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DULCE MARIA

A promessa de me comportar foi jogada ao chão junto com a camisa de padre Christopher. Depois de vê-lo sem ela, o meu corpo agiu sozinho; uma força descomunal e eletrizante guiou meus movimentos sem que eu conseguisse recuar, sem que encontrasse forças para não cometer uma estupidez. Sequer me lembrei de quem ele era, para mim, não passava de um baita homem gostoso e sarado na minha frente.

O que eram aqueles músculos, meu Deus? Todos tonificados, firmes, na medida certa para me enlouquecer. Quase não acreditava no que os meus olhos viam e precisei, de verdade, tocar aquilo tudo, sentir como era, apalpá-lo para conferir se era de verdade.

Já imaginava que fosse daquele jeito, mas não tão perfeito assim. Conforme o acariciava e percebia sua quentura e maciez, ficava mais louca para ir além, para avançar, até que se tornou impossível encontrar qualquer controle.

Avisei a ele que não podia, deixei claro que não tinha a menor capacidade de me afastar, e, pelo visto, padre Christopher compartilhava do sentimento, porque nada mais justificaria os seus lábios sobre os meus naquele instante, nem mesmo os dedos ligeiros atiçando a minha vagina com habilidade.

Não precisei nem de um minuto completo para entender que ele já tinha feito aquilo antes, e não apenas isso, havia repetido o suficiente para se tornar bom. A experiência ficava mais perceptível conforme avançava em minha boca, circulando a língua com exigência e precisão, deixando-me sufocada com ele todo sobre mim, imprensando-me naquela bendita parede.

Achei que me sentiria esquisita, errada, uma pecadora dissimulada, mas naquele momento não senti absolutamente nada além do tesão, e não quis nada além de que ele avançasse mais e me fizesse dele de uma vez. Estava ansiosa para senti-lo profundamente, porque sabia, em meu íntimo, que aquele erro tremendo valeria a pena. Por isso, não ousei me arrepender antes do tempo. Talvez jamais me arrependesse.

Os dedos puxaram minha lubrificação para o clitóris e o circularam numa constância que exigia dele, no mínimo, algum conhecimento de causa. A forma como me atiçava era surreal, e o fato de ser capaz de fazer aquilo comigo enquanto me beijava sem pausas me deixou sem opção. Não tive saída, só me restou gozar ruidosamente nos dedos dele, tomada por aquele desejo insano, desmedido e muito inapropriado.

Eu não soube nem o que gritar, quando explodi. Chamá-lo de padre me pareceu uma coisa suja, despropositada. E nunca tinha o chamado pelo nome como se ele fosse um cara normal, por isso só consegui gemer e gemer, mais alto e estridente, enquanto me contorcia e o puxava para se afundar em meu pescoço.

Gemi e me contorci de modo feroz, segurando sua nuca, e mais uma vez me deparei com a pequena corrente de ouro que ele usava, que estava para trás desde que tirara a camisa e que não ousei puxar para frente. Tive receio de descobrir o que havia nela, porém já imaginava. Como me agarrava a ele com bastante força, uma mão acabou sobre o cordão e pude sentir o formato da cruz entre os dedos.

Larguei-a de imediato, por não saber lidar com minha própria consciência.

Padre Christopher sugou a minha pele como se precisasse disso para viver, em seguida removeu os dedos de mim e os ergueu para enfiá-los na minha boca. Chupei meu próprio gosto enquanto ele me olhava em transe, guiado unicamente pelo desejo carnal, cru, latente entre nossos corpos exaustos de lutar contra aquilo.

Passei a língua nas pontas dos dedos dele na maior tara, com segundas intenções bem evidentes. Estava louca para abocanhar outra parte de seu corpo, a que eu sabia que era enorme. Pensando nisso, abaixei uma mão e o agarrei sobre a calça. Ele gemeu perto do meu ouvido, mas achei que era insuficiente ficar naquela etapa. Eu queria ultrapassar todas as barreiras, ainda que fosse loucura.

A sombra do pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora