capítulo 27

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P.o.v  Maraisa

Eu nunca tinha tido uma sorte tão grande. Assim que cheguei na esquina da empresa passou um táxi. Eu não tava com a mínima vontade de ver Marília encostando seu carro, querendo me dar uma carona.

Ela parecia desapontada comigo, mal sabe ela que descobri seu joguinho. Desapontada estou eu Marília Mendonça.

Desci do táxi e pude ver Gabriela passando em frente a meu prédio.

— Ei Gabi!

— Maraisa que saudade. Não apareceu mais na balada!

— Pois é, pretendo ir em breve. Estava bem ocupada com trabalho.

Gabriela sorriu e alisou meu rosto.

— Parece um pouco estressada. É bom sair pra se divertir e tirar um pouco essas coisas da cabeça.

Não tem como tirar uma coisa da cabeça, se ela já desceu pro coração e saiu comprometendo tudo.

— Tá tudo bem Gabriela, não se preocupe.

Ela me puxou pra um abraço, nossas bocas acabaram de encontrando. Gabriela quis aprofundar o beijo, eu até me entreguei no início, mas algo dentro de mim, me mandava parar. E foi exatamente o que eu fiz, afastei Gabriela.

— Eu não posso Gabriela. Não agora com a bagunça que está dentro de mim.

— Está com alguém?

— Me apaixonei e me fodi. Mas faz parte, logo eu vou superar.

— Cuidado onde está metendo esse coração viu minha morena?

Gabriela deixou um beijo no meu rosto e foi embora.

Eu respirei fundo e subi pro meu apartamento, já passava das 21:00, Bruno e Maiara iam com certeza me encher de perguntas.

Eu poderia estar na sala dela, ou no apartamento, mas você é uma vadia senhora Mendonça, que só sabe brincar com os sentimentos dos outros, maldita burguesa.

Entrei em casa e fui até a cozinha, onde estava Maiara e Bruno lutando para fazer um jantar que provavelmente eles viram a receita na internet.

— Boa noite bebês, o que estão apontando?

— Bom noite meu mel, estamos fazendo filé parmegiana. – Respondeu Maiara.

— Vocês dois? Eu que não quero comer isso.

— Qual é Maraisa? A aparência tá ótima! – Bruno falou e Maiara começou a rir. — Mas fala pra gente Henrique, onde estava até às nove horas, vinte e cinco minutos, e trinta e quatro segundos da noite!

— Encontrei Gabriela na rua e fiquei falando com ela.

Os dois me encararam procurando algum vestígio de mentira.

— Senhorita Pereira, você acredita nela?

— Hum... Não senhor Marques, e você?

— Nenhum pouco!

Eu revirei meus olhos prós dois.

— Não me falem em Marília Mendonça, para mim essa mulher morreu, é apenas minha chefe e nada mais que isso!

Os dois se entreolharam. Maiara desligou o fogão no mesmo momento.

— O que aconteceu? Precisamos assistir vídeos de como esconder um corpo? Porque pra matar é em dois tempos!

— Eu só não quero mais saber de Marília, ela é uma idiota, eu nem sei por que pensei que ela no fundo era uma pessoa legal.

Senti duas lágrimas escorrer por minhas bochechas. Eu nem acredito que tô chorando por causa dela.

Maiara e Bruno se abraçaram comigo. Eles realmente são meu porto seguro.

Passei alguns minutos abraçada com os dois, depois fui para meu quarto toma um banho.

Quando liguei o chuveiro eu tornei a pensar nela, as lágrimas se misturaram com a água do banho. Eu fiquei lá por um determinado tempo.

Sai do banheiro enrolada em duas toalhas. Suspirei quando vi uma mensagem de texto chegando no meu celular, que estava largado em cima da cama.

Fui até lá e peguei o aparelho, era uma mensagem dela.

Senhora Mendonça: Eu deveria ter deixado essa história de lado, mas não é meu estilo perder alguma coisa sem lutar por isso. Só me diga por favor o que aconteceu para ter me tratado tão friamente, quando tudo estava querendo pegar fogo entre nós.

Eu engoli em seco, droga, ela não vai simplesmente me deixar em paz.

Maraisa: Me desculpe, eu não fui honesta com você, estava conhecendo outra pessoa, não deveria ter me envolvido com outra, não é certo com ela, e muito menos com você. Espero que me perdoe por isso.

Marília visualizou no mesmo momento que enviei. Ela não me respondeu mais. Eu achei que seria melhor, mas não foi, doeu.

Eu vesti um short de algodão, um top, e uma meia, fiquei super estilosa. Fui até a cozinha, pois eu tava com o coração partido e não com o estômago.

— Então, esse negócio prestou mesmo?

Maiara e Bruno olharam pra mim com sorriso.

— Você não tava deprimida? – Disse Maiara.

— Exatamente por isso vim comer. Preciso me alimentar quando sofro alguma desilusão. Comida nunca decepciona, mesmo sendo feita por vocês dois.

— Que abusada! – Bruno colocou as duas mãos na cintura.

Eles colocaram o filé parmegiana na mesa, tinham feito macarrão pra acompanhar.

Mais louco é que a aparência parecia realmente boa.

Eu coloquei um pouco no prato e provei. Maiara e Bruno me encaravam esperando minha resposta.

— Acho que o molho ficou muito doce, e o macarrão precisava cozinha mais um pouco. – Eles fizeram carinha triste pra mim. Eu comecei a rir deles. — Tô brincando seus bobões, tá bem gostoso.

Maiara e Bruno bateram palmas e se abraçaram. Parecia uma competição de comida, e eu era a jurada dos dois.

Bruno e Maiara se e sentaram a mesa comigo, em alguns minutos a gente tinha comido tudo. Eu, Maiara e Bruno temos uma fome que as vezes até eu me assusto.

Depois que jantamos eu fui para meu quarto. Escovei meus dentes e me deitei, pensando novamente em Marília Mendonça. Eu li aquela mensagem dela umas três vezes.

Para dormir peguei sua blusinha na minha gaveta e cheirei. Encostei minha cabeça nela e dormi inalando seu cheiro único e perfeito.

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𝘚𝘦𝘯𝘩𝘰𝘳𝘢 𝘔𝘦𝘯𝘥𝘰𝘯𝘤̧𝘢 - 𝘮𝘢𝘭𝘪𝘭𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora