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O primeiro fio de luz do amanhecer começou a surgir no horizonte, infiltrando-se pelas janelas altas do quarto de Elara e repousando suavemente sobre sua pele como um toque sutil do próprio universo. Acordou ao sentir o calor da luz, como se fosse chamada para algo maior, um destino que pulsava sob sua pele. Era mais do que um simples dia; era o início de uma nova jornada, um capítulo de um enredo que ainda aguardava para ser revelado.

Ainda deitada, Elara deixou que os sentidos a envolvessem. O lençol de linho, fresco e suave, acariciava sua pele, enquanto a cabeceira de madeira entalhada emanava a firmeza que prometia apoio. Cada detalhe em seu quarto refletia a opulência da nobreza, como se fosse um palco destinado à grandeza. Ao erguer o olhar para o espelho próximo, a imagem de Elara a encarava com uma intensidade que guardava um segredo profundo. Embora seu rosto fosse delicado, havia uma profundidade em seus olhos que apenas ela compreendia, uma história contada em sombras e luz.

As memórias de Hinylle vibravam em sua essência, lembrando-a do peso das batalhas passadas e das emoções que moldaram sua alma. Elara se levantou, indo até o lavatório onde gotas de água brilhavam na bacia de porcelana. Ao sentir o frescor da água em seu rosto, fechou os olhos, permitindo-se mergulhar na tranquilidade daquele amanhecer. Quando os abriu, notou que apenas seus olhos revelavam a diferença: um mistério que poucos poderiam captar.

Vestiu-se com uma túnica azul-escura, decorada com pequenos fios de prata que formavam padrões antigos e quase imperceptíveis. Ao se olhar novamente no espelho, sentiu-se envolta por uma aura que misturava sua história com um novo começo, um passo que a levava mais perto de seu destino.

Ao descer as escadas para o grande salão do castelo, encontrou Orléa, sua mãe, à sua espera. A postura firme de Orléa e a expressão impassível refletiam a autoridade inabalável que a cercava. Seus olhos, frios e avaliadores, percorriam Elara como se a examinassem em busca de qualquer traço de dúvida ou fraqueza.

“Elara,” começou Orléa, sua voz ressoando como uma ordem inquestionável. “Hoje você entra na Academia de Virtudes Nobres. Você sabe o que isso significa. Cumpra seu papel e lembre-se de que sua linhagem exige mais de você.”

Elara sustentou o olhar da mãe, firme e sem hesitar. Em sua postura, havia uma tranquilidade calculada, como se cada palavra de Orléa ecoasse um reflexo de algo que já estava profundamente enraizado dentro dela. Sabia que seu papel ia muito além do que se mostrava, e guardaria seu segredo com uma determinação inabalável. Apenas assentiu, tecendo um mistério ao seu redor.

Na carruagem que a levava à Academia, o silêncio era palpável, preenchido apenas pelo som das rodas sobre o cascalho e pelo canto distante dos pássaros. Observava a paisagem que se desdobrava através da janela: florestas densas e rios que serpenteavam entre os campos, cada cena despertando reflexões sobre os conhecimentos de sua vida passada e as promessas da Academia.

Quando a visão da Academia de Virtudes Nobres se ergueu à sua frente, uma construção imponente com torres altas e muros de pedra robusta, sentiu um misto de excitação e apreensão. Aquela estrutura era guardada por símbolos e estátuas de criaturas mágicas que pareciam observá-la com uma sabedoria ancestral. Ao descer da carruagem, uma sensação de pertença a algo imortal a envolveu, como se ela fosse uma peça de um grande quebra-cabeça que existia muito antes de sua nova vida e continuaria muito além dela.

Dentro da Academia, o salão principal era como um reino em si, um espaço vibrante onde arcos altos sustentavam tapeçarias que narravam histórias ancestrais. Os vitrais projetavam cores sobre o chão de mármore polido, criando um efeito hipnotizante. Jovens nobres estavam reunidos, alguns riam discretamente, enquanto outros cochichavam, todos imbuídos de um orgulho que transparecia em suas posturas. Quando Elara entrou, um murmúrio percorreu o ambiente, e os olhares se voltaram para ela, alguns curiosos, outros com uma leve admiração. Sua presença emanava uma calma que contrastava com a ansiedade disfarçada dos demais.

Elara Sulfuric [  O Legado ]Onde histórias criam vida. Descubra agora