Era tarde quando Scarlett a havia levado até a porta, e enquanto ela se despedia, Scarlett a surpreendeu com um selinho suave, deixando um sorriso travesso em seus lábios.
— Nos vemos segunda-feira? — perguntou Scarlett, lançando-lhe um olhar sugestivo.
Lily assentiu, ainda sem saber como aquilo se desenrolaria. A noite tinha sido intensa, e o tempo que passou ao lado de Scarlett foi cheio de uma intensidade que ela ainda não conseguia entender completamente. Scarlett a queria, isso estava claro... mas até que ponto? Ela era apenas mais uma conquista passageira? Ou seria Scarlett realmente capaz de querer algo mais sério? Essa dúvida pairava em sua mente enquanto entrava em casa.
Jogou-se no sofá, exausta e com um sorriso involuntário no rosto, mas com o coração ainda cheio de dúvidas. Pensar na noite anterior a fazia sentir um calor subir pelo peito, lembrando dos toques suaves, dos sussurros no ouvido e de como, pela primeira vez, sentiu-se totalmente viva e desejada. Scarlett era uma tentação impossível de ignorar.
O resto da tarde passou em um ritmo mais lento, marcado pelo tédio. Lily passou parte do tempo ao telefone com sua melhor amiga, que agora morava em outro país e com quem raramente conseguia conversar.
— E então, como vão as coisas por aí? — perguntou Ana, animada.
— Ah, você sabe... o de sempre — Lily hesitou, ponderando sobre como muito havia mudado, mas incapaz de dizer o quanto.
— Nem pense em esconder as novidades, Lily! — riu a amiga. — Você está com aquela voz de quem tem algo a contar e não quer me falar.
Lily riu, desviando-se.
— Talvez tenha alguém... mas é complicado. Vou precisar de muito mais do que uma ligação para te explicar.
A amiga deu uma risada.
— Complicado sempre foi seu tipo favorito, não é? Não vejo a hora de ouvir essa história. Me mantenha informada, hein!
Mais tarde, conversou também com os pais, que perguntaram sobre o trabalho, preocupados como sempre com seu progresso na carreira. A interação familiar a trouxe de volta ao chão, embora parte de sua mente ainda se mantivesse distraída.
Segunda-feira
Na manhã seguinte, Lily tomou um táxi até a empresa. Durante o trajeto, seu coração disparava, e os pensamentos vagavam de um lado para outro. A noite passada, o selinho carinhoso de Scarlett ao se despedir, a promessa de vê-la novamente... o que aquilo realmente significava?
Ao chegar ao prédio, enquanto caminhava em direção à entrada, viu Scarlett e Clara conversando do lado de fora. A cena fez algo em seu peito se apertar. Pareciam animadas, compartilhando sorrisos, e Lily precisou se esforçar para não demonstrar a leve irritação. Decidiu manter a postura e simplesmente passou por elas com um breve "bom dia" e um sorriso controlado, já se preparando para entrar no prédio.
— Lily! — a voz de Scarlett a chamou, e Lily parou, virando-se.
— Sim? — respondeu, esforçando-se para soar neutra.
Scarlett pareceu um pouco nervosa ao olhar para ela, hesitando por um instante antes de dizer:
— Ah, eu... só queria que você soubesse que estávamos falando de trabalho. — Ela lançou um olhar significativo para Clara, parecendo pensar em algo. — Aliás, já que estamos todos aqui... Clara, essa é Lily. Lily, essa é Clara.
Clara estendeu a mão, sorrindo simpaticamente.
— Ah, então você é a Lily! Scarlett não para de falar de você.
Lily ficou surpresa com o comentário, e olhou para Scarlett, que agora parecia desconfortável, o rosto ligeiramente corado. O clima começou a suavizar enquanto ela percebia que talvez, apenas talvez, as coisas entre Scarlett e Clara realmente pertencessem ao passado. Clara era simpática, agradável, e logo Lily já se sentia mais à vontade.
Pouco depois, Clara se despediu e entrou e foi embora. Scarlett e Lily seguiram para o elevador, envoltas em um silêncio leve. Enquanto subiam, Scarlett lançou um olhar de lado para Lily e, sorrindo com aquele ar confiante, que Lily conhecia bem, quebrou o silêncio.
— Você está linda, Lily — murmurou, inclinando-se para mais perto. — E eu gostaria muito de te beijar agora.
Lily a olhou, perplexa e completamente desarmada. A sinceridade de Scarlett era surpreendente e deixou-a sem reação. Acabou apenas sorrindo, negando com a cabeça enquanto as portas se abriram no andar onde ficava sua sala.
— Até mais tarde — disse, enquanto saía do elevador, sentindo o olhar de Scarlett ainda sobre ela.
O dia seguiu normalmente. Lily se ocupou com as demandas do trabalho, mantendo-se focada, embora os pensamentos sobre Scarlett não a deixassem completamente. Já próximo do horário de almoço, seu colega Júlio apareceu, sorridente, para convidá-la para almoçar.
— Então, vai ser um almoço comigo hoje? — ele perguntou, casualmente.
Antes que Lily pudesse responder, Scarlett apareceu, os olhos fixos nela.
— Lily não poderá comparecer — declarou Scarlett, firme, dirigindo-se a Júlio. — Já mencionei que relacionamentos no ambiente de trabalho não são permitidos. Além disso, a senhorita Rose e eu já temos planos para o almoço para discutir alguns assuntos profissionais.
Assim que Júlio se afastou, Scarlett voltou-se para Lily, com uma expressão que misturava autoridade e algo mais, um brilho possessivo. Em um tom firme, ordenou:
— Lily, venha até minha sala. Precisamos conversar.
Lily seguiu-a em silêncio até a sala dela. Assim que a porta se fechou, Scarlett virou-se rapidamente, puxando-a para um beijo intenso e apaixonado. Seus lábios se encontraram com uma intensidade que fazia Lily esquecer onde estava, envolvida por um desejo que parecia incontrolável. Scarlett segurava-a com firmeza, e Lily sentia a energia de alguém que estava marcada pelo ciúmes e pela atração que não conseguia mais disfarçar.
A respiração de Lily se acelerou, mas logo ela recuou um pouco, interrompendo o beijo.
— Scarlett, você não pode simplesmente me agarrar sempre que sente ciúmes do Júlio ou de qualquer outra pessoa. — Lily falou, tentando manter a calma, embora suas palavras fossem cheias de uma intensidade contida.
Scarlett a olhou, os olhos faiscando.
— Ciúmes? — ela riu, desafiadora. — Não é ciúmes, Lily. Eu só...
— Só o quê? — Lily retrucou, com uma expressão desafiadora.
Elas se encararam por um instante, antes que Scarlett deixasse o tom provocador de lado e suavizasse a expressão, segurando o rosto de Lily com delicadeza.
— Só que não consigo mais parar de pensar em você desde aquele primeiro beijo. Desde aquela primeira noite, tudo mudou, e agora eu só quero tentar... tentar algo com você.
Lily sorriu, vendo que havia sinceridade em cada palavra. Scarlett estava realmente tentando abrir-se para ela, sem as máscaras de chefe, sem as barreiras que costumava erguer.
Com um sorriso, Lily a abraçou, e, ao se beijarem novamente, foi um beijo diferente — não de desejo e ordens, mas de algo mais profundo, de carinho e promessas veladas. Scarlett a segurou com ternura, e naquele momento, ambas sabiam que estavam dispostas a ver até onde aquilo poderia levar.
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Entre Ordens e Desejos
RomanceScarlett Windsor sempre foi uma chefe implacável, conhecida por seu rigor e controle absoluto dentro da empresa. Nada escapava de suas mãos, até a chegada de Lily Rose, uma jovem doce e sonhadora em seu primeiro emprego. O choque de personalidades e...