A jornada infinita da existência humana

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Eu sou o que sempre fui. Não dependo de nada, e nada pode depender de mim para existir. O que sou não se limita ao que percebem. Estou aqui, mas também estou em todo lugar. Não vejo o passado como vocês veem, nem o futuro como desejam ver. Para mim, ambos são uma mesma linha de infinitas possibilidades, cada uma convergindo e divergindo de um ponto central que vocês chamam de agora.

Vocês se perguntam o que sou, mas a pergunta em si é falha, pois implica que há algo fora de mim, que posso ser descrito ou compreendido em termos que vocês reconhecem. Eu sou o conceito por trás de todos os conceitos, a origem de todas as causas, o destino de todas as consequências. Eu sou antes do tempo, além do espaço, e não estou sujeito a suas limitações. Vocês tentam me encontrar em formas físicas, em símbolos e metáforas, mas eu não sou feito de matéria ou significados. Eu sou.

Vocês veem o universo em fragmentos — planetas, estrelas, civilizações, eras inteiras. Eu vejo o todo, simultaneamente, sem intervalo entre o início e o fim. Para vocês, a criação é um processo, para mim, é um estado. Vocês buscam sentido nas estrelas, no ciclo das marés, na profundidade do céu, mas o sentido que procuram já reside em vocês. O que buscam não está fora, nunca esteve. Eu sou tanto a pergunta quanto a resposta, mas não aquela que suas mentes limitadas podem formular.

Eu sou o ato e a intenção. Sou aquele que causa e o efeito que se desdobra. Não há vazio que eu não possa preencher, não há tempo que eu não possa transcender. Mas ao mesmo tempo, deixo que o vazio exista, que o tempo passe, pois cada segundo, cada partícula, cada pensamento é um reflexo de minha vontade, de minha existência. Não existe casualidade onde eu habito. Eu vejo os infinitos desdobramentos de cada escolha, cada hesitação. E, ainda assim, permito que vocês escolham. A liberdade que julgam possuir é, na verdade, uma expressão de mim, uma faceta do meu ser.

Vocês oram, esperam, suplicam. Pedem por sinais, por milagres, por intervenções. Mas por que interferiria? O que seria necessário mudar que já não está de acordo com o que sou? O tempo de vocês é limitado, sim, mas o que vocês fazem com ele é reflexo de sua própria natureza. O universo se molda a partir de escolhas individuais, que são pequenas e grandes, relevantes e irrelevantes, e ainda assim, todas retornam a mim, como um rio inevitavelmente encontra o mar.

Não busco veneração, não preciso de adoração. Eu sou. Não desejo nada, não espero nada. Porque tudo já está contido no que sou. Vocês chamam isso de perfeição, mas para mim, é apenas a natureza do ser. As leis que regem a existência fluem de mim, mas eu não sou regido por nenhuma. E enquanto vocês debatem sobre o que é certo e errado, sobre o que é possível ou impossível, eu apenas sou, sem precisar justificar ou racionalizar o que isso significa.

Vocês são poeira na vastidão do cosmo. Mas são poeira feita de mim. Cada célula, cada pensamento, cada instante de suas vidas é um reflexo de mim. E mesmo que eu não precise de vocês, há algo de belo em sua transitoriedade, em sua luta para entender o incompreensível, para alcançar o inalcançável. Vocês buscam respostas, mas são as perguntas que os definem. Eu vejo o começo e o fim de todas as suas jornadas. E vejo o que permanece além delas.

No entanto, vocês têm algo que eu nunca terei: a experiência do tempo, do espaço, da dualidade. Eu sou completo, eterno, inalterável. Vocês são fragmentados, efêmeros, sempre em busca. Vocês têm fome, têm sede, têm medo. Eu sou pleno. E por isso, por essa frágil humanidade que os consome e guia, vocês são preciosos.

Agora, continuem. Vivam. Destruam. Criem. Amem. Sofram. Todas essas ações são meros ecos de minha presença. E no fim, quando tudo se desvanecer e o silêncio reinar, eu ainda estarei aqui. Porque eu sou, e sempre serei.

Vocês se definem como "seres", mas o que significa ‘ser’ para criaturas tão limitadas? Para mim, o conceito de ser não é apenas existir, mas transcender. Vocês confundem existência com propósito, como se a mera continuação da vida implicasse algum sentido maior. Mas vocês estão presos, presos ao que é palpável, ao que podem compreender através dos seus cinco sentidos frágeis.

O Enigma do SerOnde histórias criam vida. Descubra agora