Tem que ser ela

EPÍLOGO

Ela estava ali. Linda e dançando com Olavo. Ele havia entrado com a minha mulher em nosso casamento. Nunca havia visto uma mulher tão bela e imaculada em toda a minha vida.

Minha Liana. Aquela que a vida me deu de presente e me mostrou como eu poderia ser completo ao lado do amor e menos do que metade sem ela. O que era sinônimo do amor.

Ela vestia aquele vestido branco justo com calda de sereia. Em rendas no busto e nos braços e aquele tecido brilhante que marcava o corpo dela nos lugares certos.

Eu sentia paz quando estava ao lado dela. Sentia que o meu corpo precisava do dela, meu ser ansiava por ela quando eu não a tinha. E nós hoje tínhamos prometido ser um do outro para sempre.

Nos casamos em uma cerimonia simples, no jardim da casa que compramos recentemente. Tudo estava impecável e eu não poderia esperar menos da minha irmã e da minha sobrinha. As duas eram nossas damas de honras e fizeram tudo para que o casamento saísse perfeito.

Como eu havia casado na igreja com a Flávia, eu não poderia dar essa honra a Liana, mas Deus sabe o quanto meu coração quis que eu não tivesse feito metade de tudo o que eu fiz até aqui.

Eu quis nunca ter me envolvido com outra mulher, para me guardar inteiro para ela. Eu quis ter sido firme com ela para não ter deixado ela ter partido quando nos separamos. Foram os piores cinco anos da minha vida. Eu deixei a mulher da minha vida escapar porque eu me senti machucado.

Eu hoje entendo toda a dor eu ela sentiu no passado. E ela entende toda a dor que eu senti. Tudo foi passado a limpo. Eu hoje poderia falar que entre eu e o amor da minha vida, a minha mulher, futura mãe dos meus filhos, não há segredos. Tudo o que a minha não tão mais pura menina aprontou no tempo em que ficamos separados e tudo o que eu vivi nesse mesmo tempo, foi colocado na mesa durante a nossa primeira noite juntos.

Me lembro como se fosse hoje, a três anos atrás a noite que ficamos acordados conversando.

***

FLASHBACK ON

Entramos no meu quarto de hotel e eu via que ela estava tímida e receosa sobre o que aconteceria aquela noite.

Fui em direção ao bar dentro do quarto e servi duas doses de vodca. Uma para ela e outra para mim.

Seria longa e dolorosa nossa conversa.

Voltei para perto dela e me sentei.

- Uff. Por onde começamos?

Foi à primeira coisa que ela disse. E eu sentia todo o nervosismo que emanava dela para mim e de mim para ela.

Depois de quase cinco anos estávamos aqui, um de frente para o outro dispostos a recomeçar.

- Por que você fugiu?

- Então vamos pelo começo, não é mesmo?

Ela deu uma risada tímida. Aquela mesmo risada da qual eu tinha me apaixonado há muitos anos atrás. Nós vivemos uma vida inteira até chegarmos aqui, e eu daria um braço se eu deixasse essa mulher fugir de mim novamente.

- Sim. Temos cinco anos para colocar em pratos limpos.

Ri de volta para ela e meneei a cabeça passando confiança para que ela falasse.

- Eu tive muito medo de continuar aquela vida e ser feliz, quando na verdade eu tinha que viver o luto dos meus pais e o do Jonas. Isso eu pensava na minha cabeça pelo menos. Então sair de lá com a proposta de emprego da Magnificus já certa para mim, foi a melhor oportunidade que eu tive naquele momento. Eu amei demais você Roberto e esse sentimento está comigo até hoje. Eu tentei. Juro. Eu tentei demais te esquecer, mas nunca deu certo. Sempre havia alguma coisa, algum detalhe ou alguém que me lembrasse de você.