O Peso do Silêncio

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Veja como tudo parece uma hipótese
saída de uma mente brilhante e preguiçosa.
Aqui, as árvores não crescem, elas observam,
quietas, como nós.
As folhas caem como palavras,
nunca ditas,
perdidas no tempo, suspensas no ar.
O que nos fez parar?
Talvez tenha sido o peso de não sermos mais do que pensamos,
talvez o medo de que a resposta já estivesse dentro,
e fosse impossível.

Veja como as coisas poderiam ser melhor
se você desse o seu melhor.
Mas o que é o "melhor"?
Um caminho já traçado ou o risco de traçar um novo?
As mãos tremem, não por fraqueza,
mas por saber que há escolhas que queimam antes de tocar.
O que ficou nas sombras,
o que foi deixado para trás,
não é culpa,
mas uma certeza preguiçosa
de que o tempo se arrasta para quem se cala.

E eu, que não perdoei tais atrocidades,
tampouco fiz algo quanto a isso.
As palavras amontoaram-se como pedras
no fundo da garganta,
pesando mais que os corpos que já tombaram.
O silêncio foi minha resistência,
mas também minha prisão.
Quem dera o vento levasse tudo,
quem dera o esquecimento fosse tão fácil quanto o sono,
mas não dormimos,
apenas fechamos os olhos
e seguimos.
Sempre seguimos.

Agora, olhe de novo:
o horizonte é uma linha fina, incerta,
como uma promessa que não se cumpre,
como uma vida que não se escolhe.
Talvez as mãos não tremam mais,
talvez a carne esfrie antes que os algozes retornem.
Mas o medo ainda sussurra,
como uma hipótese que nunca se testa.

O Enigma do SerOnde histórias criam vida. Descubra agora