Capítulo 18

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PIETRO SANTINELLE

Barone me olhava inexpressivo, mas eu seus olhos eu podia ver o brilho do medo. Sem conseguir disfarçar meu desprezo, observo o homem de cueca preso na mesa de tortura com pulsos e tornozelos atados. Só de pensar que quase perdi minha mulher por culpa dele meu sangue ferve.

Meu pai e meu irmão estão assistindo tudo da escuridão do galpão, a única parte iluminada é a que meu sogro e eu estamos, destacados da escuridão por uma luminária velha pendendo no teto. Sem falar nada ou explicar-lhe o motivo de estar aqui, faço meu caminho até a mesa de utensílios para pegar uma faca pequena, mas afiada o bastante.

Volto para Barone e faço o famoso "S" em seu peito, confirmando sua sentença de morte. Ele, por sua vez, não diz nada ou mesmo grita enquanto corto sua pele e deixo que seu sangue destaque a bela letra, tudo o que recebo em troca é um pequeno tremor. Um homem da Famiglia afinal, em tese ele não cederia fácil.

Abaixo a lâmina ensanguentada, deixando meu braço pendendo ao lado do meu corpo para que eu conseguisse encarar seus olhos. Passo a lâmina para minha mão esquerda e ainda sem falar nada eu o soco. O soco no rosto até que seu olho esteja tão inchado quanto o de Valentina estava quando a encontrei, até que sua boca esteja duas vezes mais rasgada que a dela.

-Gostou de apanhar? - Seguro seus cabelos, obrigando-o a me olhar. Meu punho já está em carne viva e seu rosto ensanguentado, mas quem liga? Ninguém - Espero que tenha aproveitado porque foi exatamente isso que seu soldado de merda fez com a minha esposa. Foi a melhor maneira que encontrou de vingar a morte daquele desgraçado que tentou tocá-la? Eu vou te ensinar o que é uma vingança de verdade.

Largo sua cabeça com força, fazendo-o bater contra a mesa de metal e soltando um gemido de dor. Tentando recuperar algum autocontrole eu volto para a mesa de utensílios e deixo a faca. Pego um galão de vinagre e o trago para a mesa, retiro a tampa e viro o líquido sobre seu rosto. O prazer de vê-lo se debater na mesa, tentando não se afogar com o líquido e deixando que escorra para o "S" em seu tronco é grande, mas ainda não é o suficiente.

-Foi você, não foi? - Jogo o objeto vazio longe, focando minha atenção nos olhos de Barone enquanto seguro seu pescoço com força - Não preciso dessa resposta, eu sei que foi você. É o único suicida e incompetente o bastante para tentar nos atacar.

-Do que adianta falar algo? - Pergunta com certa dificuldade, não apenas por seu rosto machucado, mas pela respiração prejudicada por minha mão estrangulando-o - Vai me matar de qualquer maneira.

-Justamente. Do que adianta? - O soco outra vez - Você deve ter se sentido muito homem enquanto batia na sua mulher e na sua filha, não é? - Mais um soco - Se sentiu bem quando sua esposa tirou a própria vida com a sua arma? Aposto que ficou irritado, ela não tinha esse direito, não é? Se alguém a matasse, seria você.

Solto sua garganta, deixando que se engasgasse para recuperar todo o ar enquanto eu voltava para a mesa de utensílios e pegava um pequeno conjunto de adagas de lâmina fina. Cravo uma lâmina em sua panturrilha esquerda, outra em sua coxa direita e esfaqueio seu abdome gorduroso, de forma que o ferisse mas não atingisse nenhum órgão importante que o comprometesse até que eu decida terminar. Seus gritos são um deleite para mim, como pequenas doses de calmante para a minha sede de sangue.

-Eu sei que você, seu filho da puta, está por trás do atentado, mas Lorenzo que sua confissão e preciso que declare em voz alta para que as testemunhas aqui presentes estejam cientes da sua autoria. - Afundo a ponta da lâmina no alto de seu antebraço e a arrasto até perto da mão. Ele grita e se remexe, só causando mais estrago da adaga em sua carne - Agora.

Mesmo com as feridas, Barone não cede a pressão e mantém-se calado. Não que eu esteja reclamando de sua escolha, quanto mais eu puder fazê-lo sofrer e sentir um pouco de tudo o que Valentina passou nos últimos anos, mais aplacarei a raiva fervente em minhas veias.

-Você pode não ser homem o suficiente para honrar sua palavra. - Retiro lentamente a lâmina de seu músculo e rodo a adaga em minha mão, apreciando o brilho prateado em contraste com o vermelho do sangue - Mas eu sou e proteger minha esposa é a minha função.

Golpeio sua coxa, encantado em como as adagas em sua panturrilha e outra coisa tremeram junto com seu corpo. Estou perto de conseguir minha confissão e finalmente concluir nossa brincadeira.

-Você prejudicou Valentina por muitos anos. - Prenso seu queixo contra a palma da minha mão e empurro sua cabeça para cima, dando-me mais acesso ao seu pescoço. Não afundo a lâmina como deveria, apenas um corte superficial para que pouco sangue escorra e ele sinta o que eu quero fazer - Vou garantir que não faça isso outra vez. Consegue imaginar a raiva que senti ao encontrar um homem golpeando o que é meu? Valentina é minha esposa e o que é meu está protegido.

-Fui eu. - Sua voz ecoa desesperada, à medida que minha lâmina se aproximava do seu pomo de Adão - Eu montei a equipe e enviei os homens para o rancho. Eu estava negociando um casamento entre Valentina e Giovanni quando vocês fizeram sua proposta. Eu não podia recusar, quem negaria alguma coisa para os Santinelle? E quando Giovanni foi morto... Eu sabia que ela o havia provocado para começar uma cena. Vocês não conhecem Valentina, ela é exatamente como a mãe dela. Duas putas.

-Valetina é uma mulher honrada, que sobreviveu a anos vivendo com um desserviço como você. Bem, agora não mais. - E finalmente podendo fazer aquilo que venho esperando por tanto tempo, finco minha adaga no olho de Barone, sem conseguir esconder o sorriso ao ouvir seus gritos. Retiro a lâmina e volto a golpear seu pescoço, não parando até que sua garganta esteja aberta diante de mim.


O Mestre - Contos Santinelle 02Where stories live. Discover now