PIETRO SANTINELLE
Rolo na cama, tateando pelo colchão a procura do pequeno corpo quente que esteve junto ao meu nas últimas horas. Foi uma surpresa quando tudo o que minha mão encontrou foram os lençóis frios, Valentina não estava mais na cama há um bom tempo. Não estou acostumado a dividir meu colchão com alguém, mas a companhia dessa noite foi muito bem vinda.
Noite? Cazzo, noite não. Nos deitamos ao amanhecer do sol e não tenho ideia das horas agora, é com esse pensamento que um gemido de frustração me escapa e rolo de volta para apalpar a mesa de cabeceira procurando meu maldito telefone, esbarrando em meu livro e meus óculos no caminho. Encontrando o aparelho, aciono a tela só para me assustar por ser duas da tarde. Merda, nunca durmo até tão tarde.
Salto da cama e faço eu caminho até o banheiro. Cazzo, eu deveria estar atento. O rancho é um local seguro, mas meu sono costuma ser leve e não ter percebido Valentina sair do quarto só prova o quão acabado me sinto agora. Ter dormido nos últimos três dias poderia ter ajudado na atenção.
Em poucos minutos estou fazendo meu caminho para fora do quarto, com nada mais que minha calça moletom e o cinturão de couro com minhas facas transpassado por meu tronco. O cheiro maravilhoso de comida caseira me cerca e praticamente flutuo até a cozinha rústica, onde encontro Valentina cantarolando uma música e valsando pelo espaço com uma espátula na mão.
-Buongiorno.
-B-boun-boungiorno. - Ela me recepciona com um grande sorriso e não pude deixar de retribuir - F-fiz café e pan-panquecas. Eu sei q-que é tarde, m-mas parece uma boa para quem acabou de ac-acordar.
-É perfeito, grazie. - Beijo a lateral de sua cabeça antes de encher uma caneca de café e me acomodar no banco - Dormiu bem?
-S-sim e você?
-Muito bem.
-P-precisa mesmo us-usar essas facas?
-É um hábito. - Olho para as lâminas prateadas ao meu redor - Quando estava no hospital eu não as usava por ter sempre um bisturi por perto, mas agora é necessário.
-Mesmo?
-Ser um Santinelle tem muitas vantagens, não posso negar. Grazie. - Agradeço quando ela coloca uma pequena pilha de panquecas diante de mim - Mas há seus riscos e ter sempre pessoas querendo sua morte é de um deles. Não importa o que você faz, o quanto tente se afastar ou o quão envolvido esteja nos negócios, eles estão sempre querendo sua cabeça. E agora não estou sozinho, não é apenas a minha cabeça em jogo agora. Estamos casados e meu dever, como seu marido, é te manter segura.
-M-mas precisa e-estar armado aqui d-dentro?
-É um hábito, passione mio.
Deixo minhas panquecas intocadas sobre o balcão e faço meu caminho até ela. Valentina coloca a espátula na pia, se recosta contra os armários e cruza os braços sobre o peito. Sua roupa de ginástica abraça seu corpo de uma forma que deveria ter considerado crime, não nego que teria sido do caralho encontrá-la com uma blusa minha.
-Esteve se exercitando?
-É um-uma rotina. P-papa di-dizia que u-uma m-mulher fora de f-o-forma n-não des-desperta o in-interesse do m-marido.
Não é a primeira vez que percebo como a gagueira de Valentina parece intensificar quando ela se refere ao pai. Depois de tantos anos vivendo com aquele desserviço de ser humano, seu receio e traumas não são surpresa.
-Valente, eu não poderia me importar menos quanto a isso. - Aproximo-me dela, prendendo seu corpo entre eu e a pia, obrigando-a a olhar em meus olhos - Se quiser continuar com seus exercícios faça porque quer e não por alguma merda que seu pai disse. O casamento é nosso. É a nossa relação, seu pai não pode ficar nos assombrando dessa forma.
-No-nosso casamento ainda n-não foi consumado, não é?
-Não, ainda não.
-Por que n-não estávamos nu-nus?
-Exatamente. Não tem relação nenhuma com seu corpo. Você é linda de qualquer maneira, Valente.
-I-isso é normal na s-sua família? A-as explicações so-sobre o leito co-conjugal?
-Não geralmente. As mulheres que ingressam a nossa família costumam ser instruídas antes do casamento, algumas dispensam qualquer conversa. - Aproximo nossos rostos, roçando meu nariz com o seu - Você é única, passione. É isso que me encanta em você.
-Q-quando va-vamos consumar nossa c-ca-casamento?
-Quando você quiser. - Roço meus lábios nos meus - Mas devo avisar que na minha família não costumamos usar camisinha.
-E-eu não me im-importaria de t-termos um bebê logo.
-Não?
-N-não. Eu se-sempre fui s-sozinha.
-Eu não vou te deixar sozinha de novo, Valente. - Olho no fundo de seus olhos, para que ela saiba que isso é uma promessa - Nunca mais.
Valentina então me surpreende, segurando minha nuca e me puxando para um beijo. Quem sou eu, este mero mortal, para negar o desejo de minha esposa, não é mesmo? A pego pela cintura para colocá-la sentada na pia, suas pernas se abrem para me abrigar entre elas e com possessividade seguro seus quadris. Tomo cuidado para não colar demais nossos troncos e as adagas a machucarem de alguma forma. Aprofundo nosso beijo e me sinto na porra do paraíso quando ela me cede passagem sem a mínima resistência.
Sinto os dedos inquietos brincarem com meu cabelo, dando pequenos puxões enquanto tento reunir o máximo de controle que posso para não fodê-la sobra a maldita pia. Faremos isso um dia? Sem dúvidas, acabo de colocar na minha lista de prioridades, mas não posso tomar seu V-Card* assim. Posso ser um idiota ocasional, mas não um cretino completo, então nada de primeira vez na cozinha.
-Quando quer consumar nosso casamento? - Pergunto com minha voz abafada por seu pescoço, quando coloquei meu rosto ali para distribuir alguns beijos molhados e leves mordidas.
-A-agora é bom.
-Eu concordo. - A tiro da pia, mantendo suas pernas ao meu redor e seus braços em meus ombros, fazendo nosso caminho de volta para o quarto - Agora é uma ótima hora.
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V-Card* - ou Cartão V, é uma gíria em inglês para se referir a virgindade. Falar que alguém é virgem, é mesmo que dizer 'alguém ainda tem seu V-card'.
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O Mestre - Contos Santinelle 02
RomancePietro Santinelle não é o mais compreensível dos homens. Seu humor afiado, charme pecaminoso, olhar avaliativo e alma sombria são capazes de corromper até a mais pura das almas. Se preparando para assumir como o braço direito de seu irmão, Pietro pr...