Capítulo 23

455 31 0
                                    

Era uma sexta-feira à noite, e o ambiente no evento era sofisticado e vibrante. O salão de festas, decorado com luzes baixas e elegantes, estava repleto de executivos, empresários e figuras influentes da cidade. Uma banda ao vivo tocava jazz ao fundo, dando um toque ainda mais luxuoso ao encontro.

Scarlett chegou ao evento com um terno preto impecável que realçava sua presença autoritária e ao mesmo tempo sedutora. Ela emanava confiança e classe, o tipo de mulher que, com um simples olhar, conseguia captar a atenção de todos. Lily a observava à distância, acompanhada por Júlio e Teresa, tentando esconder o nervosismo e a admiração que a visão de Scarlett despertava. O corte do terno destacava os ombros e o porte dela, e o leve brilho da lapela refletia a luz, conferindo-lhe um charme quase irresistível.

Enquanto Scarlett cumprimentava e sorria discretamente, Lily percebeu que os olhos dela pareciam sempre buscar alguém no meio da multidão. Um arrepio percorreu sua espinha ao perceber que talvez estivesse procurando por ela. Mas logo desviou o olhar, tentando focar na conversa de Júlio e Teresa. No entanto, seus olhos a traíam, e ela inevitavelmente voltava a mirar Scarlett de vez em quando.

Em um desses momentos, Lily viu uma cena que lhe causou um nó no estômago: uma mulher elegante e visivelmente rica se aproximou de Scarlett. A desconhecida usava um vestido fino e elegante, com um sorriso autoconfiante e uma expressão descarada de interesse. Ela se inclinou suavemente, rindo das falas de Scarlett, tocando-a casualmente no braço. Scarlett, com sua postura natural, parecia tranquila e até divertida. Esse momento, embora breve, deixou Lily incomodada. Ela tentou disfarçar, mas sua expressão a traía.

Conforme os garçons passavam, Lily aceitou bebida após bebida, tentando ignorar o incômodo. Scarlett, ao notar a situação de longe, aproximou-se do trio de forma casual.

— Parece que todos estão se divertindo — comentou Scarlett, sorrindo para Teresa e Júlio, mas mantendo um olhar atento e sugestivo sobre Lily.

Lily, tentando manter a compostura, respondeu em tom profissional, embora cada vez mais consciente da proximidade de Scarlett e de como o perfume dela a desestabilizava. Ela não conseguia afastar o ciúme e o incômodo, especialmente com a lembrança da mulher que conversava tão próxima de Scarlett ainda viva em sua mente.

— Lily, você está bem? — Scarlett perguntou em tom casual, mas com um brilho provocativo nos olhos que só ela conseguia captar.

— Ótima, claro — respondeu Lily, tentando ser firme. — E você? Parece estar aproveitando bastante o evento.

Scarlett sorriu de leve, inclinando-se levemente na direção dela. — Bom, eu tento aproveitar quando há... boas companhias. — Ela lançou um olhar breve na direção da mulher com quem conversara mais cedo, notando a expressão de Lily endurecer.

— Bom, com licença, preciso... ir ao banheiro — disse Lily rapidamente, saindo antes que qualquer um pudesse notar a expressão que tentava esconder.

Logo em seguida, Scarlett pediu licença ao grupo, mencionando que precisava resolver algo, e seguiu os passos de Lily. Ela a encontrou no corredor vazio que levava ao banheiro, e ao se aproximar, Lily cruzou os braços, olhando-a com firmeza.

— O que está fazendo aqui, Scarlett? — perguntou Lily, tentando manter o tom indiferente, mas com uma ponta de irritação que não pôde esconder.

— Eu ia perguntar o mesmo para você. Achei que estivesse evitando beber demais — disse Scarlett, cruzando os braços com um sorriso desafiador. — Ou talvez... tentando se distrair do que realmente te incomoda.

— Não tenho nada para me incomodar — respondeu Lily, desviando o olhar. — Muito menos para sentir ciúmes, se é o que está insinuando.

Scarlett sorriu, se aproximando devagar, até ficarem frente a frente.

— Tem certeza disso? Porque está me parecendo exatamente o contrário, Lily.

Ela deu um passo à frente, encurralando Lily contra a parede do corredor. Os olhos de Scarlett brilhavam com um desejo disfarçado, desafiando-a a continuar negando o que estava claro para ambas.

— E se eu estiver certa? Se realmente for ciúmes... qual seria o problema? — Scarlett sussurrou, desafiadora.

Lily a olhou com firmeza, tentando esconder o quanto estava abalada. — Se isso é um jogo para você, então eu prefiro ficar fora dele.

Scarlett manteve o olhar fixo, suspirando. — Vamos sair daqui. Precisamos conversar, e eu sei que você não quer que ninguém nos veja... assim.

Lily hesitou, mas acabou assentindo. Ela seguiu Scarlett até o carro, e o que não esperava era o destino: a casa da própria chefe. O trajeto foi silencioso, mas carregado de uma tensão intensa. Quando chegaram, Scarlett abriu a porta, e Lily entrou, sentindo o ambiente aconchegante e surpreendentemente acolhedor.

— Agora... quer me dizer por que fugiu? — provocou Scarlett, colocando a bolsa na mesa e virando-se para Lily.

— Fugir? — Lily deu um riso irônico. — Eu estava apenas evitando mais constrangimentos. E olha só onde estou.

Scarlett se aproximou, mantendo o olhar firme e os braços cruzados. — Desde quando eu sou um constrangimento para você?

Lily desviou o olhar, tentando manter a raiva que sentia. — Desde que você gosta de testar meus limites.

— Testar seus limites? — Scarlett sorriu, aproximando-se até ficarem novamente a centímetros de distância. — Então quer dizer que existe algo além de profissionalismo entre nós?

Lily sentiu seu coração acelerar, mas manteve o rosto impassível. — Talvez eu só queira lembrar você de que eu sou sua funcionária, e nada além disso.

— Se é o que realmente quer... então diga isso olhando nos meus olhos. — Scarlett segurou delicadamente o rosto de Lily, erguendo-o até que seus olhares se encontrassem.

Lily tentou se afastar, mas a intensidade de Scarlett a mantinha ali, presa por um desejo que ela mal conseguia disfarçar. Seus olhos trocavam olhares repletos de desejo e raiva, como se fossem atraídas por uma força inevitável.

Scarlett finalmente soltou o rosto dela, mas não antes de deixar seus dedos deslizarem levemente pelo queixo de Lily, uma carícia que deixava um rastro de arrepio por onde passava. — Acredite, Lily... isso está longe de ser apenas profissional.

Entre Ordens e DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora