SERGIO RAMOS

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Sérgio Ramos sentia o peso do mundo sobre seus ombros. Ele, um jogador consagrado, acostumado a enfrentar desafios em campo, não esperava que, fora dele, as dificuldades seriam ainda maiores. A pressão, as lesões, a constante cobrança da mídia e, agora, uma crise pessoal. Tudo parecia desmoronar.

Decidiu buscar ajuda profissional. Algo inusitado para ele, mas necessário. Entrou no consultório daquela que seria sua terapeuta, Letícia. O ambiente era aconchegante, simples, mas acolhedor. Na cadeira à sua frente, uma mulher de cerca de trinta e poucos anos, cabelos castanhos presos de forma despretensiosa, o aguardava com um sorriso suave. Seus olhos, de um verde sereno, transmitiam confiança.

- Sérgio, não é? - Letícia perguntou com uma voz calma, mas firme.

- Sim - respondeu ele, hesitante, enquanto se acomodava na poltrona. - Nunca fiz isso antes... não sei por onde começar.

- Não precisa se preocupar com isso. Vamos com calma - disse Letícia, inclinando-se ligeiramente para ele. - Por que você procurou ajuda?

Ele respirou fundo, olhando para o chão, antes de finalmente encará-la.

- Eu... eu não me sinto mais eu mesmo. A pressão, as expectativas... Às vezes me sinto sufocado.

Letícia acenou com a cabeça, compreendendo. Sua formação como psicóloga a preparou para lidar com todos os tipos de problemas, mas havia algo em Sérgio que a tocava de forma diferente. Talvez fosse a vulnerabilidade de um homem que o mundo via como inquebrável.

- Você está carregando muito peso sozinho, Sérgio. Vamos trabalhar juntos para aliviar essa carga.

As semanas passaram, e as sessões se tornaram parte da rotina de Sérgio. Aos poucos, ele se abria mais. Falava de sua infância, das vezes que sentiu medo, das pessoas que perdeu e de como, agora, temia perder a si mesmo. E Letícia, sempre ali, ouvia, guiava, ajudava-o a encontrar respostas dentro de si.

Certa tarde, após uma sessão particularmente intensa, Letícia se levantou e foi até a janela para fechar as cortinas. O sol se punha no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados.

- Isso faz você se sentir melhor? - perguntou Sérgio, observando-a de perto.

- O quê? - ela virou-se para ele, confusa.

- Ajudar as pessoas. Ouvir seus problemas.

Ela sorriu, um sorriso que ele agora conhecia bem.

- Sim, é uma das coisas que me faz feliz. Ver as pessoas superando seus desafios, reencontrando suas forças. Faz tudo valer a pena.

Houve um momento de silêncio. Os olhos de Sérgio não deixavam os dela. Ele se aproximou, quase sem perceber, e parou diante dela, a poucos centímetros de distância.

- Letícia... - começou ele, sua voz baixa, mas cheia de emoção. - Eu não sei como explicar... mas você tem sido mais do que uma psicóloga para mim.

Letícia manteve a postura firme, mas seu coração batia rápido. Ela sabia que, em algum momento, sua relação com ele havia se tornado algo mais profundo, mais complexo. E agora, ali, na penumbra do final de tarde, aquilo se tornava impossível de ignorar.

- Sérgio... - sussurrou ela, tentando manter o controle. - Há limites... nós não podemos...

Mas antes que ela pudesse terminar a frase, ele se aproximou e a beijou. Foi um beijo cheio de ternura e desejo, um encontro de almas que haviam se encontrado no caos. Ela, por um momento, cedeu àquele impulso, permitindo-se sentir o que evitava há tanto tempo.

No entanto, ela recuou, afastando-se, ofegante.

- Isso não pode acontecer, Sérgio - disse Letícia, com os olhos cheios de emoção. - Eu sou sua psicóloga. Meu papel é ajudar você a se curar, não ser parte do seu conflito.

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