O Começo do Fim

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"As mentiras tem pernas curtas, mas o escândalo tem asas." - Thomas Fuller

- Onde você está indo?

William tentou segurar meu braço mas me livrei e continuei correndo. Precisava chegar até o meu pai o mais rápido possível. Pelo canto do olho vi as pessoas me encarando de um jeito estranho. Devo estar parecendo uma louca correndo pelos corredores da escola.

Não parei até chegar no meu carro e também não olhei para trás enquanto dei partida e sai do estacionamento da escola. A unica coisa na minha cabeça é aquele carta idiota que contém um número inaceitável de escândalos envolvendo a minha família. 

Não consigo imaginar porque alguém iria tão baixo por conta de um cargo idiota em uma empresa mais idiota ainda. Depois ainda perguntam porque não quero fazer parte de nada disso. Nunca vou me misturar com essa gente que só sabe jogar o jogo do dinheiro e da ambição. Que fazem de tudo para ter mais poder, mesmo que isso signifique acabar com a vida de outra pessoa.

Estacionei em frente ao enorme arranha-céu. Fechei os olhos, tomando coragem para sair do carro e subir o elevador. Com um suspiro comecei a fazer o meu caminho.

O saguão do prédio do meu pai é enorme, todo feito de mármore. As pessoas aqui estão todas usando sapatos sociais e ternos. Pude perceber um ou dois olhares de mulheres reparando no meu uniforme de escola.

- Desculpa senhorita, mas você não pode subir.

Um homem alto, de pele escura e voz grossa, vestido com roupas de segurança me parou assim que tentei entrar no elevador.

- Eu preciso falar com o meu pai.

Ele sorriu calmamente e apontou para o balcão cheio de recepcionistas. 

- Primeiro você terá que falar com uma das recepcionistas para elas autorizarem a sua entrada.

Rolei os olhos. Não tenho tempo para perder e sei  que se for até as recepcionistas elas ligarão para a secretária do meu pai, que terá que entrar em contato com ele, voltar para dar a resposta as recepcionistas, que irão pedir meus dados, imprimir um crachá e só depois irão liberar a minha entrada.

- Escute, não preciso de crachá nenhum para subir. O que preciso é falar com meu pai urgente, se você me der licença, agradeço.

- Entendo que a senhorita esteja com pressa, mas é assim que esta empresa...

- Gaia!

Graças a Deus. Me virei e vi George andando na minha direção. A confusão no rosto dele por me ver aqui é hilária. 

- Oi George, tudo bem?

- Tudo ótimo. - Ele olhou para o segurança e depois para mim - Algum problema?

- Não, só preciso falar com o meu pai urgente, mas ele disse que não posso subir se não tiver um crachá.

George olhou para o segurança, um olhar severo e seguro.

- Acho que a senhorita Gaia Marriott deveria ter acesso a qualquer sala desse prédio, quando bem entender, sem ter que usar crachá nenhum, o senhor não concorda?

A cara do segurança desmoronou assim que ele ouviu "Marriott". Ele gaguejou um pouco antes de responder, mas logo se endireitou.

- Sim, senhor. E senhorita, é claro. Se ela tivesse me dito o nome dela antes eu teria...

- Você já deveria saber quem a futura presidente desta empresa é, agora se nos dá licença.

George colocou as mãos nos meus ombros e me guiou para dentro do elevador. Assim que as portas se fecharam soltei o folego, que até então, não tinha ideia que estava segurando.

Roleta RussaOnde histórias criam vida. Descubra agora