CAPÍTULO 4 - Eu preciso decidir!

9.4K 638 43
                                    

Eu fiquei na sala durante as horas seguintes. Eu sentei no sofá, eu levantei e dei uma volta no cômodo, sentei na mesa de centro, levantei e fui até a cozinha, fiz café e voltei para a sala com uma enorme xícara e a minha cabeça tinha um único pensamento: "Será que isso é o correto a ser feito?" Alias, o que é o certo a ser feito? Eu quero aquele homem! Deus sabe o quanto eu quero aquele homem. Meu corpo implora por ele. Cada toque, cada carícia, cada sentimento que passou pela minha cabeça enquanto eu estava com ele. Foram horas e a minha cabeça não chegava a um consenso com o coração.

Eu me sentia uma menina. Menina de 22 anos que tinha tido um sexo louco com o patrão casado. Em relação a Sensatios eu não tinha muito o que falar. Eu sentia uma conexão inegável com o olhar dele durante a transa dessa noite. Transa não, ao amor que fizemos - como ele mesmo denominou agora a pouco - ao amor que fizemos.

Quando meu celular despertou para que eu pudesse "acordar" para trabalhar, fiz tudo de modo automático. Coloquei a xícara na pia, fui para meu quarto, escolhi um conjunto de lingerie preto e fui para o banho. Tomei banho de modo automático, me sequei, sequei o cabelo com o secador que já ficava a postos na penteadeira, passei rímel nos olhos, base para esconder a cara de passei-a-noite-com-o-meu-patrão-estupidamente-gostoso-na-gandaia, coloquei uma calça jeans justa, uma camisa social preta, peep toe nude, peguei a minha bolsa e sai com destino a IS Corporate.

Seria uma rotina normal se eu não estivesse com a cabeça cheia de coisa e ao mesmo tempo vazia. Eu realmente não sabia como eu iria reagir hoje na frente dele. O tempo inteiro que fiquei dentro do carro no trânsito, eu estava considerando recusar a proposta dele e colocar em primeiro lugar a minha carreira. Eu seria muito burra se eu mergulhasse de cabeça nessa situação e perdesse tudo o que eu ralei até aqui para conseguir. Era isso. Eu finalmente tinha chego a alguma decisão.

Eu sempre coloquei o amor em primeiro plano. Eu tinha o meu exemplo que eram os meus pais. Eles são o casal dos contos de fadas, aonde o príncipe e a princesa se apaixonam a primeira vista, se casam, tem a princesinha do "castelo" e vivem felizes para sempre. Eu já coloquei o amor em primeiro lugar na minha vida. O Fernando foi durante muito tempo o meu felizes para sempre. Eu acho que foi até por isso que eu nunca percebi os deslizes dele, deve ter sido nessa minha necessidade do amor ideal que eu sempre perdoava as viagens dele de vinte dias, sem ao menos trocarmos mensagens por dias. Era assim, do dia para a noite aparecia alguma viajem e ele ia. Dizia que a empresa era dele, e que os "compromissos" sempre caiam em cima dele. Era ele quem tomava as principais decisões e por isso a falta de tempo para responder as minhas mensagens. Telefonemas dele para mim? Viraram raridades. E isso não eram em apenas nas viagens, isso começou a passar para quando ele estava na capital junto comigo.

Quanto mais o casamento se aproximava, mais nós nos distanciávamos. Eu estava até a tampa compromissada com o casamento. Eram os enfeites da igreja, os enfeites do salão de festa. As fotos, os doces, as comidas, as bebidas, o DJ, vestido, cerimonialista, padre, e tudo mais o que acompanha um casamento. E ele... bem. Ele estava ocupado com a empresa dele. Pelo que ele me falava, ele estava arrumando tudo para nossa lua de mel.

Lua de mel. Lua de mel. Lua de mel. Foi a única coisa que ele ficou responsável por programar. Seria no Caribe. Eu estava aguentando tudo e toda pressão da organização do casamento porque eu sabia que descansaríamos por longos vinte dias. Seria a minha carta liberdade da loucura. Após isso eu voltaria, me mudaria para o apartamento dele, que é quase três vezes maior que o meu e seria a senhora Montebello.

Na semana que antecedia o casamento, eu estava sentindo que alguma coisa não estava certa. Eu estava tendo premonições de que algo muito ruim estava prestes a acontecer. E a minha mãe a todo tempo tentava me tranquilizar me dizendo que aquilo era ansiedade do pré-casamento. E por um momento eu preferi acreditar naquilo.

Tem que ser elaOnde histórias criam vida. Descubra agora