Luiza

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Terminei o jantar e subi, não tinha visto Jonas voltar da corrida, talvez ele tivesse esticado com os amigos, mas queria vê-lo. Então me apressei para a janela. Era uma janela bem ampla e a cortina se mantinha fechada para que eu pudesse ter privacidade. Então, empurrei a beiradinha da cortina para olhar e o susto que tomei quase me fez cair da cadeira. Havia um papel colado na janela do vizinho que claramente era uma mensagem. Primeiro, a mensagem evidenciava que ele sabia que eu estava observando. Segundo, porque ele achava que eu precisava de ajuda? Ajuda psicológica, devido ao fato de não ter mais nada para fazer além de ficar tomando conta da vida dele? E para piorar, ele estava lá olhando para ela, como se estivesse esperando uma resposta. O que eu diria afinal? Fechei a cortina, peguei uma folha de papel e escrevi com letras grandes. Isso era uma loucura, mas também era divertido, então resolvi responder da mesma forma:

PORQUE?

A distância era pequena, a rua estreita, a disposição das casas fazia com que a proximidade fosse quase invasiva. Por isso, não era difícil ler aquela distância. Ele respondeu depois de algum tempo.

PENSEI QUE ESTAVA EM PERIGO

Eu achei estranho ele demorar para responder, será que eu tinha sido grossa? Mas pela resposta dele, eu entendi que ele se sentiu envergonhado por achar que eu estava em perigo. Conversar daquela forma era bastante inusitado e até engraçado. Como alguém que não falava com outras pessoas, sentia o coração bater forte no peito. Peguei duas folhas dessa vez para responder.

EU NÃO SOU A RAPUNZEL

Ele viu, continuou olhando para mim mas não escreveu nada de volta. Ficamos nos olhando, até que a mãe de Jonas o chamou, ele deu um tchau meio sem jeito e saiu.

Fui dormir com o coração disparado. Ele tinha se preocupado comigo. Pensei que devia ter escrito outra coisa, algo que fosse uma pergunta, para que pudéssemos continuar conversando. Agora que ele sabe que eu não estou em perigo, não tem motivos para conversar, ainda mais desse jeito maluco. Dormi pensando nele e acordei muito cedo, me sentia ansiosa. Tive uma ideia e decidi mandar um recado, caso ele ainda olhasse para minha janela:

BOM DIA!
BOA AULA!

Prendi na janela e desci para estudar e não esperei para ver se ele iria ver ou responder.

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