O salão de jantar estava envolto em uma atmosfera tranquila, iluminado por candelabros suspensos que lançavam uma luz dourada sobre a mesa luxuosa. O crepitar suave do fogo na lareira trazia um leve calor ao ambiente, enquanto o aroma sutil dos pratos finamente preparados flutuava no ar. A família Sulfuric estava reunida: Orléa, Ivor, Elara, e seus três irmãos, Castien, Kiran e Tristan. Embora a harmonia reinasse no momento, havia uma tensão silenciosa, um pressentimento de que algo grandioso estava para ser revelado.
Elara, com seus olhos vermelhos como rubis e a postura sempre impecável, esperou o momento perfeito para falar. Sabia que o que diria não seria uma surpresa para sua mãe, Orléa, que já estava ciente de seus planos, mas para seu pai e irmãos, a revelação seria inesperada. Ela apreciava o controle que exercia sobre esses momentos, onde as palavras tinham tanto poder quanto as ações.
Após alguns minutos de conversa leve e trivial, Elara repousou o cálice de vinho e ergueu o olhar, encontrando o de seu pai primeiro, e em seguida, o de seus irmãos. A calma em seu semblante contrastava com a intensidade que habitava dentro dela.
“Pai, Castien, Kiran, Tristan...” começou ela, suas palavras fluindo com uma suavidade hipnotizante, “há algo que estive discutindo com mãe, algo que envolve nossa presença no próximo baile.”
Ivor, sempre atento aos detalhes, arqueou uma sobrancelha, demonstrando um interesse imediato. Castien, o mais velho dos irmãos, cruzou os braços, ansioso por saber mais. Kiran, o mais impulsivo, manteve o olhar fixo em Elara, enquanto Tristan, o mais introspectivo, parecia estar sempre analisando as intenções por trás de cada frase.
Elara respirou fundo, deixando o silêncio se estender por mais alguns segundos antes de continuar. “Decidimos que não seremos apenas mais uma família nobre no salão. No baile, a nossa imagem será uma declaração. Não só em relação à nossa linhagem, mas ao que representamos como os Sulfuric.”
Orléa, com um leve sorriso de aprovação, observava a filha com orgulho. Ela já conhecia os planos de Elara e confiava em sua visão.
“Vamos usar trajes que combinem entre si,” Elara disse, com a voz carregada de determinação. “Não será apenas uma escolha de moda, mas uma estratégia. As cores que escolhi – preto e vermelho – têm um propósito. O preto, um símbolo de mistério e poder. O vermelho, sangue e fogo. Essas cores nos destacam, não apenas como uma família, mas como algo superior. Quando entrarmos no salão, seremos uma visão imponente, uma unidade. Todos irão notar, e mais importante, irão lembrar. Mas isso vai além de aparência.”
Ivor, que sempre apreciou a visão estratégica de Elara, inclinou-se levemente à frente, intrigado pelo que mais sua filha teria a dizer.
“Elara, o que está propondo é algo que nunca foi feito antes. Uma união visual de poder?” Ele parecia entender a profundidade do gesto, mas Elara sabia que ainda havia mais a revelar.
Ela acenou com a cabeça, seus olhos brilhando à luz das chamas da lareira. “Sim, pai, exatamente. Mas não se trata apenas de cores. A ideia é transformar nossa presença em algo que transcenda o visível, algo que fale diretamente à psique dos outros. Vamos além do que o simples status pode oferecer. Nosso poder será demonstrado de uma forma que se crava nas mentes daqueles que nos observam. Eles vão querer nos imitar, mas jamais conseguirão fazer melhor.”
A intensidade de sua fala cativava a todos ao redor da mesa. Era difícil não ser levado pela paixão controlada que emanava de Elara. Ela sabia quando soltar suas palavras com precisão cirúrgica, conduzindo os pensamentos dos outros exatamente para onde queria.
“Mas há mais.” Ela se ergueu levemente, a postura majestosa e controlada. “Cada um de nós terá uma peça especial, um amuleto. Algo que irá representar não apenas quem somos, mas o que somos. Nossa história, nossa essência. Esses amuletos serão criados pela designer, sob minha orientação, e terão uma magia embutida neles.”
Os olhos de seus irmãos se arregalaram ligeiramente ao ouvir a palavra "magia". Kiran, sempre o mais inquieto, inclinou-se à frente, curioso. “Magia? O que exatamente você tem em mente, Elara?”
Ela sorriu de canto, sabendo que havia capturado sua atenção por completo. “Esses amuletos não serão apenas joias de decoração. Eles terão um significado profundo, ancorados em nossa linhagem. Cada um será imbuído com uma magia antiga, que ressoe com o sangue que corre em nossas veias. Algo que mostre ao mundo que os Sulfuric são mais do que nobres; somos uma força, uma presença que carrega a marca de uma linhagem ancestral e indomável.”
Ivor se endireitou na cadeira, o brilho em seus olhos demonstrando tanto surpresa quanto admiração pela visão de sua filha. “Você quer dizer... que esses amuletos serão como uma extensão de nós, uma manifestação física de nosso poder?”
Elara acenou. “Exatamente, pai. Eles serão um símbolo, um lembrete constante de que, onde quer que estejamos, nossa força não é apenas visível, mas palpável. Cada um de nós carregará um amuleto que será único, mas juntos formarão um conjunto perfeito, simbolizando nossa união e nossa superioridade.”
Castien, que geralmente mantinha uma postura mais calma, finalmente falou. “Elara... isso é mais do que um gesto. É uma mensagem. Estamos mostrando ao mundo que somos os herdeiros de algo muito maior do que qualquer um possa imaginar.”
“Sim,” Elara concordou, sua voz se tornando um pouco mais suave, porém não menos poderosa. “E essa mensagem não será facilmente esquecida. Seremos vistos como inspiração e, ao mesmo tempo, como algo inalcançável. Eles podem tentar imitar, mas jamais igualar.”
Orléa, até então em silêncio, finalmente interveio, seus olhos brilhando com orgulho contido. “Foi por isso que confiei à Elara a tarefa de decidir. Ela entende o peso do nome Sulfuric. E mais do que isso, ela vê o futuro.”
O silêncio caiu sobre a mesa mais uma vez, mas dessa vez carregado de significado. Ivor, após alguns segundos de contemplação, finalmente sorriu. Um sorriso que, embora discreto, refletia a profunda admiração que sentia pela filha. Ele sabia que, apesar de tudo o que havia acontecido, Elara — ou Hinylle — tinha se tornado alguém que ele não podia deixar de respeitar e, mais do que isso, apoiar.
“Você superou todas as minhas expectativas, Elara,” ele disse, sua voz carregada de sinceridade. “Eu estou ao seu lado. Esses amuletos, essa estratégia... Será algo que marcará a história dos Sulfuric de uma forma que ninguém jamais ousará esquecer.”
Os irmãos de Elara assentiram em uníssono, sentindo o poder das palavras de seu pai. Estava decidido. A família Sulfuric não apenas participaria do baile — eles o dominariam.

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Elara Sulfuric [ O Legado ]
FantasyNo coração de uma era antiga, onde a magia e os segredos da nobreza se entrelaçam, Elara Sulfuric: O Legado revela a história de uma jovem determinada a forjar seu próprio destino. Reencarnada no corpo de Elara, uma nobre com um sobrenome que carreg...