me conhecem.

Eric respirou fundo e largou os talheres, encarando-a com um olhar sério, mas cheio de compreensão.

— Eu entendo que é difícil — disse ele. — Mas quero que você saiba que não precisamos enfrentar isso do jeito que a mídia quer. Podemos viver do nosso jeito, no nosso tempo.

— Mas como? — Fernanda olhou para ele, seus olhos brilhando com uma mistura de raiva e frustração. — Cada vez que eu saio de casa, sinto que estou sendo julgada. Parece que perdi o controle da minha própria vida.

Erick estendeu a mão e segurou a dela firmemente.

— A única coisa que podemos controlar é o que temos entre nós — ele disse suavemente. — O resto... o resto é só barulho. Não importa o que digam ou pensem, o que importa é o que sentimos. E eu sinto que você é a pessoa que quero ao meu lado.

As palavras dele trouxeram um conforto inesperado. Fernanda sabia que a vida com Pulgar nunca seria normal, mas naquele momento, ela percebeu que talvez normalidade não fosse o que ela queria. O que ela queria era estar com ele, mesmo com todos os desafios.

Os meses seguintes foram um teste para o relacionamento deles. O assédio da mídia continuou, mas com o tempo, o frenesi em torno do casal começou a diminuir. Eles aprenderam a lidar com os flashes e com os rumores, escolhendo com sabedoria os momentos em que apareciam publicamente e os em que se refugiavam em sua bolha particular.

Eventualmente, a curiosidade da mídia se voltou para outra celebridade, e Fernanda e Erick encontraram um novo ritmo, mais estável e menos exposto. Mesmo assim, eles sabiam que a qualquer momento a atenção poderia voltar, mas agora estavam mais fortes, prontos para enfrentar qualquer coisa juntos.

Numa manhã ensolarada, enquanto caminhavam tranquilamente por um parque, sem paparazzi à vista, Pulgar sorriu para Fernanda e comentou:

— Acho que finalmente conseguimos. Nosso segredo virou manchete, mas agora... somos só nós.

Fernanda sorriu de volta, sentindo o sol aquecer seu rosto e o coração mais leve.

— É, acho que sim — respondeu ela. — E, sinceramente, gosto mais assim.

FIM.

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