Capítulo 5: Convite

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Pov: s/n

O fim de semana passou rápido, e quando a semana começou, percebi que algo em Billie parecia mais leve. Durante as aulas, a cada dia, eu me pegava tentando me aproximar mais dela. Nos intervalos, eu a chamava para sentar comigo, e nas aulas, sempre trocávamos olhares cúmplices ou dividíamos um comentário baixinho sobre algo engraçado que acontecia na sala.

Billie parecia mais à vontade, mais presente — como se, pela primeira vez, estivesse se permitindo existir ali, sem se esconder tanto. Já não era a garota com aquele olhar sombrio de quando a conheci. Na verdade, as mudanças estavam evidentes, mesmo que ela tentasse disfarçar. Até o professor de geografia comentou que ela estava participando mais das atividades.

Em um dia qualquer da semana, enquanto conversávamos na saída da aula, Nate apareceu no corredor. Ele olhou para nós com aquele típico desprezo estampado no rosto, mas parecia mais determinado a fazer algo diferente.

— Olha só, a esquisita tem uma amiga agora — ele disse, se aproximando lentamente, como um predador que avista uma presa.

Billie ficou tensa ao meu lado, abaixando a cabeça, mas, antes que ele pudesse se aproximar mais, dei um passo à frente e encarei Nate diretamente.

— Tem algum problema, Nate? Porque, se tiver, eu tô bem aqui pra resolver com você — falei, tentando manter minha voz firme e direta.

Nate deu uma risadinha desdenhosa, ignorando minha postura.

— Só tô achando interessante como a "valentona" se juntou com a aberração da sala — ele provocou, olhando para Billie com um desprezo evidente.

Senti a raiva crescer dentro de mim, e antes que eu pudesse me conter, já estava dando um passo mais à frente e dando um empurrão nos ombros dele.

— Fala mais uma vez e eu juro que você vai se arrepender — rosnei, meu corpo inteiro tenso.

Nate apenas riu, mas percebi que ele hesitou, e isso foi o suficiente para que ele recuasse um pouco, fingindo indiferença.

— Vocês duas realmente se merecem. Boa sorte, esquisitonas — ele falou, dando um último olhar para Billie, que permanecia em silêncio.

Ele finalmente se afastou, mas eu continuei parada, observando-o até ele desaparecer no corredor. Só então olhei para Billie, que ainda estava imóvel, o olhar fixo no chão.

— Billie, você tá bem? — perguntei, com a voz um pouco mais suave, tentando acalmá-la.

Ela levantou o olhar lentamente, e pude ver um brilho em seus olhos, algo entre tristeza e alívio.

— Eu… não sei como você consegue — ela disse baixinho, como se mal tivesse coragem de admitir.

— Consigo o quê?

— Ser tão… forte. Enfrentar gente como ele — ela falou, apertando os braços ao redor do próprio corpo, como se tentasse se proteger.

Aproximei-me, tentando mostrar que estava ali por ela.

— Ah, Billie... Se eles pudessem te tratar como você realmente merece. Você é tão inteligente, incrível — murmuro, e sinto cada palavra ser verdadeira.

Sem hesitar, a puxo para um abraço. Ela se mantém rígida por um momento, mas logo se entrega, e ficamos assim, envolvidas em um silêncio que parece dizer mais do que qualquer palavra. Sinto que ela está se apoiando em mim de uma forma que talvez não tenha se permitido antes.

Quando nos afastamos, noto uma lágrima solitária deslizar pelo rosto dela. Com cuidado, levo o polegar até sua bochecha, enxugando o rastro úmido enquanto ela me observa com uma expressão que parece revelar uma vulnerabilidade desconhecida.

Um Brilho Por Trás Do Bullying - Billie Eilish & S/NOnde histórias criam vida. Descubra agora