Insensatez

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A insensatez é inevitavelmente um viés
Toda vida é regada de um desconforto
Toda vida é cheia de consequências acidentais.

A falta de controle sobre os acontecimentos,
O olhar voltado para um mundo incerto,
A maior das dores em um fluxo sem fim.

Abandonar a fim de louvar um sentimento
Que muitas vezes não é o suficiente para manter a sanidade.

São factuais as lembranças?
Ou foram criadas para lhe fazer ser quem não é?

A insensatez é inevitavelmente um viés.

Na sala de reuniões, olhares cortam como facas,
Palavras, em círculos, são ditas sem convicção.
O futuro é calculado em telas brilhantes,
Mas o presente, ah, o presente é uma roleta em movimento.

As decisões são apostas, sempre em alta rotação,
Uma corrida sem fim onde todos são apenas peças.
Quem controla, afinal, o destino das marionetes?
Os fios invisíveis, no entanto, não perdoam o erro.

O mercado respira como uma besta selvagem,
Cada batida do relógio uma chance de glória,
Ou o abismo, onde os corpos caem sem aviso.
Na superfície, sorrimos, mas por dentro, estamos quebrados.

Insensatez, esse viés tão humano,
Ajustando os ponteiros do nosso relógio,
Nos empurrando ao limite,
Onde sobrevivemos ou sucumbimos ao caos.

A insensatez é inevitavelmente um viés.

O dia avança, e a sala se enche de tensão,
Negociações se tornam espadas empunhadas no escuro,
Cada um segurando a respiração, esperando o movimento fatal.
Mas o sistema, esse monstro faminto, não conhece misericórdia.

Os números, as cifras, deslizam como veneno nas telas,
Um erro, e o castelo de cartas se desmorona.
As apostas, antes calculadas, agora fogem do controle,
Um turbilhão de caos engole todos sem distinção.

Naquele instante, o som agudo de uma notificação quebra o silêncio,
Um olhar de pânico percorre o rosto dos mais atentos.
O colapso é inevitável, a maré de perdas irreversível.
Todos se encaram, sem palavras, mas os olhos gritam: fracasso.

Ele se levanta, o mais jovem entre eles,
Os ombros curvados pelo peso de uma responsabilidade que nunca quis.
A sala parece girar em torno de sua respiração ofegante,
As mãos trêmulas, enquanto desliza o celular no bolso do paletó.

Lá fora, a cidade segue impassível, indiferente ao drama corporativo.
Mas dentro dele, tudo se dissolve, o sentido, a razão,
Cada cifra que deu errado, cada escolha que não pôde consertar,
Agora se reflete no brilho gelado da janela ao seu lado.

Com um passo, ele se aproxima,
Os murmúrios ao fundo se tornam distantes, irrelevantes.
Seus colegas presos às telas, lutando para sobreviver a outro dia,
E ele, simplesmente cansado de correr, de falhar.

Um segundo.
Um suspiro.
O barulho seco do corpo que se choca contra o chão.

A insensatez se fecha em um ciclo,
Um destino selado pela corrida desenfreada,
Onde nem sempre há vencedores,
Apenas sobreviventes e os que caem no caminho.

O Enigma do SerOnde histórias criam vida. Descubra agora