Pov: s/nAssim que chego em casa, ainda com as roupas que Billie tinha me emprestado, já sinto o ar pesado de sempre. Mal fecho a porta, e lá está Nate, jogado no sofá, pronto para destilar o veneno diário.
- Olha só, as roupas da aberração - ele solta com aquele sorriso presunçoso.
Reviro os olhos e tento ignorá-lo, me dirigindo direto para o quarto. Mas não tão rápido. Minha mãe me vê e, com a testa franzida, começa seu interrogatório.
- Você estava na casa de algum garoto? S/n, se você me aparecer grávida, eu...
Mas Nate logo interrompe, aproveitando cada segundo para piorar a situação.
- Não, mãe, ela tá andando com a sapatona da escola - ele ri, como se tivesse contado a piada do século.
Minha mãe me olha de cima a baixo, a expressão de desgosto cada vez mais evidente.
- O quê? E agora você quer virar homem vestido essas roupas? É isso?
Engulo em seco, tentando manter a calma, mas a irritação começa a borbulhar.
- Quê? Mãe? Eu só não tinha outras roupas, e minha amiga me emprestou essas, tá bom? E eu não quero virar homem!
Sem dar chance pra ela continuar, subo as escadas rapidamente, querendo fugir de qualquer outro comentário que pudesse sair daquela sala. Fecho a porta do meu quarto e me jogo na cama, cansada e com raiva. É sempre assim: um julgamento atrás do outro, um ataque atrás do outro, como se eu não tivesse o direito de ser quem sou.
Depois de alguns minutos deitada ali, tentando respirar fundo e acalmar a mente, as lembranças da noite com a Billie começam a se misturar aos meus pensamentos, e, aos poucos, a raiva dá lugar a algo mais suave. A sensação de paz que senti ao lado dela era algo raro na minha vida, algo que parecia impossível aqui em casa, com Nate e minha mãe sempre prontos para me derrubar.
Ficar com Billie... era como uma trégua do mundo. Ao lado dela, eu me sentia compreendida de um jeito que nunca senti antes. Sorrio, lembrando da maneira como ela me olhava, da intensidade daqueles momentos que compartilhamos. Só que ao mesmo tempo que esses sentimentos me trazem conforto, também trazem um pouco de medo. Tenho medo que o peso da minha vida em casa, dessa confusão toda, acabe me afastando dela.
Mas não. Eu não vou deixar que isso aconteça. Ela merece o melhor de mim, e, se for preciso, vou lutar pra manter isso... pra proteger essa conexão que estamos construindo.
Tomando coragem, pego meu celular e mando uma mensagem rápida pra ela:
"Ei, cheguei bem. Obrigada por tudo... de verdade. Queria que o mundo fosse como as horas que passo com você."
Olho pra tela, esperando que ela responda, e me sinto um pouco mais forte. Aqui em casa, posso não ter o apoio que eu gostaria, mas agora sei que posso contar com Billie. Ela é o tipo de força que eu nunca imaginei encontrar, e eu só espero que consiga ser o mesmo para ela cada vez mais.
A tensão no ar era palpável quando minha mãe me chamou para o jantar. Me sentei à mesa e quase engasguei ao ver Vitória entrando pela porta, como se tudo estivesse normal. Ela sorriu, aquele sorriso cínico que eu sabia bem o que significava, mas se comportava como se fosse a pessoa mais educada do mundo na frente dos meus pais. O pior é que minha mãe parecia completamente encantada com ela, enquanto eu mal conseguia disfarçar o desconforto.
A conversa continuava entre elas, até que Vitória decidiu lançar sua bomba, disfarçada em um tom casual e cínico:
- Então, s/n, como vai o namoro com a Billie Eilish?
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Um Brilho Por Trás Do Bullying - Billie Eilish & S/N
FanficPara Billie Eilish, sobreviver ao último ano na Highgate Academy tem sido uma luta diária. Carregando as marcas de um passado familiar conturbado e enfrentando os ataques de Nate e Vitória, ela faz de tudo para se tornar invisível. Até que s/n, a no...