PIETRO SANTINELLE
-É per-perfeito! - Valentina gira, admirada com a casa, olhando minuciosamente para toda a extensão verde do rancho - É u-um-uma casa d-dos sonhos.
-Nunca esteve em nenhum lugar assim?
-N-não. - Balança a cabeça, abraçando a si mesma como uma espécie de proteção inconsciente - P-papa me man-manteve em uma casinha s-si-simples. Ele não pr-precisava de m-mim o irritando em casa.
-Você esteve sozinha por todo esse tempo?
-N-não. Ettore m-me visitava às vezes e eu t-tinha uma senhora para me ajudar na m-manu-manutenção da casa.
-O que aconteceu com ela?
-N-não tenho id-deia. Ela n-não falava muito com-comigo também.
-Bem, podemos nadar no lago, se quiser. - Aponto para o lago não muito longe da casa. Onde passei grande parte da minha infância brincando de lutinha aquática com Luca.
-Eu n-não sei na-nadar.
-Andar à cavalo? - Ofereço, pensando nos estábulos escondidos atrás da barreira de árvores que cercam a área da casa. Meu pai queria garantir que nenhum dos trabalhadores do rancho olhasse duas vezes para minha mãe enquanto ela nadava conosco no lago.
-Também n-não.
-Então o que você fazia?
-Est-estudava, lia livros, fa-fazia exercícios para que p-papa n-não se irritasse c-com meu p-peso, cozinhava. - Dá de ombros, como se não fosse uma grande coisa que ela vivesse como uma prisioneira.
-Você não saía de casa?
-Às v-vezes me le-leva-levavam para a c-casa do m-meu p-pai, mas eu n-não ficava m-muito tempo.
-Tire os sapatos, Valente. - Ordeno, me livrando da minha jaqueta jeans e jogando-a na grama.
-O que? - Pergunta sem entender
-Tire seus sapatos. - Repito, livrando-me de meus tênis também. Ela hesita um pouco, mas não demora em atender meu pedido.
Quando seus calçados estão jogados na grama e retirei todas as facas e a pistola que carrega comigo, deixando junto dos nossos pertences, eu a pego nos braços e corro na direção do lago. Seus braços rodeiam e agarram meu pescoço e ela grita um pouco antes que eu nos jogue de encontro as águas geladas. A seguro firme contra meu corpo, trazendo-nos de volta a superfície. Seus cabelos loiros estão colados aos rosto, o rosto um pouco corado pelo choque térmico e sua expressão está dividida entre choque e empolgação. Ela é adorável.
-F-frio. - Valentina comenta, tremendo um pouco contra mim e não posso deixar de sorrir.
-Logo o seu corpo se acostuma a temperatura. - Libero meu braço esquerdo, deixando suas pernas soltas na água enquanto mantenho o direito prendendo seu tronco a mim. Uso minha mão livre para escovar um pouco de seu cabelo molhado para longe do rosto - Não é tão ruim, é?
-U-uma roupa de b-anho seria me-melhor. - Sua timidez a domina e Valentina desvia os olhos dos meus, encarando a borda do lago - M-meu vestido está su-subindo com a água.
-Não vamos deixar isso nos atrapalhar. - Sorrio para ela - Venha.
Ajudo Valentina a se circular meu corpo, deixando minha frente e se estabelecendo em minhas costas. Seus braços circulam meu pescoço e suas pernas minha cintura. Posso ter tocado sua pele descoberta pelo vestido quando a ajudei e isso pode ter causado um pau semiendurecido, mas a hora e o lugar não poderiam ser piores. Ela precisa se acostumar a minha presença, não temer um tarado descontrolado. Além disso estamos no lago, por Dio, quem consegue ter uma ereção em um lago congelante? Tenha o mínimo de decência, Pietro.
-Não é p-pe-perigoso?
-Não, vou te manter segura. Agora mantenha seus braços e pernas firmes ao meu redor. Ou, ou, levante um pouco a perna ou teremos problemas para consumar nosso casamento um dia.
-Uh, desculpe.
-Grazie, passione mio.
Começo com nados curtos, para que Valentina ganhe segurança e não se desespere quando fizermos um nado mais longo. Tudo o que não precisamos é que ela se solte e se afogue logo na primeira visita ao rancho da família. Quando estou certo de que ela já se sente confiante o suficiente e que sabe que não a soltarei, começo a fazer nados mais longos, indo de uma extremidade a outra do lago e fazendo pequenas brincadeiras com ela. Sua risada altas encheu meus ouvidos e não pude conter um pequeno orgulho egoísta em meu peito ao pensar que eu estava proporcionando esse momento memorável para ela.
Estamos casados agora e apenas a morte pode nos separar, precisamos criar bons momentos juntos para ajudar na construção de nosso relacionamento. Isso é, consumando nosso casamento antes de voltarmos para Nova Iorque, não posso arriscar que seu pai desconfie de uma provável permanência de inocência e use isso a seu favor para anular nosso enlace. Cazzo, não estou deixando Valentina com aquele bastardo e definitivamente não estou deixando levá-la.
Ela é minha esposa agora, uma Santinelle, mesmo que eu não tenha a levado para cama e tornado o negócio real, mas eu vou. Sem dúvida eu pretendo, só preciso esperar o momento certo para não assustá-la. Por Dio, ela não conhecia o significado de bolas, não posso jogá-la na cama e arrancar suas roupas como um homem das cavernas, por mais que parte de mim queira mesmo fazer isso.
-F-Foi divertido! - Valentina solta uma gargalhada alta e gostosa de ouvir, tanto que quando dei por mim estava sorrindo para ela enquanto a girava de volta para minha frente.
-Posso ensiná-la a nadar, se preferir.
-E-eu fico feliz com a pr-proposta, mas não a-acho que seria a melhor coisa. Não me s-sinto bem com a id-ideia de estar s-so-sozinha e a d-deriva na água.
-Tudo bem, mas se mudar de ideia me avise.
-Vou me l-lembrar. - Instintivamente Valentina circula suas pernas em minha cintura e sei que está na hora de sairmos da água. O dia está amanhecendo e podemos adoecer com essa friagem, mesmo que o rancho seja muito bem iluminado, não apenas porque minha mãe detesta escuridão, mas por segurança em caso de eventual ataque.
-Nunca teve um namorado?
-N-não. - Balança a cabeça, para enfatizar o que está dizendo - Mi-minha casa ficava b-em afastada, s-só havia eu e a s-senhora que c-cuidava da casa. E v-você?
-Nenhum relacionamento sério.
-Oh!
Foi aí que apertei grandemente o botão do "foda-se" sobre cavalheirismo e a beijei. Deitando Valentina sobre a grama, na borda do lago e quando ela começou a retribuir o beijo eu tive certeza que estava perdido. Perdido pela minha própria esposa, se é que isso tem algum sentido.
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O Mestre - Contos Santinelle 02
RomancePietro Santinelle não é o mais compreensível dos homens. Seu humor afiado, charme pecaminoso, olhar avaliativo e alma sombria são capazes de corromper até a mais pura das almas. Se preparando para assumir como o braço direito de seu irmão, Pietro pr...