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Elara caminhava pelos corredores da Academia de Virtudes Nobres com passos calculados, como se cada movimento fosse parte de um meticuloso jogo de xadrez. As tochas que iluminavam o caminho lançavam sombras dançantes nas paredes de pedra fria, enquanto o som rítmico de seus sapatos ecoava pelos corredores vazios. Cada passo, embora firme, refletia a tempestade que fervilhava em sua mente. A recente conversa com o diretor não parava de reverberar, como um enigma que ela precisava decifrar antes que as peças no tabuleiro começassem a se mover sem seu controle. A oportunidade oferecida parecia tão promissora quanto perigosa, e a ameaça velada não havia passado despercebida.

Quando Elara empurrou a pesada porta de seus aposentos, o som do ferro raspando a pedra parecia anunciar sua chegada. Benedith, atenta como sempre, já a esperava em silêncio. O brilho suave das velas no quarto esculpia as feições de sua senhora em traços sombrios e graves. Mesmo sem uma palavra, Benedith percebeu o peso que Elara carregava nos olhos — a inquietação oculta por trás de sua habitual máscara impenetrável.

"Minha Lady," começou Benedith, enquanto fechava a porta com um movimento suave, garantindo que nenhuma alma curiosa as ouvisse. "A audiência com o diretor trouxe algum novo desdobramento importante?"

Elara permaneceu em silêncio por um breve momento, seu olhar fixo em um ponto distante. Respirou fundo antes de responder, como se escolhesse cuidadosamente cada palavra. "Ele me alertou sobre forças em movimento na Academia. Há algo acontecendo, algo maior do que podemos ver. Ele quer que eu faça parte disso, mas se recusa a me dar todos os detalhes. O que ficou claro, no entanto, é que estou sendo observada."

Benedith, que raramente se deixava abalar, sentiu uma leve onda de preocupação atravessar seu semblante. Seus dedos ágeis ajudaram Elara a remover o manto de viagem com precisão calculada, mas a tensão no ar permanecia densa, quase palpável. "Ele mencionou algo concreto, uma tarefa específica?"

"Não," respondeu Elara, os olhos agora mais alertas, faiscando com a luz da lareira que crepitava suavemente. "Ele foi vago de propósito, como se quisesse que eu decifrasse sozinha. Mas não sou ingênua, Benedith. Ele está me testando. Algo está se movendo, e preciso estar à frente, como sempre."

Elara caminhou até a janela, onde o vento frio da noite sibilava contra o vidro, trazendo consigo uma sensação de inquietude que parecia sussurrar segredos antigos. O céu lá fora era vasto e sombrio, como um oceano de trevas sem fim. O eco das palavras do diretor — "Forças estão se movendo..." — misturava-se com o murmúrio do vento, criando um clima opressor.

"Você acredita que essas forças vêm de dentro da Academia, ou algo mais amplo está em jogo?" arriscou Benedith, sua voz baixa, como se temesse perturbar o delicado equilíbrio de mistério que pairava no ar.

Elara permaneceu imóvel, seus olhos fixos no horizonte além das janelas. "Essa é a pergunta que me atormenta. O que o diretor não disse pode ser ainda mais perigoso do que aquilo que ele mencionou. Se há forças em movimento, posso estar cercada por inimigos... sem sequer conhecê-los."

Elara se afastou da janela, sua expressão agora endurecida pela determinação. Caminhou até a mesa central de mármore, seus passos ecoando como batidas de um tambor de guerra. Sentou-se com uma postura impecável, cruzando as mãos suavemente sobre a superfície fria do mármore. Sua presença preenchia o aposento com uma aura de comando.

"Benedith," disse ela com a voz calma e firme, "quero que me diga o que sabe sobre os outros alunos. Há algo incomum? Alguma informação recente?"

A serva hesitou por um momento, ponderando antes de falar. "Há rumores, como sempre. Disputas entre as casas nobres, sussurros sobre alianças forjadas em segredo... Mas há algo que chamou minha atenção. Alguns falam sobre encontros clandestinos, realizados à noite, longe dos olhos das autoridades."

Elara Sulfuric [  O Legado ]Onde histórias criam vida. Descubra agora