Capítulo 2

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O cubículo de Lily ficava em um canto da área de trabalho coletiva. Era pequeno, mas acolhedor. Havia um pequeno arranjo de flores sobre a mesa — uma ideia de Teresa, sua colega mais experiente, que havia lhe dado o vaso como presente de boas-vindas.

— Vai trazer sorte no primeiro dia — disse Teresa com um sorriso afetuoso.

Lily começou a revisar a pasta de documentos que Scarlett lhe entregara. O conteúdo era complexo, cheio de informações detalhadas sobre as campanhas de marketing mais recentes da empresa. Ela sabia que precisaria estudar cada detalhe para criar uma apresentação convincente. Fazer as coisas com pressa não era uma opção.

As horas passaram em um borrão de gráficos e textos. Lily digitava furiosamente, tentando garantir que cada slide da apresentação fosse perfeito. Teresa passava por sua mesa de vez em quando, oferecendo um sorriso ou uma palavra de incentivo, mas, em sua maior parte, Lily estava sozinha com seus pensamentos.

Perto das quatro da tarde, Lily revisou a apresentação pela última vez. Estava bom. Ela sentia isso. Talvez não fosse perfeito aos olhos críticos de Scarlett, mas havia se esforçado ao máximo, e isso deveria contar para alguma coisa. Respirando fundo, ela enviou o arquivo por e-mail para Scarlett e aguardou nervosamente.

Às cinco em ponto, Lily recebeu um e-mail seco:

— Venha ao meu escritório.

Quando ela entrou novamente no imponente escritório de Scarlett, a atmosfera parecia mais pesada. Scarlett estava sentada atrás da mesa, os olhos fixos na tela do computador. Ela não olhou para Lily imediatamente, o que apenas aumentou sua ansiedade.

— Você me mandou isso? — Scarlett perguntou, finalmente levantando o olhar para Lily. Ela clicou em um dos slides, exibindo-o no monitor grande da sala. — Isso é o que você considera aceitável?

Lily ficou confusa por um momento.

— Eu revisei várias vezes, e achei que estava de acordo com as informações que a Srta...

— Está errado — Scarlett a interrompeu bruscamente. — Este gráfico está mal formatado, os números estão desatualizados, e a estrutura geral é amadora. Você acha que é assim que uma empresa líder de mercado deve se apresentar para clientes multimilionários?

Lily sentiu o rosto queimar de vergonha.

— Eu... eu posso corrigir. Trabalharei até tarde, se necessário.

Scarlett ficou em silêncio por um momento, seus olhos cravados em Lily.

— Você tem até as oito da noite. Não me desaponte novamente.

E, com isso, ela voltou a olhar para sua tela, sinalizando que a reunião estava encerrada.

Lily saiu da sala com o coração pesado. Não estava bom o suficiente. Ela voltou para sua mesa, sentindo as palavras de Scarlett reverberarem em sua mente. "Amadora", "inaceitável". Por mais que ela se esforçasse, parecia que nada seria suficiente.

Teresa, que estava saindo do trabalho, passou pela mesa de Lily e percebeu o abatimento da jovem.

— O que aconteceu, querida?

— Eu... falhei. De novo. — Lily suspirou, sentindo as lágrimas se acumularem nos olhos. — Acho que não sou boa o suficiente para isso.

Teresa sorriu gentilmente, colocando uma mão no ombro dela.

— Scarlett não é fácil de agradar. Ela nunca é. Mas não desista, querida. Você é capaz. Apenas continue tentando.

Lily agradeceu o apoio de Teresa, mas no fundo, se perguntava por quanto tempo conseguiria aguentar aquela pressão. Afinal, até quando tentar seria suficiente?

Entre Ordens e DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora