capítulo 26

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P.o.v  Marília

Eu tinha deixado a cortina da minha janela aberta para pode ficar observando Maraisa, vez ou outra eu percebia ela estressada, fosse com algum papel, ou com seu próprio penteado, em outras passando a mão na cabeça e respirando fundo.

Peguei o papel que eu estava lendo e fui até a mesa dela.

— Maraisa, tem acesso ao contrato antigo dessa empresa?

Eu mostrei o papel a ela.

— Sim senhora, vou imprimir e já te levo!

Ela nem olhou para mim.

— Tá tudo bem?

— Perfeitamente!

Voltei para minha sala e retornei a ler aquele monte de documentos. Talvez fosse só coisa da minha cabeça.

Olhei novamente pela janela, ela tinha levantado e vinha em direção a minha sala.

Eu me levantei e fiquei encostada na minha mesa com as mãos no bolso.

Ela entrou e me entregou o papel, perguntou se eu não precisava de mais nada e já ia saindo da sala.

Eu segurei na mão dela lhe parando.

— Marilia por favor!

— Eu te fiz alguma coisa?

— Não, não fez nada!

Eu coloquei minha mão em seu rosto, ela fechou os olhos, mas quando aproximei nossas bocas ela virou o rosto.

— Tenho muitas coisa pra fazer!

Ela se desvinculou do meu toque e saiu na sala.

Fiquei procurando na minha mente o que eu tinha feito com ela, a tratei bem, foi porque eu falei que não podia fazer sexo pela manhã? Se for isso, vá realmente pra casa do caralho Maraisa Henrique!

Ela tinha essa mania de me provocar e depois fingir que nada tinha acontecido, que mulher difícil é essa que eu fui me envolver?

Tentei voltar a estudar aqueles papéis, meu mau humor tava dominando meu corpo inteiro.

As 12:00 sai da minha sala para me encontrar com meu pai em um restaurante Italiano, Maraisa tava sentada na sua mesa trabalhando, mas nem ao menos olhou para mim.

Sai da empresa e fui pro restaurante, quando cheguei já vi meu pai sentado sozinho em uma mesa, parecia pensativo.

— Boa tarde papai!

Eu dei um beijo nele e me sentei.

— Como está filha?

— Bem, só um pouco estressada com algumas coisas, mas nada em relação a empresa, não se preocupe.

— Marilia, você não está tentando se relacionar com alguém em tão pouco tempo não é filha? Eu não quero que saia fazendo loucuras em relação a isso!

— Não se preocupe papai, mas eu tô realmente me interessando por alguém, uma pessoa bem estressante, mas tô tentando juntar os cacos dessa relação.

— Me conte mais sobre seu interesse em Maraisa Henrique!

— Papai!

Meu pai tinha um sorriso nos lábios.

— Não é com a senhorita Henrique! – Menti.

Meu pai me olhou com uma carinha de deboche. Ele sempre sabe.

— Não está bravo por eu ter me apaixonado por sua secretária?

Ele segurou minha mão e fez carinho.

— Filha, eu só não quero que esteja se interessando nela apenas pra não perder seu cargo. Eu gosto muito de vocês duas, para ter um desgosto a esse nível.

— Eu não tô pensando nisso papai, eu realmente quero conhecer a senhorita Henrique, e ter algo com ela, sem cogitar me casar por hora.

— Quando coloquei a cláusula, eu imaginei que se casaria com aquele rapaz, estava namorando a um tempo com ele.

— Nem me fale daquele cara, atraso de vida.

Papai riu.

— Confesso gostar mais da ideia da Maraisa, do que de um jogador de futebol minha filha.

— Papai, pode por favor esconder sua animação em me ver com sua secretária?

— Tudo bem, tudo bem. Mas por que falou que está estressada com isso?

— Maraisa é um poço de problemas, ela uma hora tá bem comigo, em outra me trata como se fosse apenas sua chefe, e quer distância de mim.

— Filha, é aceitável essa postura dela. Maraisa é uma menina simples, enquanto isso você adora poder, tem uma conta bancária bem forrada, e ama mostrar isso.

— Eu sou simples papai!

— Marilia por favor, eu te conheço!

Eu baixei meus ombros, eu realmente gosto de mostrar quantos zeros tem na minha conta.

— Acha que ela tem medo de acharem que ela tá comigo por meu dinheiro?

— Eu sei que não é por isso, eu conheço Maraisa bem demais para saber que ela não é nenhum pouco interesseira. Mas as pessoas são maliciosas, principalmente com o cargo de CEO em jogo.

Eu pensei a respeito disso, realmente podiam encher a cabeça de Maraisa por interesse no cargo.

— Mudando de assunto senhor Mario Mendonça, como está sua saúde? Sei que recebeu resultado de alguns exames.

— Ah filha, eu não tenho esperanças de melhora, sei que tenho pouco tempo de vida. A doença está se avançando muito rápido.

— Não fale isso pai, eu tenho esperanças que comande aquela empresa comigo!

— Essa doença está acabando comigo, apenas por um descuido meu, fiquei ocupado demais com trabalho, e não liguei para ver se estava realmente bem de saúde. Me prometa que não vai deixar a empresa te consumir como fez comigo Marilia? Que acima de qualquer coisa vai se cuidar e ser feliz?

— Eu prometo pai, eu vou sempre que possível tirar um tempo para mim.

— Eu te amo, e sinto muito orgulho da mulher forte e destemida que se tornou. Esses anos que passou fora, foram bem dolorosos para mim, senti sua falta todos os dias, mas vejo que foi necessário para seu desenvolvimento com mulher e como profissional.

Eu sempre ficava boba com meu pai me elogiando. Ele sempre foi meu herói e o homem que mais amei na minha vida.

Quando voltei pra empresa, vi que Maraisa tava concentrada mexendo no computador e comendo um miojo de microondas.

— Senhorita Loukamaa, não saiu para almoçar?

— Não senhora, tenho que terminar essas planilhas.

— Maraisa miojo não é almoço!

— Senhora Mendonça por gentileza, poderia ir para sua sala e me deixar fazer meu trabalho?

Ela me olhou e pude ver a mágoa em seus olhos.

— Que diabos Maraisa! O que aconteceu? Por que está agindo assim?

— Não aconteceu nada!

Fui para minha sala antes que eu explodisse com aquela mulher.

Já no fim do meu expediente, passava das 21:00 eu fiquei até tarde para conseguir concluir aqueles papais.

Maraisa tinha saído a pouco tempo. Eu saí da empresa e passei na esquina que ela sempre fica, mas dessa vez ela não estava mais lá.

Eu nem tinha percebido que estava fazendo o trajeto até seu apartamento, quando dei por mim, estava com meus olhos cheios de lágrimas vendo Maraisa parada em frente ao seu prédio, beijando uma mulher alta de pele escura.

Por que simplesmente não me falou que tinha outra pessoa senhorita Henrique? Não custava nada ser honesta.

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𝘚𝘦𝘯𝘩𝘰𝘳𝘢 𝘔𝘦𝘯𝘥𝘰𝘯𝘤̧𝘢 - 𝘮𝘢𝘭𝘪𝘭𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora