GABIGOL

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Gabriel Barbosa, conhecido como Gabigol, acabava de marcar o gol decisivo na final da Libertadores. O Maracanã explodiu em gritos, mas, no meio da multidão, ele buscava um rosto específico. Era Daniela, uma garota simples que havia conhecido em um evento beneficente meses atrás. Desde o primeiro encontro, algo neles havia mudado, uma conexão silenciosa, mas intensa.

Daniela trabalhava como enfermeira em uma clínica pública. Seus dias eram sempre cheios, mas naquela noite, ela tinha conseguido uma rara folga e estava nas arquibancadas, torcendo fervorosamente por Gabriel. Não por Gabigol, o astro, mas pelo Gabriel que a fazia rir com suas histórias e que mandava mensagens carinhosas no final do dia.

Após o apito final, Gabriel correu para o lado da arquibancada onde sabia que ela estaria. Ignorando as câmeras e repórteres que o cercavam, seus olhos fixaram-se nos dela. A multidão parecia desaparecer. Daniela sorriu, surpresa, e acenou tímida, tentando não chamar muita atenção. Ele, sem pensar duas vezes, subiu nas grades e foi até ela.

— Você veio — disse ele, com um sorriso largo, ainda ofegante do jogo.

— Achei que fosse o melhor momento para ver se você realmente é tão bom assim — ela brincou, tentando disfarçar o nervosismo.

— E fui? — ele perguntou, se inclinando mais perto.

Daniela mordeu o lábio, ainda sorrindo.

— Um dos melhores que já vi.

Gabriel riu e puxou-a para perto, seus rostos quase se tocando. O mundo ao redor deles poderia estar gritando, comemorando, mas tudo que importava naquele momento era o olhar de Daniela, que parecia trazer paz após o caos da partida.

— E agora? — ela perguntou, a voz baixa, apenas para ele ouvir.

— Agora… — ele começou, olhando ao redor. — A gente comemora. Mas só eu e você.

E, antes que ela pudesse responder, ele a puxou para um beijo rápido, mas cheio de promessas. Promessas de que aquela noite seria apenas o começo de algo ainda maior.

Gabriel sentiu os gritos e aplausos ao redor, mas naquele momento, tudo o que importava era a suavidade dos lábios de Daniela contra os seus. Quando se separaram, por um breve segundo, os olhos dela estavam brilhando, uma mistura de surpresa e alegria. Ele riu, ainda com o coração acelerado, mas dessa vez não por causa do jogo.

— Eu não esperava isso — disse Daniela, com um leve sorriso enquanto suas bochechas ficavam coradas.

— Nem eu — ele admitiu, passando a mão pelos cabelos molhados de suor. — Mas a verdade é que eu estava te procurando o tempo todo, mesmo sem perceber.

Ela olhou para baixo, ainda tímida com toda a atenção, mas depois o encarou novamente. Seus olhos castanhos estavam cheios de algo que Gabriel ainda estava começando a entender. Havia ali uma sinceridade e uma força que ele não encontrava com frequência. Daniela era diferente de qualquer outra pessoa que já conhecera.

— E agora? O que você vai fazer? — ela perguntou, desviando o olhar para os jornalistas e os companheiros de time que esperavam Gabigol voltar para a comemoração.

Ele segurou a mão dela, firme, mas com um toque gentil.

— Agora, vou fazer o que realmente importa. — Ele se virou para os repórteres, levantou a mão para sinalizar que precisava de um momento e, sem hesitar, olhou para ela com uma seriedade inesperada. — Quer sair daqui comigo?

Daniela hesitou. Por mais que o momento fosse mágico, ela sabia o que estar ao lado de alguém como Gabriel significava: exposição, críticas, a vida sob os holofotes. Mas havia algo nele, algo no jeito que ele a olhava, que a fazia querer arriscar.

— E para onde a gente vai? — ela perguntou, tentando conter um sorriso.

— Qualquer lugar que você quiser. — Ele deu de ombros, como se não houvesse um mundo inteiro esperando por ele lá fora.

Ela riu.

— Isso é loucura.

— Pode até ser, mas é a nossa loucura — respondeu ele, aproximando-se mais uma vez. — E se tem uma coisa que eu aprendi, é que as melhores coisas da vida vêm quando a gente menos espera.

Os dois saíram juntos do estádio, evitando as câmeras da melhor forma possível. Gabriel a levou para um lugar longe das luzes e dos gritos, para um restaurante pequeno e acolhedor, onde ninguém parecia reconhecer o astro do futebol.

Sentaram-se numa mesa ao fundo, e pela primeira vez naquela noite, ele sentiu que podia respirar. A energia do jogo ainda estava em seu corpo, mas agora havia uma paz que só Daniela parecia trazer.

— Então, me conta mais sobre você — ele disse, enquanto mexia no cardápio. — Sei que trabalha como enfermeira, mas o que te faz sorrir? Além de ver seus amigos marcarem gols, claro.

Ela riu.

— Eu adoro o que faço, mas, para ser sincera, acho que o que me faz mais feliz é poder ajudar as pessoas. É meio clichê, eu sei, mas faz sentido pra mim. E você? Já pensou no que faria se não fosse jogador?

Gabriel pensou por um momento.

— Sempre amei o futebol, mas se não estivesse nos campos, acho que estaria envolvido com projetos sociais. Ajudo algumas ONGs agora, mas queria fazer mais, sabe? Usar o que conquistei pra mudar a vida das pessoas.

Daniela sorriu, impressionada. Atrás de todo o brilho e a fama, havia um homem que se importava com os outros. Um lado que poucos conheciam, mas que ela sentia ser genuíno.

— Acho que você já está fazendo isso — ela disse suavemente.

Eles passaram a noite conversando, descobrindo mais um sobre o outro, e quanto mais falavam, mais Gabriel percebia que aquela noite não era o fim, mas o começo de algo maior. Algo que poderia mudar tudo.

Fim.

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