Amor Além das Aparências

Jonas

Eu pensava e repensava que tipo de mensagem poderia mandar para Luiza. Um simples “oi” como se não tivesse sido um idiota no dia da conciliação ou começava já com um textão explicando como me sentia? Era ridículo mas eu me sentia inseguro e não sabia o que fazer. Não queria ligar porque ela poderia desligar na minha cara. A mensagem suavizava o contato. Mas agora que ela estava comprometida, não podia chegar e dizer “amor que saudade”. Então o que eu diria afinal? Não queria soar desesperado mas também não queria que ela ficasse com a imagem do arrogante que eu fui da última vez. E ainda tinha uma questão muito importante, será que o número de telefone dela era o mesmo?

“Espero que tudo tenha se resolvido com o Fred e que ele não tenha levado aquela loucura adiante.”

Ah merda, como ela vai saber que sou eu?

“É o Jonas”

Me sentia muito idiota com aquela mensagem. Mas pensei que voltar ao ponto em comum seria uma boa oportunidade de começar um assunto. A cada minuto sem resposta ficava mais nervoso. O telefone deveria ter mudado, porque apesar de tudo ela não deixaria de responder. Ou deixaria?
Horas depois, sem resposta, eu decidi mandar outra mensagem.

“Se ele insistir em dizer que o quadro é dele, eu posso ser seu advogado”

Tava ridículo e patético, eu sabia. Mas até que era uma boa ideia, e cheguei a desejar que Frederico voltasse na questão para que eu tivesse a chance de defender Luiza e estar perto dela. Mostrar como eu me tornei um bom advogado, mesmo que para isso tivesse que ver o namorado dela por perto. Eu continuei sem resposta até o dia seguinte, quando recebi uma que não me agradou. Não era o que eu esperava, mas pelo menos era uma resposta. Eu teria que me esforçar para reconquistar o coração dela.

“Você deve ter reparado que eu já tenho advogada, mas agradeço a oferta”

“Claro, me desculpe”

“E agora Jonas, pensa e não deixa a conversa morrer né” eu pensava no que mais poderia dizer. Ela foi seca e objetiva. Mas eu não devia esperar outra coisa, eu merecia essa geladeira depois que ela foi sorridente, tentou conversar pessoalmente e eu não agi como deveria. Por isso, merecia que ela não demonstrasse nenhuma simpatia por mensagem. Mas eu continuei insistindo e puxando assunto.

“O quadro era lindo, está em alguma galeria?”

“O que você quer Jonas?”

“Só estou sendo simpático, somos velhos amigos não é?”

“Ah é? Se lembrou que me conhece? Naquele dia não parecia nem um pouco simpático e tampouco que éramos velhos amigos”

“Eu te falei que estava atrasado para ver outro cliente”

“É verdade, me rever depois de cinco anos não tem nenhuma importância mesmo. Então, não temos nada para falar. O Jonas que eu conhecia nunca me trataria daquela forma, eu prefiro as lembranças de quem você foi, do que conhecer quem você se tornou”

O pânico tomou conta de mim, eu não soube mais o que responder. Só queria estar perto dela novamente, ser amigo dela, reconquistar era um passo muito grande e eu sabia que o coração dela poderia ser de outra pessoa agora. Mas a amizade e o afeto dela, eu não queria perder. Eu não “era” assim, eu “fiquei” assim. Com o coração partido e a sensação de que passei a vida inteira fugindo de um homem que o mundo idolatrava e que no final deixou para mim uma fortuna que não apagava os anos horríveis que passei fugindo com a minha mãe. Eu me tornei frio e precisava do calor dela para voltar a vida. As palavras dela doeram no meu coração. Eu não era assim, eu precisava provar que eu só fiquei assustado demais.

“Me desculpa Lu. Você sabe que eu não sou assim. Não tive a intenção de te magoar. Me dá uma chance de tirar essa impressão ruim do nosso reencontro. Me deixa ser seu amigo novamente?”

Ela não respondeu e agora eu precisava aguardar pacientemente pela resposta. Não podia pressionar, afinal desejei tanto encontrar com ela e agi feito um babaca quando o dia chegou.