O Complô da Farsa

3 0 0
                                    

Um complô contra a autenticidade deste espectro,
Um crime sem sangue, mas cheio de roubo sujo,
Onde o brilho do inédito se apaga, quieto,
E o que era meu, agora vive no punho alheio,
Assinado com tinta que nunca foi tua.

Eles copiam! Ah, como copiam!
Cada curva da ideia roubada, cada nuance,
Deslizam pelas sombras como ladinos,
Fazendo do roubo uma arte vazia,
Onde o que é repetido se vende como ouro.
O que antes foi criação, agora é carne fria.

Aplaudem, com olhos cegos, a fraude velada,
Porque no teatro da mesmice o roubo é aceito,
E a plateia, cúmplice, finge não ver nada.
Cada palavra, arrancada do ventre criador,
Carregada por mãos que nunca souberam do suor,
Agora ecoa em bocas ocas, vestida de impostura.

E a fúria cresce, a indignação queima,
Porque o que foi copiado não é só forma,
É a alma arrancada do peito.
Não é só ideia, é pulsação! É grito contido
Que eles sufocam no embrulho perfeito,
Para vender barato como mercadoria vazia.

Eles copiam! Ah, como copiam!
Sem culpa, sem vergonha, sem o peso do real,
E cada vez que o fazem, matam o ato original.
A criação, antes viva, se torna cadáver,
E o mundo se afoga na lama da repetição,
Onde a verdade se dobra e se esconde
Sob o véu da convenção.

Mas a raiva ferve, não silencia.
Porque quem sabe, sente o peso da ausência.
O que eles copiam não é só uma linha ou verso,
É a voz autêntica, calada em um universo
De farsas empilhadas, de enganos sem fim,
Onde a cópia reina, mas nunca será origem.

O Enigma do SerOnde histórias criam vida. Descubra agora