RICHARD RÍOS

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A noite estava tranquila, o vento soprando suavemente pelas árvores ao redor da casa onde Richard e Manuela se encontravam. Eles haviam passado o dia juntos, imersos em conversas profundas e trocas de olhares carregados de algo não dito, algo que crescia lentamente entre eles desde o primeiro encontro. Agora, sentados lado a lado no sofá da sala, o silêncio parecia preenchido de uma tensão doce, como se cada palavra que eles não dissessem tivesse peso próprio.

Manuela olhou para Richard de soslaio, os dedos brincando distraidamente com a alça do copo em suas mãos. Havia uma proximidade entre eles que não se traduzia apenas na distância física, mas na sensação de que ambos estavam prestes a cruzar uma linha que mudaria tudo.

— Você já pensou no que vem depois? — perguntou ela, a voz baixa, quase um sussurro.

Richard a observou, os olhos se demorando em cada detalhe do rosto dela, como se estivesse gravando tudo em sua memória. Ele não precisava de palavras para responder; o brilho no olhar dela já dizia muito. Ele se inclinou levemente, sua mão encontrando a dela com delicadeza, como se o toque pudesse dizer o que ele ainda não tinha coragem de expressar.

— O que quer que seja, acho que nós dois sabemos — ele finalmente respondeu, sua voz firme, mas suave. — Só não sei se estamos prontos.

Manuela sentiu o coração acelerar. Havia uma honestidade crua nas palavras de Richard que a tocava profundamente. Eles estavam prestes a embarcar em algo novo, algo que talvez não conseguissem controlar, mas que os puxava com uma força irresistível.

Sem pensar, ela se inclinou para mais perto, seus rostos agora separados apenas por centímetros. O ar parecia eletrizado, como se o simples fato de estarem tão próximos fosse o bastante para criar uma corrente entre eles. A mão de Richard subiu devagar até o rosto de Manuela, seus dedos traçando o contorno suave da pele dela. Ela fechou os olhos, permitindo-se sentir o momento, a conexão entre eles pulsando com intensidade.

Quando os lábios se encontraram, foi suave no início, como um primeiro passo tímido em um território desconhecido. Mas logo o beijo se tornou mais profundo, cheio de um desejo que ambos haviam guardado por tempo demais. Não era apenas um momento físico; era a culminação de tudo o que eles haviam construído juntos — a amizade, o companheirismo, o respeito, e agora, algo mais. Era uma entrega mútua, uma promessa silenciosa de que, independentemente do que viesse depois, eles enfrentariam juntos.

Manuela sentiu o mundo à sua volta desaparecer. Não havia mais sala, noite ou vento, apenas o toque de Richard e o calor que emanava de sua pele. O beijo continuava, profundo e sincero, enquanto seus corpos se aproximavam ainda mais, como se o espaço entre eles fosse insuportável. Richard a segurava com uma ternura que ela jamais havia experimentado, e, por um momento, tudo parecia perfeito.

Quando os lábios finalmente se separaram, ambos ficaram sem palavras. Manuela manteve os olhos fechados por mais alguns segundos, como se quisesse gravar aquele instante na memória, antes de abrir devagar e encontrar o olhar de Richard, que a observava com uma mistura de surpresa e algo mais profundo.

— Eu não esperava por isso — ela sussurrou, um sorriso tímido surgindo em seus lábios.

Richard riu baixinho, passando o polegar suavemente pela bochecha dela. — Nem eu. Mas parece que isso estava guardado há um bom tempo, não acha?

Ela assentiu, sentindo o coração ainda acelerado, mas agora aquecido por algo além da simples atração física. Era mais do que isso. Era uma espécie de segurança, de saber que, com ele, ela poderia ser ela mesma, sem medo de julgamentos ou expectativas irreais.

— Eu quero que seja... verdadeiro, Richard. Não só um momento que se apaga com o tempo — disse Manuela, sua voz séria agora. — Se isso for apenas uma faísca, eu prefiro não continuar.

Ele a observou em silêncio por um longo momento, os olhos fixos nos dela. A sinceridade de suas palavras atravessava a tensão, tocando algo profundo dentro dele. Richard sempre se orgulhara de ser alguém ponderado, de evitar sentimentos passageiros. Mas com Manuela, tudo parecia diferente. Ele sabia que ela merecia mais do que promessas vazias, mais do que um momento que desapareceria ao amanhecer.

— Não vai ser só uma faísca, Manu — respondeu ele, sua voz carregada de emoção. — O que estamos construindo aqui... é real. Eu sinto isso em cada palavra que você diz, em cada momento que passamos juntos. E eu quero que dure.

Manuela sorriu, aliviada e emocionada com a profundidade de suas palavras. Era exatamente o que ela precisava ouvir. Richard não era apenas alguém em quem ela confiava; ele era o homem com quem ela poderia compartilhar não só os momentos felizes, mas também os desafios, as dúvidas e as incertezas.

Sem hesitar, ela o abraçou com força, seu rosto descansando contra o peito dele, sentindo a batida de seu coração forte e constante. Ficaram assim por alguns minutos, o silêncio entre eles agora confortável, sem necessidade de palavras. Era como se ambos soubessem que, a partir daquele momento, algo havia mudado.

— Acho que não tem mais volta, então — Manuela murmurou, a voz abafada pelo peito de Richard, mas cheia de uma tranquilidade nova.

— Não tem — ele concordou, afagando os cabelos dela. — E eu não quero voltar atrás.

O futuro ainda era incerto, cheio de desafios que eles mal podiam prever, mas uma coisa era clara: eles estavam juntos nessa jornada. E isso, naquele momento, era tudo o que importava.

Fim.

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