Capítulo 3

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Após a trágica morte de Kaya, o bairro de Foulerton ficou ainda mais fechado e reservado.

As pessoas passaram a se trancar em suas casas às 4:30 da tarde, deixando as ruas vazias e silenciosas nesse horário.

No entanto, Alejandra continuou sua rotina de tomar chocolate quente sentada em sua varanda, observando a casa agora vazia de Kaya.

.....

Em uma determinada noite, enquanto se levantava para ir à cozinha buscar sua caneca de chocolate quente, o celular dela, que havia sido deixado sobre a mesa, vibrou inesperadamente.

Arqueando a sobrancelha, ela percebeu que a mensagem era de um contato sem número ou nome. Apenas uma curta frase ficou evidente na tela: "POR FAVOR, ME AJUDE."

Ela franziu o cenho, achando que a mensagem fosse uma piada ou alguém brincando com ela. Decidindo não responder, ela apagou a mensagem imediatamente. Entretanto, minutos depois, seu celular tocou novamente, desta vez com uma chamada de um número desconhecido e sem nome.

Frustrada, ela atendeu, pensando ser telemarketing, e disse impaciente:

—  Vocês podem dar um tempo? - No entanto, o que ouviu do outro lado da linha a surpreendeu: choros desesperados e passos ecoando, como se a pessoa estivesse correndo em pânico.

A pessoa disse, com voz áspera e aflita:

"Por favor, me ajude! Ele está vindo atrás de mim!".

Alejandra, surpresa, perguntou:

"Quem está vindo? Qual é seu nome?".

A jovem, desesperada, respondeu:

"Nina Mayer. É The Void! Ele está vindo... ele vai me matar!"

De repente, Nina gritou: "NÃO, POR FAVOR!", e a chamada foi desconectada abruptamente.

Alejandra tentou retornar a ligação, mas não havia número associado ao contato. Sentada em seu pequeno sofá, a jovem mergulhou em pensamentos, intrigada e preocupada com aquela estranha mensagem e a aflita voz da jovem mulher.

Após a perturbadora ligação telefônica, ela fez um esforço consciente para ignorar a mensagem de Nina Mayer.

Ela havia se mudado para Foulerton em busca de paz e tranquilidade, e não desejava se envolver em mais problemas. Entretanto, a curiosidade em relação ao aparente desaparecimento de Nina e sua conexão com a escola incendiada crescia mais forte que sua relutância em investigar o caso.

Pensou em contatar o policial que a levara ao trabalho na manhã em que Kaya fora brutalmente assassinada, já que eles haviam trocado contatos na ocasião. Contudo, algo em sua intuição a instigava a ir além, a não deixar o assunto morrer ali.

Ela pegou seu notebook e o colocou sobre suas coxas, deixando a caneca de chocolate quente sobre a mesinha da sala. Após alguns minutos de reflexão, decidida a descobrir mais sobre Nina Mayer, ela abriu o notebook e fez uma busca sobre o nome da mulher.
O primeiro resultado que apareceu foi um artigo noticiando o desaparecimento de Nina Mayer desde o incêndio na escola infantil. O título do artigo lia:

"Tragédia na escola: professora desaparece após incêndio".

O texto informava que Nina Mayer, uma professora de 26 anos, havia desaparecido desde a noite em que uma terrível tragédia atingira a pequena cidade de Foulerton.

O incêndio, que consumiu a escola infantil em questão de minutos, deixara um saldo de 13 vítimas fatais e 5 desaparecidas. No entanto, após longos dias de buscas, os corpos de 4 pessoas foram encontrados nas redondezas da escola, enquanto Nina permanecia desaparecida.

O artigo destacava que Nina era a professora da classe onde a maioria das vítimas fatais estudava. A polícia local investigava a possibilidade de que ela tivesse sobrevivido ao incêndio e fugido em estado de choque. Entretanto, a investigação não havia encontrado nenhum indício sobre o seu paradeiro.

Alejandra refletiu sobre a conversa que tivera com o policial naquela semana, notavelmente sobre as mortes e os desenhos macabros. A jovem percebeu que não poderia considerar como mera coincidência o fato de as vítimas estarem sendo mortas por terem alguma ligação com a escola incendiada.

A conexão entre Nina Mayer, a tragédia da escola e as recentes mortes violentas em Foulerton era muito forte para ser ignorada. Alejandra então decidiu investigar mais a fundo o desaparecimento da professora e sua possível relação com os terríveis eventos que assolavam a cidade.

Enquanto a informação sobre o desaparecimento de Nina Mayer se infiltrava em sua mente, Alejandra ficou intrigada com a razão pela qual a professora teria ligado justamente para ela. Afinal, ela nunca havia visto Nina Mayer em sua vida, e sua ligação com a tragédia na escola era somente uma coincidência.

Então, a jovem teve um momento de clareza: talvez Nina tivesse visto seu número de telefone no vídeo acusatório de Lilly, que havia se espalhado pela internet. Embora não tivesse certeza, parecia ser a única explicação plausível para a escolha de Nina a ter contatado.

Após pensar profundamente, ela decidiu ligar para o policial Christopher. Ele estava em uma ronda pelo bairro próximo quando viu a ligação dela; um sorriso se formou em seus lábios ao atender a chamada:

"Christopher aqui. Como está, senhorita?"

"Oi, Christopher. Tudo bem. Eu... recebi uma ligação muito estranha, e achei que você poderia me ajudar a entender o que está acontecendo."

"Claro, posso tentar. O que se trata?"

"A ligação... foi de uma mulher chamada Nina Mayer. Você a conhece?"

Em meio à linha, Alejandra ouviu um repentino silêncio, seguido de uma freada brusca no carro. Ela percebeu que ele ficara chocado com a menção do nome. Christopher engoliu em seco antes de responder, com a voz tremendo:

"Como você sabe o nome da minha irmã?"

A revelação de que Nina Mayer era irmã do policial aumentou ainda mais a perplexidade de Alejandra. Ela percebeu que a história era mais complexa do que imaginava.

"Eu... eu não sabia, Christopher. Mas eu realmente preciso conversar com você sobre isso. Pode vir até minha casa agora? Eu explico tudo."

"Claro, estou indo. Fique onde estiver. Vou estar aí em alguns minutos."

A jovem desligou o telefone, com a sensação de que as peças do quebra-cabeça era mais complexas de se encaixar. Agora, mais do que nunca, estava determinada a ajudar a resolver o mistério que pairava sobre Foulerton.

O policial Christopher chegou rapidamente à casa de Alejandra. Quando ele se aproximou da porta, ele estava nervoso.

Antes que ele pudesse erguer a mão para bater à porta, ela abriu e os dois se encaram.

Ela perguntou com um tom preocupado:

Você se machucou?

Christopher negou com a cabeça e respondeu, ainda um pouco abalado:

Não, apenas fiquei em choque com a menção do nome da minha irmã.

Ela assentiu, compreendendo o impacto emocional que a revelação teve sobre ele.

Entre, por favor. Vamos sentar e conversar. - Disse ela, após fechar a porta.

MOONWOOD- The last drawing Onde histórias criam vida. Descubra agora