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Elara permaneceu em silêncio por um momento, contemplando o céu estrelado e as sombras que se projetavam pelo jardim do castelo Sulfuric. A lua refletia nas folhas das árvores e flores exóticas, criando uma atmosfera de mistério e poder — o tipo de cenário perfeito para os jogos de intriga que se desenrolariam no baile de máscaras. Ao seu redor, seus irmãos aguardavam.

“Temos uma oportunidade diante de nós,” Elara começou, sua voz cortando o ar noturno como uma lâmina afiada. “O baile de máscaras é mais do que apenas uma celebração. É o palco perfeito para manipular as percepções da nobreza e solidificar nossa posição como a família mais poderosa do reino.”

Castien inclinou a cabeça ligeiramente, um sorriso de interesse surgindo em seus lábios. “Eu sabia que você tinha algo em mente. Vamos, irmã, compartilhe seu plano. Estou ansioso para ver como faremos o mundo falar sobre nós.”

Elara deu um passo à frente, os pés quase flutuando sobre o caminho de pedra que serpenteava pelo jardim. Cada movimento seu era calculado, elegante, digno de sua posição. Ela sabia que, para dominar verdadeiramente, não bastava ser a mais sábia ou a mais forte — era preciso controlar as narrativas que as outras casas contavam sobre você.

“Nossa presença no baile deve ser estratégica,” ela disse, virando-se para encará-los. “Devemos entrar como um só, como uma unidade inabalável. A família Sulfuric não pode parecer dividida ou vulnerável, mas ao mesmo tempo, cada um de nós precisa desempenhar seu papel com precisão. É aí que o poder verdadeiro está — em criar uma imagem de perfeição, e ao mesmo tempo, plantar sementes de dúvida nas mentes dos outros.”

Kiran, sempre o mais analítico, franziu ligeiramente a testa. “Você está falando de manipular percepções, mas para que finalidade? Quer apenas impressionar os nobres ou há algo mais em jogo?”

“Há sempre algo mais em jogo, Kiran,” Elara respondeu com um leve sorriso. “Nosso objetivo é consolidar nosso domínio. Precisamos criar uma narrativa que nos coloque no centro das atenções, mas não apenas por causa de nossa riqueza ou posição. O reino precisa ver os Sulfuric como uma força incontrolável, algo além de simples títulos nobres. Precisamos gerar rumores... boatos que ampliem nossa influência de forma quase mística.”

Tristan, sempre o mais impulsivo, cruzou os braços e lançou um olhar curioso. “Boatos sobre o quê, exatamente? Se formos fazer algo grandioso, temos que ter certeza de que será convincente.”

Elara deu um passo em direção a ele, seus olhos faiscando com a ideia que lentamente tomava forma em sua mente. “Boatos sobre nosso poder. Sobre como, em nossa linhagem, corre um sangue especial, algo que nos conecta a forças maiores do que o reino. Antigas magias, mistérios que transcendem o tempo. Devemos fazer as pessoas acreditarem que nossa influência não é apenas política, mas que tocamos algo divino... algo que eles não podem compreender ou desafiar.”

Castien arqueou uma sobrancelha, intrigado. “Você quer transformar nossa família em lendas vivas? Um mito que ninguém ousará questionar? Gosto da ideia, mas isso exige mais do que simples boatos. Precisamos de algo... visível, tangível.”

Elara assentiu, já prevendo essa necessidade. “Exato. No baile, cada um de nós desempenhará um papel. Eu serei o centro das atenções, como a convidada de honra, mas vocês três terão missões específicas para garantir que os boatos sejam plantados e, mais importante, cultivados.”

Kiran, sempre o mais cauteloso, olhou para a irmã com uma expressão calculada. “E como exatamente você pretende fazer isso?”

“Simples,” ela começou, um brilho de determinação em seus olhos. “O baile será o ponto de partida. Eu usarei minha magia sutilmente, algo pequeno, quase imperceptível, mas que cause impacto. Talvez uma leve manipulação dos elementos ao nosso redor — o fogo nas tochas, as sombras nas paredes — para que pareça que os Sulfuric estão em comunhão com algo mais profundo. Algo além do controle mortal.”

Tristan, com seu espírito combativo, deixou escapar um riso baixo. “Então vamos jogar com o sobrenatural? Adoro isso. Mas o que fazemos depois que as pessoas começarem a notar?”

Elara caminhou lentamente pelo jardim, deixando que o vento agitasse suas vestes escuras. “Após a minha demonstração sutil, cada um de vocês terá um papel. Castien, você usará seu talento para intriga para soltar boatos cuidadosamente construídos sobre nossa conexão com antigas magias. Faça parecer que está apenas repassando o que ouviu, mas de uma forma que os outros se sintam compelidos a investigar.”

Castien sorriu, já vislumbrando como jogaria o jogo. “Isso será fácil. Todos sempre querem acreditar no extraordinário, especialmente quando não conseguem entendê-lo.”

“Kiran,” Elara continuou, virando-se para o irmão mais silencioso. “Você, com seu olhar atento, observará quem entre os convidados está mais receptivo a esses boatos. Use seu discernimento para identificar quem pode ser uma peça útil em nossa ascensão. Ofereça sutis alianças, mas não revele nada demais.”

Kiran assentiu, seus olhos brilhando com compreensão. “Posso fazer isso. Muitos se impressionarão com as histórias... e com nossa presença.”

“E Tristan,” ela se aproximou do mais impetuoso dos irmãos, “você será nossa força visível. Não precisa fazer muito além de ser exatamente o que é — o irmão mais audacioso, o que todos olham e respeitam pela força e presença. Mas haverá momentos em que precisará apoiar nossas histórias com ações. Talvez proteger um convidado importante de um ‘acidente’ planejado. Mostre que os Sulfuric não apenas detêm poder, mas que o impõem.”

Tristan sorriu de forma predatória, já se imaginando em meio ao caos controlado. “Contem comigo para isso.”

Elara deu um passo atrás, observando seus irmãos e sentindo a energia crescente entre eles. “Juntos, faremos o baile ser mais do que uma simples celebração. Ele será lembrado como o momento em que o nome Sulfuric ascendeu a algo além da compreensão comum. Os boatos que plantarmos se espalharão como fogo, e em breve, seremos vistos não apenas como uma das casas mais poderosas, mas como algo a ser temido, admirado... reverenciado.”

O vento soprou mais forte, como se o próprio mundo estivesse ouvindo e respondendo ao plano ambicioso de Elara. Seus irmãos assentiram em uníssono, suas mentes já trabalhando nos detalhes. A noite seria longa, mas as sementes de um império forjado no mito e no poder já estavam sendo plantadas.

E quando o baile de máscaras chegasse, o reino jamais seria o mesmo.

Elara Sulfuric [  O Legado ]Onde histórias criam vida. Descubra agora