Billie e eu caminhamos lentamente até o pátio, onde ela se sentou em um dos bancos, ainda com uma expressão de dor no rosto. Eu me abaixei ao lado dela, preocupada, enquanto ela pegava o celular e digitava uma mensagem rápida.
— Mandei uma mensagem pro Finneas vir me buscar — Ela suspirou. — Mas não quis contar tudo… só disse que foi um acidente.
Eu assenti, entendendo. Não era o momento de preocupar ninguém, mas a tensão ainda estava lá. Alguns minutos depois, vi o carro de Finneas através dos portões da escola, e vi ele saindo quase correndo para onde estávamos.
— Billie! — Ele olhou para o pé dela e depois para mim, claramente preocupado. — O que aconteceu? Você tá bem?
— Tô bem, Finn, foi só um acidente mesmo — ela respondeu, tentando tranquilizá-lo, mas o incômodo era visível.
Sem fazer mais perguntas, ele ajudou a levantá-la e a apoiá-la para que pudéssemos ir até o carro. Finneas e eu fizemos o possível para torná-la confortável durante o curto trajeto, trocando olhares rápidos de preocupação.
— S/n, obrigada por estar com ela, vou levar ela pro hospital agora— ele disse, enquanto Billie se acomodava no banco de trás.
— Claro, Finneas. Eu vou com vocês até lá — falei, decidida. Ele acenou positivamente, e seguimos direto para o pronto-socorro.
No carro, o silêncio entre nós era carregado de uma certa ansiedade, eu sentia uma vontade enorme de ficar ali por Billie, de garantir que ela estivesse bem.
No caminho para o hospital, meu celular vibrava sem parar no bolso da mochila, mas eu ignorava cada notificação. Pela intensidade das ligações, não restava dúvida: era minha mãe ou meu pai, provavelmente com mil perguntas, prontos para exigir explicações. Nate já devia ter se adiantado, distorcendo tudo do jeito que lhe convinha. Aquele pensamento me incomodava, mas tentei afastá-lo; agora, o mais importante pra mim era Billie.
Olhei para o rosto dela pelo retrovisor da frente. Ela parecia calma, mas o pé inchado indicava a gravidade da situação. Finneas dirigia em silêncio, focado na estrada, enquanto eu observava Billie de perto, me perguntando se ela precisava de alguma coisa.
Meu celular vibrou novamente, uma insistência quase irritante.
Chegamos ao hospital em poucos minutos, e assim que Finneas estacionou, saí do carro rapidamente para ajudar Billie a descer. Ele me olhou, em um misto de gratidão e apreensão, mas apenas assenti, mostrando que estava ali para o que precisassem. Com cuidado, passamos o braço dela por cima dos meus ombros e a conduzi para dentro do hospital, onde um atendente logo percebeu o inchaço no pé dela e nos encaminhou para o setor de triagem.
Enquanto esperávamos, senti meu celular vibrar mais uma vez, mas tentei ignorar. Olhei para Billie, sentada ali na cadeira de rodas improvisada, ainda tentando manter a calma apesar da dor que provavelmente sentia. Meu coração apertava ao vê-la assim, mas um sorriso breve dela me tranquilizou.
— Ei, tô bem... — ela disse, a voz tranquila, como se tentasse me consolar.
— Eu sei, só... não suporto ver você assim — admiti, apertando de leve a mão dela.
Billie sorriu, desviando o olhar, como se aquele momento fosse o suficiente para esquecer tudo o que havia acontecido minutos antes.
— E... obrigada por se preocupar tanto comigo— ela murmurou.
Finneas, que estava mais à frente, olhou para nós de relance e se aproximou ao perceber que o médico já vinha em nossa direção.
O médico chegou e nos cumprimentou brevemente antes de pedir que levássemos Billie para a sala de exames. Guiamos a cadeira de rodas dela pelo corredor até a sala de radiografia, onde uma enfermeira ajudou a posicioná-la adequadamente para o raio-X do pé. Eu e Finneas ficamos do lado de fora, observando através do vidro enquanto o técnico ajustava a máquina.
A espera parecia interminável. Cada segundo, meu coração batia mais forte, esperando que tudo estivesse bem. Depois de alguns minutos, o técnico saiu e avisou que ela poderia ir para a sala de espera enquanto os exames eram analisados.
Na volta, Billie sorria, tentando demonstrar que estava tranquila, mas eu via a tensão em seus olhos. Voltamos para a sala de espera, onde ela se sentou com um leve suspiro de alívio.
— Eles já vão trazer o resultado — Finneas disse, se encostando na parede e cruzando os braços, claramente tentando conter a ansiedade. Eu me sentei ao lado de Billie, tentando confortá-la com um leve aperto em sua mão.
Depois de mais alguns minutos, o médico apareceu com as radiografias e se aproximou de nós. Ele explicou que, felizmente, o pé dela não estava quebrado, mas havia uma entorse significativa. Ela precisaria de repouso e para garantir a recuperação e precisaria de uma bota ortopédica.
Billie suspirou aliviada, e eu senti o peso sair das minhas costas. Finneas deu um passo à frente, visivelmente mais calmo.
— Ah, ainda bem que não foi nada mais grave — ele disse, olhando para Billie, e em seguida, para mim. Ele parecia escolher as palavras cuidadosamente.
Pouco tem depois outra enfermeira logo ajudou ela a sentar na cadeira para levar em outra sala para tomar um injeção no local para amenizar a dor e colocar uma bota ortopédica.
Fiquei esperando junto com Finneas e ela me olhava meio sem graça e curioso.
— S/n... prometi a Billie que não ia tocar nesse assunto, mas... Se vocês não querem que eu saiba, não estão conseguindo esconder o suficiente... Vocês estão namorando? — A pergunta saiu direta, mas ele ainda manteve um olhar suave, como se tentasse entender melhor a situação.
Meu coração disparou, eu não sabia se ela estava esperando o melhor momento, mas decidir falar.
— É... A gente tá namorando sim. — disse, dando um sorriso fechado.
Ele assentiu lentamente, um com sorriso de aprovação se formando em seu rosto.
— Só... Toma cuidado pra não machucar ela, ela parece muito bem depois que vocês se conheceram...
— Não se preocupa. — Digo, e logo a enfermeira volta com ela.
Guiei a cadeira de rodas até o carro e ajudei ela a entrar. Eu respirei fundo, sabendo que ia precisar da coragem pois estava receosa. Olhei para Billie, sentada, olhando a bota ortopédica no pé com uma expressão cansada. A vontade de ficar ao lado dela só aumentava. E, ao mesmo tempo, eu não conseguia afastar o peso que já sentia de voltar para casa e enfrentar a maré que me esperava lá.
— Billie — comecei, com uma voz mais baixa e hesitante —, vocês... se importariam se eu ficasse na casa de vocês essa noite?
Ela me encarou surpresa, mas o sorriso suave logo apareceu em seus lábios.
— Claro que a gente não se import, né, Finn? — Ele balança a cabeça afirmando — Quer dizer, eu adoraria que você ficasse... mas e a sua mãe? Não quero que tenha problemas, dá última vez você disse que ela tava "preocupada".
— Honestamente... acho que já tenho problemas demais pra lidar lá — dei uma risada curta e sem humor, tentando aliviar o peso. — Mas, de verdade, eu só queria ficar com você agora.
Billie olhou para mim com uma expressão de compreensão, apertando minha mão de leve.
— Então fica. Vai ser bom pra mim também — disse ela, com aquele olhar que sempre conseguia me acalmar.
Finneas, que ouvia a conversa enquanto dirigia, apenas sorriu. Ele me lançou um olhar compreensivo, como se entendesse o que eu queria evitar ao ficar fora de casa naquela noite. E isso me deu um conforto que eu não esperava.
— Obrigada, Finneas. De verdade — respondi com sinceridade.
Durante o trajeto, ela entrelaçou nossos dedos, sem precisar dizer nada. Era como se o toque dela afastasse qualquer problema que me aguardasse depois. E, naquele momento, mesmo com as preocupações rondando a mente, tudo o que importava era que eu estava ali, ao lado dela, exatamente onde queria estar.
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Um Brilho Por Trás Do Bullying - Billie Eilish & S/N
FanficPara Billie Eilish, sobreviver ao último ano na Highgate Academy tem sido uma luta diária. Carregando as marcas de um passado familiar conturbado e enfrentando os ataques de Nate e Vitória, ela faz de tudo para se tornar invisível. Até que s/n, a no...