Capítulo 8

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Alejandra dirigiu até a casa de Amélia Ferrer, cercada por uma aura de tristeza e abandono.

Ela subiu os degraus da entrada e tocou a campainha. Passados alguns segundos, Amélia abriu a porta, revelando uma mulher com olhos confusos e um semblante cansado, carregando a tristeza de alguém que experimentou uma perda significativa.

Senhora Ferrer, meu nome é Alejandra, sou repórter e estou investigando o incêndio na escola e as causas do trágico evento. - Ela mentiu. —  Poderia responder a algumas perguntas?

Amélia suspirou profundamente e acenou para ela entrar. Elas se sentaram na sala de estar, onde as paredes estavam adornadas com fotos de momentos felizes que contrastavam com o atual estado de Amélia.

O seu marido era o diretor da escola, não é? Eu ouvi dizer que ele tinha uma namorada.

Amélia lançou um olhar mortal para Alejandra.

Aquela mulherzinha não era nada além de uma amante sem vergonha. Meu marido morreu tentando salvá-la, enquanto me deixou para trás naquele prédio. - Era evidente o desdém na sua voz.

A senhora estava no local no dia do incêndio? - Alejandra perguntou curiosa.

Amélia fungou e revelou sua própria versão dos eventos:

Claro que estava. Eu sei que está pensando: "Uma mulher traída foi lá e ateou fogo na escola". E não, eu não fiz isso. Não vou negar que muitas vezes desejei matar aquela professorinha de bosta, mas fogo? Não, isso é ir ao extremo, e nenhuma criança merecia sofrer por isso. Nenhuma daquelas crianças tinha culpa do meu marido ser um sedutor barato.

—  Não se preocupe, eu não vim julgá-la, só estou tentando entender como tudo aconteceu. - Ela anotava no papel.

Amélia puxou a manga da sua blusa e mostrou a marca da queimadura no seu braço:

Olha o que sobrou para mim. Quando eu descobri o caso dele com a professora, fui até a escola para conversar com ele sobre nosso casamento. Ele me pediu o divórcio e saiu de casa no dia seguinte. Quando eu cheguei lá, encontrei os dois fazendo sexo na mesa dele. Eu dei um tapa no rosto dela e falei para ele que iria contar tudo ao conselho da escola. Quando eu saí, estava na metade da escada e senti fumaça vindo de cima. Foi quando eu tentei correr para salvá-lo, mas ele me empurrou para a sala onde ela estava com as crianças, e eu fiquei lá parada. - Ela respirou fundo e continuou:
Acho que foi o medo ou pânico de morrer queimada, então eu também fugi. Quando saí, percebi que havia deixado as crianças para trás. Que espécie de mulher eu seria se não as salvasse? Quando corri de volta para a escola, as portas estavam trancadas. Foi quando chamei a polícia.

Amélia olhou para Alejandra com tristeza em seus olhos:

Eu nunca consegui engravidar. E a maioria dos vizinhos me acusou de ter sido a incendiária; outros acusaram a professora, mas ninguém conseguiu provar nada. Além de ter sido traída, ainda fui acusada de assassinato.

Alejandra sentiu a dor e a angústia em cada palavra de Amélia. Era evidente que ela estava em um turbilhão de emoções e que a perda de seu marido e a culpa da tragédia a consumiam.

Sinto muito por tudo o que você passou, Amélia. Você não merecia isso. Tenho mais uma pergunta: você sabe se alguém tinha um motivo para incendiar a escola ou se há alguma conexão entre o incêndio e o assassinato do diretor e o desaparecimento da professora?

Amélia balançou a cabeça, seus olhos ainda perdidos na tristeza:

Eu não consigo pensar em ninguém que odiaria Pedro ou a professora o suficiente para fazer isso. Quanto à conexão, eu não sei dizer. Talvez o incêndio tenha sido uma distração para o assassinato ou vice-versa.

MOONWOOD- The last drawing Onde histórias criam vida. Descubra agora