CAPÍTULO 13 - SEMPRE PODE PIORAR

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Abri a mensagem que o Roberto havia me mandado, e fiquei prontamente em alerta.

** Te ver chorando, é como se eu fosse mutilado aos poucos. Você está bem?**

Meu carro não é nenhuma fortaleza e os vidros não são escurecidos, então provavelmente ele tenha me visto chorar enquanto eu conversava com a minha mãe ao celular. Resolvi me esconder um pouco. Guardei o celular na gaveta e comecei a trabalhar. Hoje não seria ele e nem ninguém mais que me faria chorar.

Mergulhei de cabeça no trabalho e não vi quando o Roberto saiu para algum compromisso externo e também não parei para almoçar. Minha cabeça fervilhava e eu tinha que trabalhar e trabalhar para conseguir me manter focada nos meus últimos objetivos. Eu tinha até buscado novas oportunidades no mercado de trabalho. Talvez se eu fugisse sem dar satisfações da minha vida para ninguém, eu até poderia recomeçar longe dessa loucura toda.

Mas eu enfrentaria tudo isso de frente.

Pela décima quarta vez meu celular tocou, mas não era o toque que eu havia colocado para o Jonas. Era o toque comum. Olhei para a tela e fiquei em duvida se eu deveria ou não atender. Roberto estava me ligando novamente. Será que ninguém conseguia entender que eu precisava de um tempo para mim. Desliguei o aparelho literalmente e sai em direção a sala do senhor Olavo. Bati na porta e assim que obtive minha resposta para que eu entrasse, entrei e me sentei. Eu não perderia a coragem justo nesse momento.

- Senhor, boa tarde.

- Olá Liana. Deixe as formalidades de lado. Em que eu posso te ajudar?

- Na verdade, eu quero pedir um favor para o senhor. Eu estou tendo um problema, e está sendo um pouco complicado resolvê-lo. Então eu gostaria de ver se o senhor não pode me liberar hoje e no máximo amanhã para eu poder colocar minha vida nos trilhos novamente.

Ele ficou me olhando e por um momento e eu podia perceber que ele queria me dizer alguma coisa.

- Sabe Liana, eu enxergo tudo nessa empresa. Mais até do que as pessoas me contam ou querem me mostrar. Eu sei o quanto você é boa no que faz e o quanto se esforça para que o jornal vá para frente. Se você viesse aqui hoje e me pedisse para ser transferida, para tirar férias, licença remunerada, eu te daria. Você é uma das poucas funcionárias que eu confiaria minha empresa de olhos fechados. Até para minha filha eu relutaria, porque aquela é doidinha demais para assumir uma coisa que eu estou batalhando há tantos anos. Mas você e o meu genro são como filhos para mim Liana. Eu vi vocês dois desabrocharem e eu não quero que pense que ele foi promovido por ser meu genro ou que uma nova oportunidade ainda não surgiu para você por eu não estar te observando, mas eu preciso que alguns ciclos se concluam para outros iniciarem. Você me entende?

Fiquei olhando para ele tentando entender aonde ele queria chegar com aquilo tudo, mas somente uma coisa passava pela minha cabeça. Ele sabia! Com toda certeza do mundo ele sabia sobre esse caso estranho que eu mantinha com o Roberto, o genro dele.

- Na verdade senh.., Olavo, eu estou mais confusa agora do que quando entrei aqui. Existe algo que queira me falar? Pode ser sincero. Vou ouvir qualquer coisa que queira me dizer.

Ele riu de todo aquele meu nervosismo e eu comecei a suar e a tremer ao mesmo tempo.

- Liana, tudo tem seu tempo nessa vida, e embora na sua idade eu também gostasse e descobrir tudo e saber de tudo, hoje eu percebo que algumas vezes não estamos prontos para o que encontramos em nossas vidas e caminhos.

- Desculpa Olavo, - dei uma risada meio sem jeito, tentando soar o menos rude possível - mas eu continuo sem entender o que você quer me dizer.

- Eu quero te dizer Liana, que embora algumas coisas pareçam muito erradas, algumas vezes temos que esperar a vida colocar tudo nos eixos. Não somos sempre nós que providenciamos tudo. Tenho grandes planos aqui dentro para você, e mais para frente, você terá que fazer algumas escolhas. E eu acredito que você fará a melhor delas. Mas por enquanto é apenas isso que eu posso te dizer. Seu futuro promete ser brilhante e depende apenas de você. Mas voltando ao intuito inicial de nossa conversa, eu te dou duas semanas de folga, sem descontos no seu salário, nas suas férias, ou qualquer ônus na sua vida ou imagem profissional. Sei que você não viria aqui, se o assunto não fosse realmente sério.

Tem que ser elaOnde histórias criam vida. Descubra agora