Roleta Russa

A Festa Fiásco

"Os povos precisam de festas brilhantes, pois os tolos gostam do ruído, e as multidões são tolas" - Napoleão Bonaparte

Eu, meu pai e Marta, entramos na limousine atrás de Charles. Os pais dele já se encontram lá. A presidência da empresa deve chegar junta na festa.

Lilian, que já está com a barriga de grávida aparecendo, foi a primeira a me cumprimentar. Hoje é a primeira vez que a vejo fora de casa desde que comecei a namorar Charles. Ela estava tentando esconder a gravidez.

- Gaia, você está adorável querida! - George, pai de Charles, me deu um breve beijo na mão antes de cumprimentar meu pai e Marta.

- Vejo que vocês decidiram anunciar a gravidez hoje!

A voz do meu pai saiu alegre e festiva. Muito diferente do tom que sempre escutei dentro de casa. Mas é assim que ele sempre fala com os Walton. Ele e George cresceram juntos, assim como a minha mãe e Lilian. O carinho e a amizade que emana entre eles é quase palpável.

- Sim, mas parece que teremos vários anunciamentos hoje. O namoro entre nossos filhos, por exemplo.

Dei um sorriso pequeno a George. Não via essa festa como um veículo para mostrar a todos que estou com Charles.

- E não só isso. - continuou George - É também uma ótima oportunidade de mostrar que a presidência da empresa continuará na mão das nossas famílias. Assim que vocês dois se casarem e a Gaia se tornar Gaia Marriott-Walton, daremos a vocês a sua herança e vocês darão continuidade ao nosso legado.

O que!? O que George acabou de dizer me atingiu em cheio. Charles tem tando direito a esta empresa como eu. Nossos pais a fundaram juntos. Além de eu estar presa a esta herança maldita, Charles também está. Nossa vida está desenhada para nós desde que nascemos. O plano deles, desde sempre, era que eu e Charles casássemos.

As lembranças dos comentários que os nossos pais faziam sobre o nosso relacionamento desde que somos bebês voltaram a minha mente. "Vocês são lindos juntos" "Tenho certeza que os dois acabarão juntos" "Segure a mão dela Charles, vamos lá! Não fique com vergonha".

Eu e Charles fomos criados juntos. Sempre juntos. Sempre com um propósito. Nosso casamento seria perfeito para a família. Eu fui manipulada a minha vida inteira, e mesmo lutando contra as imposições que eram feitas a mim, no final, cai na armadilha. Eu me apaixonei por Charles Walton, assim como ele se apaixonou por mim.

Meu estomago se contraiu com o pensamento. Olhei para Charles de relance, pela sua expressão ele entendeu, assim como eu, que nosso relacionamento sempre fez parte do plano. Tentei não prestar atenção nas conversas dos nosso pais, enjoada demais para falar alguma coisa. Encostei minha cabeça no ombro de Charles tentando pensar em uma saída, tentando pensar em como, a partir de agora, seremos donos dos nossos próprios destinos.

- Chegamos. - A voz do meu pai me assustou, levantei a cabeça, já me arrependendo de ter vindo esta noite. Charles deu um pequeno aperto na minha mão, me lembrando que está lá. Com um suspiro sai do carro sorrindo para o flash das câmeras dos jornalistas que vieram presenciar o grande evento.

***

- Vamos dançar - Charles me puxou pelo braço e me guiou até a pista de dança. Suas mãos seguraram a minha cintura e envolvi meus braços em seu pescoço. Movendo lentamente nos perdemos em meio aos outros casais na pista.

Assim que terminamos de tirar as fotos para os jornais nos juntamos aos nosso pais para darmos pequenas entrevistas sobre a empresa e entramos no salão. Fomos apresentados a dezenas de funcionários até finalmente sentarmos na mesa.