Boom...

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Ansiedade, a tremular do corpo aos dedos,
um espasmo mudo, uma correnteza fria.
O esforço é quase inútil,
mas o impulso é inevitável.

As possibilidades se fecham;
sinto o mundo murchar ao redor.
Diante dos acontecimentos: vejo o abismo,
mas, estranho, ele parece não ter fim.

O tempo me consome,
com dentes invisíveis, devorando meus passos.
Estado: em ruínas, em queda livre.

As verdades se distorcem,
como espelhos num pesadelo.
A busca, entre a desordem – mas o que eu busco?
A pergunta ecoa e volta vazia.

E então me pergunto: por que me esforço?
Se o mundo estará aqui, indiferente,
apenas um cenário frio, um teatro vazio
quando eu voltar (se eu voltar).

Ansiedade, a tremular,
um tic, tic – cada vez mais alto, mais perto,
um passo distante do boom final,
onde as palavras perdem forma,
onde o chão evapora e o ar é só ausência.

A vida é um som oco, um eco que vacila,
e eu tento me agarrar a esse pulso
mas minha pele já não responde,
meu corpo se fragmenta como papel molhado.

É o nada em pequenas doses,
o vazio é parte de mim e me atravessa.
E no escuro eu vejo o reflexo:
um estranho que me encara,
com olhos que me negam.

Quero gritar, mas a voz falha;
o som se perde na garganta,
como se o próprio ar fosse areia
e eu estivesse me afogando no silêncio.

É isso, talvez: um oceano invisível,
feito de promessas veladas, de medos não ditos.
A cada batida um grito preso,
cada tic uma despedida sussurrada,
e eu, com a âncora amarrada aos pés,
desço ao fundo, onde o som do mundo se desfaz.

O Enigma do SerOnde histórias criam vida. Descubra agora