Jonas

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Jonas

Eu precisei aprender a ser esperto porque desde criança tinha que ficar atento. Eu aprendi a ser observador e meus instintos eram aguçados depois de tantos anos fugindo, por isso percebi que eu estava sendo observado. No começo temi que tivéssemos sido descoberto, afinal mal chegamos nessa cidade, mas de forma discreta eu vi que estava sendo observado pelo vizinho da frente. Precisava de uma oportunidade para prestar atenção sem que meu observador percebesse que eu sabia. Como éramos vizinhos de frente, consegui uma janela da casa, onde pude olhar de volta sem ser percebido. Era uma menina. Uma menina bonita que devia ter a minha idade e parecia estar sentada em frente a janela. Porque ela ficava todos os dias no mesmo lugar me observando? Isso era muito estranho. Uma stalker da vida real… Decidi procurar por ela na escola no dia seguinte para perguntar porque ela ficava olhando pra minha casa todo dia.
Eu a procurei no dia seguinte, no outro e no outro também, mas não encontrei a menina em parte alguma. Não havia outro colégio pela região, ela realmente não estava indo para a escola. Será que estava doente? Isso estava me deixando muito curioso e quando voltei para casa, andei devagar, parei na porta, fingi olhar para o céu e lá estava ela na janela. Será que ela estava olhando para a casa ou para mim? Fiz um teste, a tarde sai como se fosse caminhar, me alonguei percebendo que ela estava na janela tentando se manter escondida pela cortina. Sai e dez minutos depois voltei pela rua de trás bem escondido pelo canto das casas e como eu imaginei, ela não estava mais na janela. “Ela fica olhando pra mim” sorri sem perceber. Entrei em casa e dessa vez eu que fui o stalker. Fiquei reparando que ela vez ou outra olhava rapidamente na direção da rua. Devia estar esperando eu voltar da caminhada. Ela era bonita e se estava interessada, porque não chegava e se apresentava como todas as outras faziam? Éramos vizinhos, talvez eu mesmo poderia me apresentar se ela aparecesse. Mas como um fantasma, só a via sempre na janela. Será que estava presa? Que precisava de ajuda? Que me olhava para pedir socorro? Um pânico subiu pela minha garganta e senti a respiração acelerar. Se esse fosse o caso, não podia simplesmente bater na porta, até porque seus agressores negariam. Eu conhecia muito bem esse tipo de vida. Tudo que já passei me levava a imaginar os piores cenários naquele momento. Então tive uma ideia louca. Apesar de idiota poderia funcionar se ela estivesse mesmo precisando de ajuda. Como ela sempre olhava pela janela, decidi escrever num papel e o prendi para que ela pudesse ver.

PRECISA DE AJUDA?

Qualquer balançar de cabeça eu entenderia como um sim e aí depois eu pensaria em como iria ajudar. Fiquei muito nervoso e ansioso para ela olhar a mensagem.

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