Cecília Albuquerque
Tava em casa estudando o conteúdo que a professora passou mais cedo e do nada a campainha toca.
Estranhei, mas fui conferir pelo olho mágico. Assim que eu vi que era o Enzo, abri rapidamente.
Vi nos olhos dele que alguma coisa tinha acontecido.
— Amor? - Perguntei assim que ele entrou — O que aconteceu?
— Minha mãe aconteceu. - Ele falou coçando a nuca e eu olhei surpresa pra ele.
Ele me falou sobre a mãe dele uma única vez, fiquei até surpresa por ele ter se aberto comigo no dia, já que não tínhamos tanto intimidade na época.
Lembro que ele disse que ela abandonou a família assim que a Lara nasceu, fiquei despedaçada quando ele me contou.
— Calma, senta aqui. - Sentei no sofá e bati do meu lado pra ele sentar comigo — Que história é essa?
— Quando eu cheguei em casa ela tava lá, amor. - Ele falou respirando fundo, sentando do meu lado — Ela simplesmente tava lá, com a Lara no colo como se fosse a coisa mais comum do mundo.
— Ela tava lá sozinha? E o seu pai? - Perguntei, sem entender absolutamente nada.
— Ele tava lá também, tava sentado no sofá com uma cara péssima. Semblante cansado, como se tivesse exausto. - Ele falou pensando longe.
Puxei ele pra deitar no meu colo, enquanto fazia carinho na cabeça dele.
— É... Alguma coisa deve ter acontecido. Você tinha estranhado seu pai viajar com a Lara. E do nada ele volta, trazendo sua mãe. - Questionei, pensando sobre isso.
— Alguma coisa aconteceu, não tenho dúvidas. - Ele falou se aconchegando no meu colo, abraçando a minha cintura.
— E você tentou perguntar pra ele? - Perguntei, fazendo carinho na bochecha dele.
— Sim, mas ele não conseguiu falar nada. Nada, amor. Não falou uma palavra. - Ele disse indignado.
— Talvez ele precise de tempo pra processar tudo isso, assim como você. - Falei e ele assentiu — Deve ter sido um baque muito grande pra ele.
— Porra, imagina pra mim então. - Ele falou e eu vi que o olho dele tava segurando lágrimas.
— Quer falar sobre o que você tá sentindo? - Perguntei e ele negou — De verdade? Não quer falar nem um pouquinho?
— Agora não. - Ele respondeu e uma lágrima caiu, me deixando triste por ver ele chorar — Agora só quero ficar aqui com você.
— Eu to aqui, meu amor. - Falei abraçando ele e permanecendo no abraço — Sempre.
— Eu sei, você é a sorte da minha vida. - Ele falou beijando a lateral do meu rosto, abraçando mais forte a minha cintura — Eu te amo... muito.
— Eu te amo mais. - Falei quietinha no nosso abraço, sem me mexer. Apenas fazendo carinho nas costas dele.
A verdade é que ver o Enzo nessa posição vulnerável me deixou abalada.
O Enzo tem o gênio forte, é na dele, fechado... Então é novidade pra mim essa versão fragilizada dele.
Ficamos no nosso abraço por uns quinze minutos mais ou menos, quando fui ver ele tinha dormido.
Peguei uma almofada e coloquei a cabeça dele com cuidado.
Peguei uma coberta no meu quarto e cobri ele, hoje tá bem frio.
Vi que ele trouxe uma mochila, peguei ela e coloquei no meu quarto.
Fui tentar voltar a estudar, mas não consegui. Fiquei pensando nessa história da mãe dele por horas e horas.
Então resolvi ir cozinhar alguma coisa... pra tentar distrair a cabeça e pra ter alguma coisa pronta quando ele acordar.
Fiz um macarrão, com as coisas que eu sei que ele gosta. Até porque macarrão no frio é a perfeição.
Com o macarrão pronto, fui tomar um banho. Tava agoniada, não sabia mais o que fazer pra distrair meus pensamentos.
Liguei o chuveiro numa temperatura bem quentinha e deixei a água cair nas minhas costas.
Levei um susto quando senti o Enzo atrás de mim, senti os gominhos da barriga dele nas minhas costas pra ser mais específica.
— Quer me matar? - Falei ofegante pelo susto, me virando pra ele — Olhei há dois minutos e você tava dormindo, mania essa sua de acordar do nada.
— Deus é mais, não sei viver sem você. - Ele falou me puxando pra ele e a água ficou caindo sobre nós.
Ele parecia melhor, pra ser sincera. Óbvio que ele não tava 100%, ainda tava diferente... mas melhor do que quando chegou aqui.
Acho que as duas horas de sono dele era tudo que ele precisava.
Depois do nosso banho demorado, nos trocamos e fomos comer o macarrão.
— Caralho, amor. Isso aqui tá bom demais, papo reto. - Ele elogiou meu macarrão — Eu nem tinha almoçado hoje.
— Enzo. - Briguei com ele — Você não pode ficar sem almoçar, cara.
— Tinha perdido a fome mais cedo. - Ele falou e eu entendi o que ele quis dizer — Mas sério, seu macarrão é o melhor. Vai ter que fazer pra mim toda semana.
— Eu não, vai que você fica mal acostumado. - Falei brincando.
— Eu já sou mal acostumado, amor. - Ele disse piscando e eu ri do convencimento dele.
Comemos nosso macarrão jogando conversa fora, na maior paz.
Não vou forçar nada. Quando ele sentir vontade de falar sobre o que tá sentindo, vou estar aqui pra ouvir.
Depois fomos assistir algum filme qualquer que ele colocou, ficando de bobeira pelo resto do dia.
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coloquei o link no perfil, to postando muito spoiler|caixinha de pergunta lá 👀e eu já vou avisando com TODA sinceridade: Quem não está seguindo no insta, tá perdendo MUITO spoiler. De verdade mesmo. Por isso criei um destaque com os spoilers das caixinhas de perguntas, vão lá pelo link que coloquei no perfil! 🩵
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Aquela Pessoa
Teen Fiction"Todo mundo tem uma pessoa, aquela pessoa Que te faz esquecer todas as outras".