XXII. Hwang Hyunjin.

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Eu não sei dizer ao certo quando me apaixonei por eles.

Talvez tenha sido no primeiro beijo que Felix me roubou, talvez tenha sido quando conversei pela primeira vez com Changbin, só sei que eles acabaram se tornando como oxigênio para mim.

Eu senti todas as dores deles, assim como eles sentiram as minhas. Me fizeram sentir especial.

Durante toda a minha vida -Que convenhamos, não está nem na metade.- eu sempre me senti deslocado, sem saber quem realmente era. Me sentia triste muitas vezes sem motivo, era como se houvesse um enorme espaço em branco.

Sempre parecia faltar algo, a felicidade, os sorrisos e risadas eram falsos, sempre tentei ao máximo me destacar, pensando que assim conseguiria preencher esse buraco, tentando achar algo que me fizesse feliz.

Em alguns dias, eu sequer tinha vontade de levantar da cama, era como se a vida tivesse me dado um soco. Cansei de contar quantos aniversários, natais e reveillons eu chorei escondido, sabe? Essas datas comemorativas onde todo mundo parece estar feliz e satisfeito com sua própria rotina. Mas, pra mim, cada aniversário e entrada de ano era uma tortura, pois eu só conseguia parar e pensar "O que tem de errado comigo?".

Com medo do julgamento das outras pessoas, de meus colegas, de Minhyun, do mundo.

Eu sempre senti muito medo de ser rejeitado, então acabei criando essa maldita máscara feliz, essa imagem de quem está sempre bem-humorado, de quem se sente vivo.

Mas, ai conheci eles.

Seo Changbin e Lee Felix me ensinaram a viver, a dar sorrisos sinceros, a chorar de alegria e não tristeza. Me ensinaram a me amar.

Eles me fizeram sentir seguro, mas, mais que isso, me fizeram sentir forte. Único. Diferente.

Aqueles dois garotos tão ferrados quanto eu me amavam, se amavam. Eles me mostraram que a opinião das outras pessoas não valia absolutamente nada, que não importava o que pensavam de mim, contanto que eu me sentisse satisfeito comigo mesmo.

E foi ai que tudo mudou. Os espaços em branco foram preenchidos, um por um.

-Amor, está quase acabando.- Felix sussurrou enquanto segurava a minha mão, Changbin estava do outro lado, também segurando a minha mão.

Na real, eu nem sentia mais a agulha entrando e saindo da minha pele, era uma dormência incomoda apenas, mas, ter os dois ali me acalmando era bom.

-Você vai adorar, bonitinho.- O Seo deixou um selinho nos meus lábios.

A presença deles se tornou tão importante para mim, tão surreal e ao mesmo tempo constante que eu sequer lembro como era a solidão de viver sem eles, como era não tê-los ali, segurando a minha mão e me fazendo encarar meus demônios.

-Pronto.- O tatuador disse enquanto limpava minha pele, me ergui vagarosamente, caminhando em direção ao imenso espelho na sala.

Observei os traços negros delicados, frutos de boas horas sentado na mesma posição com aquele cara cravando tinta em mim, mas, estava lá.

O ramo de flores que subia do inicio da minha coluna em um linha curvada ate o ombro, rosas bem desenhadas com seus espinhos e folhas, traços finos e grossos se misturando, olhei para o lado e vi meus meninos sorrindo.

-Por que rosas, hyung?- Felix questionou baixinho, e Changbin assentiu, afirmando que também estava curioso, já que eu sabia o significado das tatuagens deles, mas não havia explicado a minha escolha.

-São as flores que vocês viram em mim. Com seus espinhos e beleza.

Por que, depois de anos fingindo viver, preso em um monte de terra morta, eu finalmente estava vivo.

Aquelas não eram quaisquer flores, eram as flores que eles haviam encontrado em mim, em meio à um jardim triste e sem vida.

As rosas que eu vou carregar para a vida inteira como um lembrete do quão especial sou.

Eu estava vagando sozinho, por não me conhecer...
Mas em algum momento, eu me encontrei neles.

Os Garotos de Choker ❧𝕮𝖍𝖆𝖓𝖌𝖏𝖎𝖓𝖑𝖎𝖝Onde histórias criam vida. Descubra agora