𝘚𝘦𝘯𝘩𝘰𝘳𝘢 𝘔𝘦𝘯𝘥𝘰𝘯𝘤̧𝘢 - 𝘮𝘢𝘭𝘪𝘭𝘢

capítulo 31

P.o.v  Maraisa

Eu não queria que Marília me desse os tênis, por que não quero parecer interessada em seu dinheiro. Mas eu confesso que estou pulando de felicidade por dentro, e com vontade de calçar aquelas perfeições.

Quem diz que rico não é feliz, é um pobre coitado querendo se sair por cima, queria eu estar triste, ir em uma loja da Nike e comprar três tênis, ou viajar para esfriar a cabeça.

Marília colocou todas as sacolas no porta-malas, disse que íamos aproveitar um pouco a cidade.

Fomos em um parque de diversões, andamos em vários brinquedos.

Marília parecia uma criança, e eu não estava muito diferente.

Quando saímos do parque de diversões já passava das 17:30. Marília estacionou o carro perto de um prédio abandonado.

— Vem comigo!

Ela saiu subindo umas escadas até o topo do prédio.

Ela se sentou e me chamou pra sentar com ela.

O sol estava se pondo, e as luzes da cidade acendendo.

Em alguns minutos as luzes da cidade substituíram a do sol.

— Maraisa, eu to com frio!

Marília reclamou com voz dramática, eu tirei meu moletom e entreguei pra ela.

— Mas você vai ficar com frio!

— Veste logo Mendonça!

Ela vestiu, eu abri minhas pernas, Marília se sentou no meio delas, eu abracei ela e coloquei meu rosto na curva do seu pescoço, olhando fixamente pra cidade.

— Faz muito tempo que eu não vivia um dia assim. Obrigada por isso. – Marília falou baixinho.

Eu tive vontade de beija-la, mas me contive, dei apenas um cheiro em seu pescoço. Marília deitou a cabeça um pouco pro lado me dando liberdade pra fazer isso.

— Seu cheiro é tão bom...

Eu fui subindo cheirando seu pescoço, deixei uma mordida em sua orelha.

Marília soltou um suspiro, minha mãos estavam em sua barriga e as dela por cima das minhas.

Eu poderia morar naquele momento.

— Maraisa, é melhor a gente parar. Você tem namorada. Não é certo.

Caralho, que porra de namorada Marília. Eu quero você inferno, mas você só quer me usar.

Ao me lembrar disso eu achei realmente melhor me afastar. Eu me levantei e dei minha mão pra ajudar a ela.

— Me desculpe, eu não devia...

Ela apenas sorriu para mim.

Ela não mudou comigo depois disso, continuamos entre brincadeiras.

Passamos em um restaurante para jantar. Quando chegamos no apartamento já passava das 20:00.

Marília me chamou pra ver um filme antes de dormir, eu fui só no meu quarto tomar um banho rápido, ela fez a mesma coisa.

Vesti uma calça moletom folgada da cor vinho, uma camisa de algodão branca e uma meia. Vesti a blusa sem nada por baixo mesmo, tinha passado o dia de sutiã e tava doida pra ficar livre.

Eu cheguei na sala e vi que Marília ainda não tava lá. Aproveitei e liguei pra Maiara para avisar que estou viva.

Quando ouvi Marília se aproximando desliguei.

Eu tava deitada no sofá, espero que ela não me ache muito folgada por isso, eu tô cansada de tanto que andamos hoje.

Marília pegou o controle da televisão, pensei que ela ia sentar na poltrona, mas ela se deitou foi por cima de mim.

— Tudo bem eu ficar aqui? Você é confortável. – Ela falou com um sorriso.

Ela já tá aqui, vou fazer dizer o que? Não Marília Mendonça  sai daqui.

— Está me chamando de gorda?

— Não! Tô te chamando de aconchegante.

Marília abriu a Disney e colocou A era do gelo 2. Ela é uma criança mesmo.

Eu nem percebi quando comecei a fazer carinho no cabelo dela. Sempre que Marília ria com o filme, eu acabava rindo também.

Marília olhou sério pra mim em certa parte do filme.

— Que foi? – Eu perguntei quando ela não parava de me olhar.

— O que é isso? Um inimigo? Yaah, yaaahh... – Ela ficou fingindo uma luta comigo como no filme.

— Você tá destruindo sua pose de senhora Mendonça comigo Marília.

Ela começou a rir.

— Aqui eu sou apenas Marília. Quando a gente voltar, você trate de me ver novamente como senhora Mendonça.

— Incrível como você se faz de chata na empresa.

Ela mostrou a língua pra mim.  

Marília passou um polegar alisando meu rosto.

— Seus olhos são tão lindos.

Ela falou com olhos fixos nos meus.

— Eu prefiro os seus, são da cor de Marte.

Ela soltou um riso nasal.

— Seus olhos mostram muito sobre você Maraisa. Quando você tá brava ele fica mais escuro, quando está mais relaxada ou com desejo ele fica tão claro, quase cinza.

Eu não sabia o que responder, eu puxei ela e a abracei, Marília voltou a se deitar por cima de mim. Espero que ela não esteja escutando meu coração acelerado.

Eu voltei a fazer carinho em seu cabelo, eu nunca tive alguém para mim assim, esse dias só tá me mostrando o óbvio, eu tô apaixonada por Marília Mendonça. E ela não tá me ajudando em nada sendo uma pessoa incrível, e sendo a melhor companhia.

Imaginei que esses dias seriam exaustivos, que Marília me trataria apenas como sua secretária, ou que ficaríamos soltando farpas uma pra outra, e ela tá me mostrando algo completamente diferente.

Me peguei pensando naquela conversa com Kyle, as vezes eu tinha vontade de conversar com Marília sobre isso.

Marília nunca mencionou essa cláusula, a única vez que chegou perto de algo do tipo, foi a vez que ela ofereceu dinheiro para que eu me casasse com ela.

Deus me ajuda aí, o que eu faço?

— Marilia... Me fale sobre essa cláusula na sua herança.

Ela não respondeu, eu olhei pra seu rosto e ela tava dormindo.

Então é essa a ajuda? Talvez realmente não seja pra eu falar com ela sobre isso.

Eu dei um beijo no cabelo dela, fiquei vendo o filme até que tava me sentindo lesada, eu ia acabar dormindo no sofá com ela mesmo.

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