PEDRO RAUL

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A Neo Química Arena brilhava com as luzes do estádio, lançando sombras sutis no gramado perfeitamente cuidado. Aquela noite era especial: o time masculino e o feminino do Corinthians haviam sido convidados para um evento de confraternização. Uma chance rara de os dois grupos se encontrarem fora da rotina de treinos e jogos, trocando experiências e, quem sabe, histórias.

Michele estava lá, rindo com suas colegas de equipe, vestindo o uniforme que ela tanto amava, mas com uma leve ansiedade rondando o peito. Ela sempre foi confiante dentro de campo, mas aquela noite tinha algo diferente. Talvez fosse a presença de Pedro Raul, o atacante imponente que sempre chamou sua atenção. Sempre trocavam olhares discretos nos corredores do centro de treinamento, mas nunca haviam trocado muitas palavras.

Pedro Raul, por outro lado, disfarçava bem a tensão. Enquanto estava com seus colegas de time, rindo e trocando provocações amistosas com as meninas, seus olhos, quase sem controle, buscavam por Michele no meio da multidão. Ele sabia que precisava dar um passo à frente, mas até agora, sempre faltava coragem.

As duas equipes estavam reunidas no lounge da Arena, o ambiente animado, cheio de conversas e risadas. Michele estava concentrada em uma conversa com suas amigas Yasmin e Gabi Zanotti, mas logo notou o olhar de Yasmin desviando-se para algo atrás dela.

— Adivinha quem está te secando de novo? — Yasmin brincou, um sorriso malicioso no rosto.

Michele riu, sem se virar, sabendo exatamente de quem se tratava.

— Pedro Raul? — Ela perguntou, tentando soar desinteressada, mas falhando miseravelmente.

— Ele não tira os olhos de você — Gabi comentou, rindo. — Vocês precisam resolver essa tensão, tá quase insuportável.

— Vocês tão exagerando. Ele só deve estar perdido, procurando alguém — respondeu Michele, tentando esconder o rubor que subia por suas bochechas.

Mas a verdade era que ela sabia exatamente o que estava acontecendo. A tensão entre eles dois era palpável, como uma corrente elétrica passando pelos olhares que trocavam. As meninas continuaram com as provocações, mas Michele, já desconcentrada, olhou discretamente para Pedro. Para sua surpresa, ele a encarava diretamente dessa vez, sem desviar. Seu coração disparou.

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Do outro lado da sala, Pedro estava num impasse mental. Os amigos também já haviam percebido sua distração.

— Tá na cara, irmão — comentou Fagner, dando um tapinha nas costas de Pedro. — Por que você não chama logo ela pra sair?

Pedro riu, tentando manter a calma, mas a verdade era que sua mente estava a mil.

— Não é tão simples assim — ele disse, olhando de relance para Michele.

— Claro que é. Vai lá e fala com ela — Yuri Alberto incentivou. — Pior que um não você não vai ouvir.

Pedro sabia que eles estavam certos. Havia algo ali entre ele e Michele que precisava ser resolvido. Ele se levantou devagar, tentando controlar o nervosismo, mas com cada passo em direção a Michele, sentia o peso da decisão que estava prestes a tomar. Era agora ou nunca.

Ao chegar perto do grupo delas, Pedro sorriu de forma hesitante. Yasmin e Gabi deram um passo para o lado, deixando Michele sozinha, claramente se divertindo com a situação.

— Oi, Michele. — Pedro disse, a voz um pouco mais grave do que o normal. — Posso falar com você um minuto?

Michele sentiu o estômago revirar de nervosismo, mas manteve a postura firme e sorriu para ele.

— Claro, Pedro — respondeu ela.

Eles se afastaram um pouco do grupo, as luzes suaves da Neo Química Arena iluminando o rosto de ambos enquanto caminhavam até uma área mais reservada.

Pedro respirou fundo, os dedos inquietos, mas quando olhou para Michele, tudo pareceu ficar mais claro.

— Eu sei que isso pode parecer estranho, mas... — Ele começou, buscando as palavras certas. — A gente se vê tanto por aqui, e sinto que nunca tive a chance de te conhecer de verdade. Eu... eu queria saber se você gostaria de jantar comigo algum dia.

Michele piscou, surpresa com a súbita sinceridade, mas logo um sorriso se formou em seus lábios.

— Um jantar? — Ela perguntou, com um brilho nos olhos.

— Sim, algo simples... ou, sei lá, qualquer coisa que você goste. Só nós dois, sem toda essa galera — ele disse, olhando para o lado com um sorriso tímido.

Michele riu, sentindo o nervosismo se dissipar com o jeito genuíno de Pedro.

— Eu adoraria, Pedro. — Ela respondeu, segurando o olhar dele, finalmente deixando a tensão dissolver-se em uma leveza inesperada.

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O jantar aconteceu dias depois, em um restaurante discreto longe dos olhares curiosos da imprensa e dos fãs. Eles conversaram sobre tudo: futebol, a vida pessoal, sonhos, e riram de como seus amigos praticamente os empurraram um para o outro. A sintonia entre os dois era inegável, e quando Pedro a levou até o carro após o jantar, a tensão que pairava no ar era diferente daquela dos encontros anteriores.

No caminho de volta, Pedro hesitou por um momento antes de parar o carro em frente ao apartamento de Michele. O silêncio entre eles era confortável, mas também carregado de algo mais. Quando ele olhou para ela, seus olhos já diziam tudo.

— Quer subir? — Michele perguntou, a voz suave, mas decidida.

Pedro sabia que aquele era o ponto sem volta. Ele assentiu, e ambos subiram para o apartamento.

Dentro, as luzes eram suaves, e o ambiente estava mergulhado em uma tranquilidade íntima. Eles não precisaram de muitas palavras. Quando Pedro a puxou para mais perto, os lábios de ambos se encontraram com uma intensidade que superava todas as expectativas que tinham criado ao longo das semanas de tensão. As mãos dele exploraram seu corpo com desejo, enquanto Michele também não hesitou em tocar cada parte de Pedro que há tanto tempo desejava.

O encontro foi intenso, uma explosão de tudo o que haviam guardado para aquele momento. Eles fizeram amor com uma paixão que parecia estar acumulada desde o primeiro olhar. Quando finalmente caíram juntos na cama, o mundo ao redor parecia ter desaparecido, e o que restava era apenas a conexão entre eles.

No silêncio da noite, Pedro a segurou com força, e Michele, com a cabeça no peito dele, sentiu-se exatamente onde deveria estar.

Fim.

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