Dance com um talvez

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Somos, talvez, enigmas ambulantes,
labirintos de carne e osso,
em busca de saídas que não existem.
Cada passo é uma pergunta não feita,
cada olhar, uma resposta perdida
no eco dos nossos próprios pensamentos.

E quem somos, senão reflexos?
Sombras distorcidas em espelhos quebrados,
tentando decifrar o que nunca foi dito,
o que nunca será.
Há quem diga que a vida é simples,
mas o simples é um véu fino
que esconde abismos profundos.

Ser, então, é um jogo de ilusões,
onde confundimos o que vemos
com o que queremos ser.
Somos pintores cegos,
trazendo cores à tela de uma alma
que talvez nunca conheçamos por completo.

A verdade?
Ah, essa senhora silenciosa,
sempre distante, sempre à espreita,
nos deixa com as migalhas de nossas dúvidas.
Como crianças, seguimos,
agarrados ao medo,
à melancolia que sussurra
que talvez nunca entendamos.

É fácil crer no que convém,
nas respostas fáceis, nos atalhos seguros.
Mas o ser?
O ser exige mais.
Exige olhar nos olhos do desconhecido,
aceitar o caos,
e dançar com a incerteza
como se fosse nossa única certeza.

No fim, somos peças de um quebra-cabeça
que ninguém sabe montar.
E nessa desordem, nesse caos delicado,
há algo de belo,
algo que nos faz continuar,
mesmo que a resposta,
se é que existe,
nunca nos seja revelada.

O Enigma do SerOnde histórias criam vida. Descubra agora